Essa conquista do Cruzeiro marca uma época na história do futebol brasileiro.
Do presidente a todos os jogadores ninguém escapava da desconfiança geral, até dos próprios cruzeirenses, antes de o campeonato brasileiro começar.
O Dr. Gilvan era tido como um “paraquedista” na presidência, que não daria conta de tocar o clube em seus três anos de mandato.
Principalmente depois do fim das relações, ainda que aparentes, com o grupo dos ex-presidentes Zezé e Alvimar Perrella, com a saída do vice-presidente de futebol José Maria Fialho.
Gilvan apostou em Alexandre Matos, oriundo do América, estranho às alas políticas do clube, tido como dirigente semi-amador, que levaria o futebol cruzeirense ao fracasso.
Gilvan e Alexandre apostaram em Marcelo Oliveira, considerado treinador de “time pequeno”, além da origem atleticana.
Parte da imprensa apoiou movimento de torcedores que foram para a porta da Toca da Raposa gritar refrões contra a contratação.
Não me esqueço de um cabeça cozida, cujo nome não sei, berrando ameaças abertas: “Se contratar esse cara, o pau vai quebrar”.
Gilvan peitou, contratou e deixou os seus “desacreditados” trabalharem.
Muitas contratações contestadas e dá-lhe desconfiança. Até que veio o primeiro jogo, clássico contra o Atlético e a vitória de um time em formação sobre o arquirrival, vice-campeão brasileiro meses atrás.
Na sequência do Campeonato Mineiro os contratados mais contestados começaram mostrar serviço e foram quebrando as desconfianças.
O jogo fácil, veloz, bonito e de muitos gols fizeram com que nem a perda do título estadual abalasse o trabalho.
No Brasileiro, campanha irretocável desde o primeiro jogo. A eliminação da Copa do Brasil foi o único contratempo, mas mesmo assim porque a confiança no grupo era tão grande, que a maioria da torcida tinha a passagem pelo Flamengo como “favas contadas”. Não era, e serviu para reforçar que a humildade do início não podia dar lugar à soberba.
O Brasileiro transcorria, o time continuava vencendo e convencendo, até que a imprensa nacional e os adversários se tocaram que ali estava um sério candidato ao título.
Mas aí era tarde. O embalo estava a muitos quilômetros por hora e não daria mais tempo dos concorrentes chegarem.
Time sem a dependência exclusiva de um só jogador, sem estrelas e sem estrelismos.
Onde as contratações mais caras foram as que menos fizeram diferença.
Um feito histórico; um case para o futebol brasileiro!
Marcelo em um de seus primeiros treinos comandando o time.