O H. Almeida, sempre com comentários pertinentes no blog, sugeriu que déssemos destaque a este ótimo texto do André Rizek, no blog dele no site do Sportv.
Tem tudo a ver com a minha revolta com essa gastança pública suspeita e a ideia do Ministro dos Esportes de anistiar os clubes de futebol do pagamento de suas dívidas fiscais.
E coincidentemente acabo de chegar de uma Delegacia da Receita Federal onde fui parcelar impostos atrasados da minha firma.
Nada de negociar, pois não existe esta conversa do governo com pessoas físicas e jurídicas honestas e sem padrinhos políticos. No máximo, parcelar.
Anistia, nem pensar!
E mais terrível é saber que a maior parte deste dinheiro será usado indevidamente, por incompetência e ou corrupção.
Aí, vem o senhor Aldo Rebelo falando em aliviar a turma da bola, ora bolas!
Vale a pena ler o que escreveu o Rizek:
* “Meu caro Aldo Rebelo,
Sempre tive o senhor como pessoa idônea e interessada em melhorar as coisas neste país. Hoje, o senhor ocupa cargo público relevante na nação que, em breve, vai receber Copa do Mundo e Olimpíadas. Ou seja, é do senhor que espero as iniciativas mais relevantes para transformar as coisas que precisam ser transformadas por aqui, quando a pensa em “esportes”.
Pergunto, com toda a educação que cabe a um repórter: O que o senhor tem feito a respeito do maior drama do esporte mais popular deste país?
Eu quase caí da cadeira quando, há duas semanas, li no Estadão sua ideia de abonar a dívida dos clubes brasileiros com o fisco, por entender que ela é impagável e que, palavras suas reproduzidas pelo jornal, clubes são entidades sem fins lucrativos.
Se é verdade que clube de futebol não tem fim lucrativo, na sua visão, então o senhor precisa ler mais os cadernos de esporte… Recentemente, todos eles abriram espaço para divulgar o faturamento do Corinthians em 2012. E nem precisava disso. Clube que tem milhões para investir em um jogador como Seedorf, por exemplo, não pode pagar imposto? Se clube de futebol não paga imposto, sou eu que devo pagar?
Pior, prezado ministro, é que esta dívida que o senhor classifica como “impagável” foi criada porque, por décadas, clubes de futebol riram da cara do governo (e todos os contribuintes) e decidiram usar o dinheiro dos impostos para… continuar se endividando, na certeza de que um dia alguma “autoridade” iria perdoá-los, premiar a incompetência e, por que não, a roubalheira.
Impagável, prezado ministro, é plano de saúde bom, escola particular e estas coisas, para a maioria dos brasileiros. Dívida de clube de futebol é perfeitamente pagável! Mas não escrevo para dar lição (rasa) de como o senhor deve trabalhar. Nem tenho competência para isso… Escrevo, na verdade, é como alguém que ama futebol. E que sofre ao ver nosso esporte mais popular sendo dominado por uma violência cada vez maior. Antes, tínhamos o melhor futebol do mundo. Hoje, temos o futebol em que mais se mata gente no planeta.
O senhor é palmeirense e deve ter visto o que aconteceu nesta quinta, com um bando de trogloditas agredindo jogador do seu clube no aeroporto de Buenos Aires. Deve saber das mortes que assombram Pernambuco, Goiás, Ceará. Deve saber que um “torcedor” do Santos, membro da Torcida Jovem, foi ao clássico contra o Corinthians no domingo levando, além de bastões de madeira, 20 barras de ferro em seu veículo. Foi detido e liberado no mesmo dia. Vai voltar no próximo jogo, provavelmente armado novamente.
Minha dúvida, prezado ministro, é por mais quanto tempo o governo brasileiro vai fingir que tamanha violência não é com ele… Por mais quanto o governo brasileiro vai fingir que isso não é uma questão de estado. Por mais quanto tempo o governo vai assistir a pessoas inocentes e de bem sendo obrigadas a se afastar dos nossos estádios, por medo, por não se sentirem seguras.
Alguma posição sobre a violência no futebol, ministro?”
* http://sportv.globo.com/platb/andrerizek/2013/03/07/cade-voce-ministro/