O STJD anunciou ontem que vai investigar as acusações de suborno para a convocação de jogadores para a seleção brasileira.
Motivado por uma entrevista do presidente do Sport Recife, Luciano Bivar, que disse ter pago para que o volante Leomar fosse convocado em 2001, quando o técnico era Emerson Leão.
A ação do STJD não vai dar em nada, como quase sempre neste tipo de assunto no Brasil.
O que poderia dar em alguma coisa seria uma CPI, que pegasse a CBF e as suas tantas figuras suspeitas. Mas as CPIs têm sido desmoralizadas sistematicamente, pelo descrédito da classe política, e hoje já não provocam muitas consequências positivas para a sociedade.
Constantemente ouve-se falar que o treinador fulano ou cicrano recebe um por fora para indicar a contratação de jogadores, mas nunca ouvi nada neste aspecto quanto a Emerson Leão.
Aquela seleção montada por ele era composta por maioria da prateleira de baixo mesmo, por várias circunstâncias.
Entre a palavra dele e a dessa figura chamada Bivar, não há o que discutir. Leão é um profissional sério.
Luciano Bivar é figura manjada no Nordeste, político fisiologista, ex-deputado federal e candidato a presidência da república pelo PSL.
Falastrão e boquirroto deu entrevista à Rádio Transamérica, de Recife e achou que a comunicação atual ainda era do tempo dos aparelhos de rádio e TV à válvula.
O Uol jogou a entrevista em seu site, a Folha de S. Paulo destacou no sábado, dia 9, e o circo foi armado.
A reportagem e a gravação estão no portal Uol e site da Folha:
* “Dirigente diz que pagou por convocação”
SELEÇÃO
Luciano Bivar, do Sport, afirma que lobista ajudou a ‘empurrar’ Leomar para grupo de 2001; Leão nega
Leão e Leomar
O presidente do Sport, Luciano Bivar, afirmou ontem ter contratado os serviços de um lobista para “empurrar” Leomar à seleção brasileira em 2001, quando Emerson Leão era o técnico.
Pelo time nacional, o volante participou de seis jogos: um pelas Eliminatórias da Copa-2002, um amistoso e outros quatro pela Copa das Confederações de 2001.
“O jogador pertencia ao Sport, e nós pagamos um lobista para que ele fosse convocado. Se deu certo? Não sei. Se alguém da CBF levou esse dinheiro? Não sei. Mas ele jogou na seleção”, declarou Bivar à Folha, por telefone.
O dirigente se recusou a informar quanto e a quem pagou pelo serviço. “Isso seria exumar um cadáver de 12 anos. Mas posso dizer que não foi nada relevante.”
O técnico Emerson Leão reagiu com indignação às declarações de Bivar. “Ele precisa provar”, setenciou. “Eu era o técnico, Antônio Lopes era o coordenador, e a nós ninguém nunca sugeriu nada. Isso tem que ser investigado, é uma acusação grave”, completou o treinador, atualmente sem clube.
Na época, para justificar a convocação do volante, então com 29 anos, o técnico afirmou: “É um atleta regular, sempre nota 7.”
Ontem, a exemplo de Leão, Antônio Lopes se mostrou irritado com o fato de Bivar não entregar o nome do lobista. “Ele joga esse tipo de coisa no ar, mas não fala quem recebeu o dinheiro, é um absurdo”, disse o ex-coordenador.
“Se alguém viesse sugerir uma indignidade dessas a mim ou ao Leão, levaria um soco nos cornos e seria preso”, acrescentou Lopes, que também foi delegado.
Procurada por meio de sua assessoria de imprensa, a CBF informou que não se pronunciaria sobre o assunto.
Leomar também atendeu a Folha para falar sobre o caso. “Se isso fosse verdade, eu teria me recusado a jogar pela seleção. Se eu cheguei lá, se fui convocado, foi por mérito. É muita irresponsabilidade um presidente de clube afirmar que pagou para chamarem um jogador dele”, declarou o ex-volante, que hoje mora em Curitiba e atua como empresário de atletas de categorias de base.
Em 2001, a Copa das Confederações não tinha a importância que tem hoje. Por isso, Leão levou praticamente uma seleção B -sem jogadores que atuavam na Itália e na Espanha ou em clubes brasileiros envolvidos na Libertadores e na Copa do Brasil.
Dos 23 convocados, só quatro compuseram o grupo que disputou a Copa do Mundo um ano depois, com Luiz Felipe Scolari no banco: Vampeta, Lúcio, Edmilson e Dida.
Leomar chegou a ser o capitão daquele time de Leão, o que gerou na época o jocoso apelido de “era Leomar”.
O time ficou em quarto lugar, após ter sido batido pela França na semifinal e pela Austrália na decisão do bronze. Leão foi demitido ainda no aeroporto de Narita, no Japão.
Nas seis partidas que fez pela seleção brasileira, o volante jamais foi substituído.
Carreira de volante nunca decolou
Leomar foi revelado pelo Atlético-PR e chegou veterano à seleção: aos 29 anos. Após a convocação, transferiu-se para o futebol da Coreia do Sul -foi defender o Jeonbuk Motors. De volta ao Brasil, teve passagens discretas por Atlético-PR, Náutico, Operário de Ponta Grossa e CSA. Com ele, a seleção teve outros nomes contestados como Gustavo Nery, Magno Alves, Robert, Carlos Miguel e Evanílson.
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A seleção base do Leão daquela época
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A reportagem e o áudio da entrevista estão no Uol:
http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2013/03/08/presidente-do-sport-diz-que-pagou-por-convocacao-de-jogador-e-leao-tecnico-da-epoca-nega.htm