Na caminhada desta manhã nas margens do Rio Paraná, o técnico Cuca passou correndo feito um velocista em sua prática diária, que o mantém com peso e porte de atacante dos tempos em que era jogador do Grêmio e tantos clubes pelos quais jogou.
Cuca em entrevista ao Igor Tep (98,3 FM) e Fred, do Lance!
O treinador está animado, apesar dos desfalques. Não fala e ninguém tem a menor idéia do esquema que ele adotará para compensar os desfalques desta noite. Não pode fugir da tradição ofensiva do time que montou no Galo porque atrairia com tudo o adversário, que quer exatamente isso.
Não pode abrir e nem atacar demais porque além da categoria de jogadores como Rever, Leonardo Silva e principalmente, para mim, Leandro Donizete; utilizará substitutos completamente desentrosados: Gilberto Silva, Rafael Marques e Josué.
Todos sabemos que o Atlético completo é um, desfalcando de três, outro; mesmo com Ronaldinho, Tardelli, Bernard e Jô em campo.
Os jogadores aparentam motivação. Bernard, o mais animado; garante que voltará a ser esta noite o que arrebentou na maioria dos jogos deste ano e que o levou à seleção.
Ainda em Confins, Rafael Marques, Tardelli e Victor posam para fotos com torcedores
Não tenho dúvida que será o jogo mais difícil do Atlético este ano, mais complicado que contra o mexicano Tijuana.
Não só por ser um adversário argentino, mas pelo Newell’s Old Boys ser um clube especial, parecido com o Atlético na história, inclusive na paixão da torcida, que joga junto com o time, e de “tragédias” semelhantes em momentos de decisões que marcaram fundo na trajetória do clube.
O treinador é filho da cidade de Rosário, “prata da casa” desde os tempos de atleta; correu o mundo, dirigiu a seleção paraguaia que por pouco não tirou a Espanha na Copa de 2010, e voltou para o “NOB” mesmo tendo propostas melhores na época, pois o clube precisava dele.
Joga no ataque, sempre, e hoje mais do que nunca porque precisa de placar que faça diferença no jogo de volta no Independência. A fama de “Caiu no Horto . . .” chegou aqui, e a ordem é “matar aqui” de muito para “morrer” de pouco e sem problemas no Brasil.
Eles foram vice duas vezes da Libertadores e não querem perder esta nova chance de jeito nenhum. Caíram contra o Nacional de Montevideo em 1988 e contra o São Paulo de Telê Santana em 1992.
O time é muito bom, explora bem os lados do campo, com os laterais que avançam e atacantes que trocam de posição o tempo todo visando confundir os marcadores, em alta velocidade.
Esquema de jogo muito parecido com o do Galo, inclusive nas deficiências: o miolo da zaga é considerado lento, com veterano Heinze, 35 anos, e o jovem Vergini, 24, de 1,91 de altura.
Porém, a experiência de Heinze (seleção argentina, Valadolid, Sporting, PSG, Real Madri, Roma, Olympique, e o mais importante: começou no Newell’s), a liderança do capitão Bernardi, e o talento de craques como Maxi Rodriguez e Scocco, compensam e obrigam os adversários a ter cautelas defensivas.
O mais veterano é o volante Bernardi, 36, que figurou na seleção campeã olímpica de 2004 em Atenas e que perdeu a Copa das Confederações para o Brasil na Alemanha em 2005. Jogou no Olympique de Marselha e Mônaco e retornou ao seu “ninho”, o NOB.
Maxi Rodriguez tem o escudo do clube tatuado no corpo e voltou depois de sucesso no Boca, Espanyol, Atlético de Madri e Liverpool. Na seleção, esteve em 2004 e Copas de 2006 e 2010.
Scocco é o xodó da torcida, mas já com 28 anos, não fez sucesso na seleção, onde participou de poucos amistosos em 2005, 2008 e ano passado marcou o gol argentino contra o Brasil naquele jogo caça-níquel, batizado como “Clássico das Américas”, no La Bombonera.
No exterior, jogou no Pumas do México e foi companheiro do Gilberto Silva no AEK da Grécia.
O adversário atleticano desta noite fará 110 anos de existência em 3 de novembro próximo e nasceu da paixão do inglês Isaac Newell, que veio para Rosário em 1884, e fundou o Colégio Anglicano. Em 1900 passou o comando da escola para o filho, Carlos, que em 1903, criou o time de alunos, homenageando o pai com o nome.