Senhoras e senhores, o jornal Sete Dias, de Sete Lagoas, vai publicar amanhã, uma bela entrevista com o empresário Alberto Medioli, vice-presidente do Sada Cruzeiro.
Tive o prazer de fazer esta entrevista.
Leiam em primeira mão.
Vale a pena conhecer detalhes desse trabalho que deveria ser tomado como exemplo por outros grandes grupos empresariais mineiros.
* SL pode receber Mundial Sub 23 de vôlei
A conquista do mundial de vôlei pelo Sada Cruzeiro, encerrado domingo em Betim, é muito comemorada também em Sete Lagoas, uma das sedes do Grupo Sada. O empresário Alberto Medioli, diretor do grupo, conta na entrevista a seguir detalhes do trabalho realizado com a equipe e da experiência de organizar uma competição de âmbito mundial. Parceiro da conclusão do ginásio do Centro Universitário UNIFEMM, ele anuncia a vontade de trazer para Sete Lagoas um torneio internacional de vôlei sub 23 e infanto-juvenil. Confira:
SETE DIAS – O senhor esperava tanto sucesso tanto dentro quanto fora da quadra do Sada Cruzeiro nesse Campeonato Mundial de Clubes?
Alberto Medioli- Claro que sou suspeito para falar, mas realmente foi um sucesso além do esperado, sob qualquer ponto de vista. Eu participei da edição passada, no Catar, quando fomos vice-campeões, e aqui nós tivemos uma média de público que foi pelo menos 1000% a mais do que lá. Recebemos elogios por parte da Federação Mundial de Vôlei por todos os aspectos. Apenas no primeiro dia tivemos um problema, por nossa inexperiência em organizar um mundial em apenas 45 dias. Mas acertamos o que era preciso e deu tudo certo. Tivemos um público total de quase 30 mil pessoas, com um entusiasmo muito além do esperado, e depois Deus quis que nós fôssemos coroados com esse título que estávamos esperando. Não vou esconder que nosso time era muito forte, mas estávamos com muito medo de enfrentar o Trentino, da Itália, que era o grande campeão do mundo; e o time russo, o Lokomotiv, eu defini como “robocop”. Na rede eles tinham uma muralha, jogadores com 2m15, 2m17, 2m19, aparentemente impossíveis de superar. Os nossos jogadores tiveram uma raça que realmente em poucas quadras e gramados se viram, estavam muito concentrados, querendo ganhar, e não tiveram absolutamente medo desses grandalhões. Sabiam que a parte técnica não era inferior à de ninguém e com muita garra e determinação conseguiram o objetivo que no início parecia impossível.
SD – Como explicar o fato de o Sada Cruzeiro, em tão pouco tempo no esporte, obter tantos títulos?
Alberto Medioli- Na realidade, eu e meu irmão Vittorio nascemos em uma cidade italiana chamada Parma, com uma estrutura pequena quando éramos crianças, logo depois da 2ª Guerra Mundial, mas o primeiro esporte que pegou na cidade foi justamente o vôlei. Assistíamos o time de Parma que por muitos anos foi campeão Italiano no Campeonato Europeu e foi até o primeiro campeão do mundo em 1986. Então já trazemos desde criança essa paixão pelo vôlei. Paixão que foi reacesa pelo prefeito de Betim, Carlaile Pedrosa, que seis anos atrás pediu nossa colaboração para montar um time de vôlei, por entender que investir no esporte era uma forma para tirar os jovens da marginalidade. Com muito prazer ajudamos o prefeito a montar aquele time e depois, como muitas vezes acontece, já em outra administração, a prefeitura não conseguiu levar pra frente o projeto. Nós ficamos com o time na mão, mas o Grupo Sada tem um perfil, quando entra em um setor é pra valer. Atuamos nos transportes, indústrias de auto peças, indústria de álcool, na área de jornais (O TEMPO e SUPER NOTÍCIA, entre outros), sempre para fazer bem feito. Temos colaboradores e também escolhemos jogadores com perfis de guerreiros, não de estrelas. Sempre falei para nossos jogadores, e para quem acompanhou os jogos foi realmente o que aconteceu. Esses guerreiros deram as almas para alcançar o objetivo e que parecia impossível.
SD – E como surgiu essa idéia de organizar um Mundial em menos de dois meses?
Alberto Medioli- Quando participamos do mundial no Catar, vimos como era organizado e entendemos que era uma coisa possível. Batemos na porta do governador que nos atendeu de braços abertos porque ele entendeu que era uma coisa fantástica para Minas Gerais. Batemos na porta do Carlaile porque ele é o incentivador do esporte, batemos também na porta de alguns patrocinadores e conseguimos e a Federação Brasileira de Vôlei também deu total apoio. Com esse suporte e nossa experiência de administrar conseguimos organizar o mundial que foi um sucesso.
