É difícil para qualquer autoridade explicar o motivo de tanto dinheiro público investido nos estádios da Copa.
Quem lê este blog e minhas colunas vai se lembrar que pouco depois da Copa de 2010 escrevi que, pelo menos dois estádios utilizados pela África do Sul, eram mais velhos e estavam em condições semelhantes ou piores que as do Mineirão naquela época: o Elis Park, em Johanesburgo, de 1928; e o Loftus Versfeld, em Pretória, de 1903.
Com um “banho de loja”, o velho Mineirão, de 1965, estaria apto a receber a meia dúzia de jogo de 2014 e dar mais conforto às torcidas que o frequentam no dia a dia.
Mas, não! Assim como em todas as 12 sedes gastou-se como se fôssemos um país rico, sem pobreza e com toda a estrutura de um país do primeiro mundo, com estradas, sistema de saúde, transporte público de qualidade, escolas de alto padrão, segurança e etecetera e tal!
Vivemos num país do faz de conta, porém, com estádios de primeira.
E o dinheiro dos absurdos impostos que pagamos, sustenta a farra.
Alguns leitores nos enviaram o link desta ótima reportagem do jornal O Tempo, ontem, data do primeiro aniversário do novo Mineirão:
* “Mineirão”
Estado ‘bancou’ Minas Arena
Pagamento está previsto na PPP; secretário garante que não haverá prejuízo
Antônio Anderson / Guyanne Araújo / Thiago Nogueira

Apesar de a parceria com o Cruzeiro ter representado a maior parte da renda bruta de bilheteria de aproximadamente R$ 54,9 milhões no novo Mineirão em seu primeiro ano de funcionamento, a concessionária Minas Arena, que administra o estádio, operou no vermelho. Com isso, o governo do Estado precisou arcar com o montante de R$ 44,4 milhões em 2013 para cobrir o prejuízo da empresa. O valor se refere ao lucro mínimo de R$ 3,7 milhões mensais assegurado pelo Estado ao consórcio, conforme está previsto no contrato de parceria público-privada (PPP).
O secretário de Estado de Turismo e Esportes, Tiago Lacerda, explicou que os pagamentos públicos aconteceram em conformidade com o modelo do edital, ou seja, a quitação da parcela complementar foi integral nos 12 meses do primeiro ano de operação.
“Como previsto para os primeiros anos de operação, a Minas Arena não alcançou um resultado financeiro que permitisse compartilhamento de receitas”, frisou o secretário. Segundo ele, no contrato, o governo compartilha os lucros com a Minas Arena, mas não compartilha prejuízos.
“Todos os prejuízos são arcados, exclusivamente, pela Minas Arena. Essa é uma das grandes vantagens deste modelo de PPP. O governo não precisa se preocupar se o equipamento não der lucro. Ou seja, isso não ensejará em pagamentos superiores aos já previstos”, acrescenta Lacerda, que reforça que o Estado “nunca terá prejuízo”. De acordo com o secretário, se o Estado pagar as parcelas integrais durante toda a concessão, ele pagará o valor teto de R$ 677,3 milhões. Ao fim, segundo Lacerda, dos 25 anos de concessão, o Estado terá desembolsado menos do que custou a obra.
Satisfeita. “Não dá para quantificar, mas foi um ano bom financeiramente para a Minas Arena e o Cruzeiro”, afirmou Severiano Braga, gerente de operação da Minas Arena. Segundo ele, esse primeiro ano serviu como aprendizagem para todo mundo. “Todo jogo tem sua dificuldade. Felizmente, nenhum problema ocorreu duas vezes, e o Mineirão foi bastante testado em 2013”, completou o gerente.
A Minas Arena informa que está satisfeita com os contratos firmados com seus parceiros – Cruzeiro e América – e os produtores de eventos que já ocorreram no estádio.
A concessionária destacou que estará sempre disposta a aprimorar cada vez mais a operação do Mineirão para proporcionar ao torcedor momentos inesquecíveis no Gigante da Pampulha. Questionada se teve lucro ou prejuízo mensal neste primeiro ano, a Minas Arena informou que não comenta suas negociações comerciais.
Com shows e grandes jogos, estádio recebeu 1,2 milhão
Reinaugurado no dia 3 de fevereiro do ano passado, o novo Mineirão chega ao seu primeiro ano com números que impressionam. O estádio foi palco de 33 jogos (considerando o jogo da estreia do Cruzeiro neste ano) e cinco shows. O público total estimado ultrapassou a marca de 1,2 milhão de pessoas.
Os destaques foram as apresentações dos cantores Elton John e Paul McCartney, da cantora Beyoncé, das bandas de rock Black Sabbath e Magadeth e do show Axé Brasil.
Desde a reabertura do Gigante da Pampulha, marcada pela vitória do Cruzeiro por 2 a 1 sobre o Atlético, em jogo do Campeonato Mineiro, já foram anotados 109 gols no estádio. Chamam a atenção as conquistas do Mineiro e da Libertadores pelo Galo e as grandes apresentações cruzeirenses na campanha do tricampeonato brasileiro.
Somente com a bilheteria de jogos, o Mineirão obteve uma renda superior a R$ 54,9 milhões, destaque para a final da Copa Libertadores entre Atlético e Olimpia, que proporcionou um lucro de R$ 14,1 milhões. O estádio recebeu três jogos da Copa das Confederações, que não tiveram rendas divulgadas pela Fifa.
http://www.otempo.com.br/superfc/estado-bancou-minas-arena-1.782998