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Paulo Henrique Ganso e o zagueiro Lúcio teriam sido as principais vítimas do jogo de bastidores do Rogério Ceni e do funcionário e ex-jogador do São Paulo, Milton Cruz.
Ney Franco falou em entrevista ao O Globo, hoje:
* “RIO – Durou um ano a passagem de Ney Franco no São Paulo. E um mês após sair o treinador resolveu romper o silêncio diante das seguidas críticas de jogadores do clube, em especial de Rogério Ceni. Em setembro de 2012, num jogo pela Sul-Americana, torneio que o São Paulo conquistou, o goleiro gesticulou e reprovou publicamente uma substituição de Ney Franco, que o repreendeu.
Desde então, a relação se deteriorou. O treinador diz que o goleiro extrapolou os limites do campo, participa da vida política do clube e mina, nos bastidores, profissionais cujas contratações não o agradam. Ney Franco revela que uma das vítimas da “fritura” de Ceni é Paulo Henrique Ganso.
Rogério extrapolou os limites de um jogador?
Sem dúvida. Extrapolou o limite. Até participa da vida política do clube, há uma disputa por seu apoio político. Ele tem consciência do que representa.
Em 2013, não tive nele o capitão de que precisava. Havia a preocupação de quebrar marcas individuais. Até em contratações: se chega um nome que é do interesse dele, ele fica na dele; se não é, reclama nos corredores. E isso chega aos contratados, como Ganso, Lúcio. E eu, como técnico, ficava no meio disso.
Ganso chegou num ambiente… Percebeu claramente as coisas. Chegou ao ouvido dele. Havia uma fritura por trás e pode atrapalhar. Nos corredores, era o que se escutava, que quando Ganso jogava o time tinha um jogador a menos.
É difícil que um profissional não aprovado por Rogério dê certo no São Paulo?
Mais ou menos isso. Se está bom para o Rogério, este profissional vai bem. Se não, se chega um profissional que ele não concorda, a tendência é ser minado. E nos dois últimos meses de trabalho eu sabia que havia interesse de parte do grupo na minha saída. Depois, Rogério disse que meu legado no clube foi zero. Antes de trabalhar no São Paulo, vários jogadores da base do clube se valorizaram comigo na seleção. Quando cheguei, Jádson e Osvaldo cresceram. O Lucas teve um boom e foi negociado. E subi jogadores. Além de termos ganho a Copa Sul-Americana no fim de 2012.
E o Mílton Cruz (auxiliar técnico do São Paulo)?
Ele é muito ligado ao clube. Em qualquer problema que envolva alguém que tenha poder de convencimento no São Paulo, ficará deste lado. Antes da minha queda, me foi dito que ele já tinha ligado para outro treinador. Fico à vontade para falar, porque não tive qualquer problema direto com ele. No primeiro treino, eu e meu auxiliar (Éder Bastos) o chamamos para o campo. Ele não quis. Não o afastamos. Meu auxiliar foi massacrado. Ele trabalha muito e, pela primeira vez, vi um profissional ser penalizado por trabalhar muito. Se ele tirou espaço de outro, é porque este profissional não ocupou um espaço.”