Está no livro “À sombra das chuteiras imortais”, do Nélson Rodrigues: “Ora, um tapa não é apenas um tapa: — é, na verdade, o mais transcendente, o mais importante de todos os atos humanos. Mais importante que o suicídio, que o homicídio, que tudo o mais. A partir do momento em que alguém dá ou apanha na cara, inclui, implica e arrasta os outros à mesma humilhação. Todos nós ficamos atrelados ao tapa.”.
Escreveu essa crônica nos anos 1950 sobre a agressão sofrida pelo árbitro em um Fluminense x Olaria, na Rua Bariri.
Nos tempos atuais, a cusparada substituiu o tapa em termos de agressão mais humilhante e intolerável. Tanto que as redes de televisão deram quase o mesmo destaque para a cusparada do Willians, do América, que para a vitória consagradora do Cruzeiro, líder do Brasileiro, sobre o concorrente direto, Atlético-PR.
Certamente o jogador do Coelho será punido pelo STJD, alertado que foi por tantos reprises no fim de semana. E, convenhamos, ato impensado, desnecessário, assim como a reação intempestiva do goleiro Matheus, que iniciou toda a confusão, injustificada.
Por outro lado, o Cruzeiro continua revivendo o estilo Telê Santana nessa caminhada rumo ao título: poucas faltas, poucos cartões amarelos e vermelhos, e o mais importante: a triangulação, onde o time todo confunde os adversários numa troca de posições em alta velocidade que torna quase impossível a marcação eficaz. Marcelo Oliveira tem se mostrado um discípulo brilhante e montou um elenco altamente comprometido com o espírito de grupo.
Cada gol do Cruzeiro é comemorado como se fosse de um título; cada agressão sofrida por um companheiro mexe com todo o time, e o respeito ao torcedor a cada fim de partida, com cumprimentos e agradecimentos, de todos, às arquibancadas. Nisso, se assemelha ao Atlético de Cuca na campanha da Libertadores da América.
Companheirismo interno, jogo limpo e respeito ao torcedor são ingredientes que não costumam falhar.
O returno está apenas começando, mas pelo andar da carruagem e pela qualidade dos principais concorrentes, acho difícil alguém tirar o título deste Brasileiro do Cruzeiro.
Um Corinthians, que poderia incomodar, empacou: empatou com o Náutico e perdeu para o Goiás, em casa. O Grêmio era acuado pelo Atlético até o momento em que escrevi este post.
O Botafogo passou aperto com o combalido Santos, na Vila Belmiro, mas fez 2 a 0 e mostrou que está no páreo, apesar da limitação de elenco.
Quarta-feira o Cruzeiro dará um passo mais largo nessa corrida, caso vença o Botafogo, no Mineirão. Um jogo fundamental. É o principal concorrente no momento, que passa por péssimo momento financeiro e tem um grupo de jogadores que é a “conta do chá”. Contusão ou suspensão de um Seedorf é como tirar meio time de campo. Importante frisar a determinação do time e a competência do técnico Oswaldo de Oliveira.
Excetuando-se o descontrole emocional do goleiro Matheus e de alguns outros, o América fez um grande jogo contra o Palmeiras. Tem tudo para conseguir uma das vagas na Série A de 2014.
Uma partida animadora contra o Palmeiras. Caso mantenha o mesmo ritmo, que vem sendo implementado pelo técnico Silas, pode chegar lá.
Matheus é ótimo goleiro, jovem e importantíssimo, mas precisa aprender a se controlar.