SD- A parceria com o Cruzeiro foi em função da origem italiana do time de futebol?
Alberto Medioli- Acho que 99% dos italianos que vieram para cá acabaram torcendo pelo Cruzeiro em função do Palestra Itália. Mas eu uma vez brinquei com o Gilvan (de Pinho Tavares, presidente do Cruzeiro), que nós hoje temos mais torcedores que o time de futebol. Como Sada nós temos também alguns atleticanos torcedores, e além disso ganhamos a totalidade dos torcedores cruzeirenses, por isso considero que hoje temos mais torcedores do que o time de futebol. Quando o Vittorio tinha amizade com o Zezé Perrela (ex-presidente do Cruzeiro), nós entendemos que associando o nome do nosso time com o do Cruzeiro iríamos ganhar muitos torcedores, foi realmente uma coisa fantástica. Em qualquer lugar que jogamos em Minas Gerais, como São Sebastião do Paraíso, Mariana, Itabira, enchemos os ginásios.
SD – Como o Grupo Sada se sente em Sete Lagoas, há quase três décadas?
Alberto Medioli- Nós adquirimos uma forjaria em 1988 e hoje nós é que somos honrados de ter feito esses investimentos em Sete Lagoas, porque aqui nós sempre encontramos um clima favorável para levar pra frente os nossos negócios. Hoje eu tenho orgulho de dizer que 99% dos meus funcionários são sete-lagoanos, o grupo criou quase 2 mil dependentes diretos, por isso o motivo de tanto orgulho. Nós é que temos que agradecer a cidade por termos alcançado resultados maravilhosos.
SD– Com essa parceria do Grupo Sada com o UNIFEMM, estamos ganhando um ginásio de alto nível. Há alguma possibilidade da equipe passar a jogar em Sete Lagoas?
Alberto Medioli- O grupo investe muito no social; entendemos o esporte também como social. Nós teremos o maior prazer em realizar eventos aqui em Sete Lagoas.
Quando fui procurado pelo empresário Antônio Pontes e pelo reitor Antônio Bahia, foi um grande prazer doar aquele telhado que faltava para praticamente terminar o ginásio. Hoje praticamente 80% está terminado. Minhas expectativas são de, no próximo ano, trazer alguns jogos para homenagear a cidade, assim como fizemos em Mariana, em São Sebastião do Paraíso, com grande sucesso. Estou entusiasmado com aquele ginásio e gostaria de levar ao pessoal da Federação a proposta de organizar aqui um Mundial Sub 23 e infanto-juvenil. O ginásio pertence à Universidade, mas ele seria ocupado na competição por uma semana ou no máximo 10 dias. Eu já comecei a lançar essa ideia e assim que o ginásio for terminado vou precisar de grandes apoios para levá-la adiante.
SD- Isso pode despertar uma vocação que Sete Lagoas historicamente tinha que era o vôlei, incentivando a meninada a praticar esse esporte.
Alberto Medioli- Já temos atletas daqui. Tivemos o Acácio, meio de rede e que nasceu na cidade de Sete Lagoas, que tenho um grande orgulho. E um dia fui procurado por uma funcionaria que me disse que tinha um filho com uma disposição e talento para o vôlei, com 13 anos e 1m95 de altura. Levei aquele menino ao nosso centro de treinamento, ele fez um teste, e, final da história, hoje, com 16 ou 17 anos, é jogador fixo da Seleção Brasileira infanto-juvenil, um grande talento. Ajudamos com despesas de passagem de Sete Lagoas a Belo Horizonte para treinar e frequentando a escola aqui em Sete Lagoas, o Juninho, que já foi convocado três vezes pela seleção. É um orgulho que nos temos.
SD- Como ex-presidente da Associação Comercial de Sete Lagoas, como está vendo esse momento econômico que a região esta vivendo?
Alberto Medioli- Eu fui escolhido naquela época pelos empresários porque estava chegando a Iveco e por essa origem italiana entenderam que eu era a figura mais oportuna para aquele momento. Eu considero Sete Lagoas uma das melhores cidades de Minas Gerais porque oferece boa mão de obra, escolas, rede hospitalar; claro que as pessoas sempre se queixam, se lamentam, pois existem realidades melhores, então acredito que a cidade está aproveitando de todas essas oportunidades para crescer e está crescendo.
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