Nessa discussão sobre os bandidos que afugentam as pessoas de bem dos estádios de futebol, gostei muito do comentário feito pelo Delegado de Polícia Civil Walcely Antônio de Almeida, mineiro, de Teixeiras (perto de Viçosa), porém, trabalhando há alguns anos em Macapá-AP.
Ele inclui a imprensa no rol dos culpados da impunidade no Brasil que sustenta essa bandidagem.
Longe de ser corporativista, mas entendo que só através da pressão da imprensa é que incontáveis crimes são desvendados e punidos no país.
Estamos todos no mesmo barco, perigoso e injusto, chamado Brasil.
Entendo também que a maior culpada pela violência nacional é a Constituição Federal, que está completando 25 anos este ano.
Demagogicamente chamada de “Constituição Cidadã” pelo então presidente da Câmara, Ulisses Guimarães, ela passou a proteger e dar mais “direitos” aos criminosos, além de acuar as polícias no trato aos bandidos, em todas as áreas.
Vagabundo passou a ser classificado como “cidadão infrator”. Réu confesso é chamado de “suspeito” ou “suposto autor”.
Tratá-lo como assassino, ladrão, bandido, criminoso, vagabundo pode gerar uma ação por dano moral contra quem o chamou disso, seja policial ou repórter.
Os advogados dos bandidos passaram a ter mais brechas para mantê-los fora da cadeia ou tirá-los de forma rápida e rasteira.
Leis para punir até existem, aos montes, mas as que aliviam são mais eficientes, mais acionadas e por consequência, mais caras, rendem mais honorários.
Neste caldeirão, criminosos de alto escalão e pés de chinelo, se misturam e se beneficiam, em detrimento da maioria da população.
Por trás disso tudo há uma “indústria da violência” que garante bilhões de lucro à “indústria da segurança”, que vende equipamentos e serviços de vigilância e proteção para todos nós.
Em sua maioria os donos dessas indústrias são profissionais e ex-profissionais da política, polícias, justiça e também da imprensa, como parte dessa engrenagem perversa.
Tudo fomentado e garantido pela “Constituição Cidadã” do finado Ulisses Guimarães e daqueles que o então sindicalista Luiz Inácio chamou de “500 picaretas”, que até virou música de sucesso dos Paralamas.
Depois, Luiz Inácio virou presidente, e tudo continuou como dantes!
Confira o que escreveu o Dr. Walcely Almeida
* “Quando uma pessoa está doente precisa de médico, enfermeira, farmácia, hospital.
O Brasil e um país socialmente doente, diria quase em coma.
As pessoas não mais respeitam leis, regulamentos, nenhuma regra de conduta social.
Por isso, cada dia mais, se precisa da polícia, de advogados, da justiça.
Pode-se mensurar a gravidade da patologia pelos milhões de processos judiciais que tramitam, quase todos litigando contra todos.
Obviamente nos estádios não seria diferente.
O problema e bem mais amplo e de solução bem mais complexa.
Porém, não deixo de culpar a imprensa.
Em sua programação sensacionalista, o dia inteiro, se vê pessoas reclamando por seus “direitos”.
Hoje se fomenta a ideia de que existem direitos sem os respectivos deveres. Uma sociedade individualista e sem respeito coletivo.”
Ulisses Guimarães e a clássica foto com a “Constituição Cidadã”