A partir de hoje começa o período mais chato do que se refere a futebol. Com as férias dos times o noticiário é ocupado por especulações e chutes quanto a contratações e demissões.
Pelo menos o Cruzeiro ainda mantém seu noticiário atraente, com o anúncio do novo treinador e o pronunciamento do José Maria Fialho, eleito vice de futebol, mas que anunciou na sexta-feira o seu afastamento das funções, por divergências com o presidente Gilvan.
A realidade é que isso apenas explicita o racha entre o atual presidente e o seu antecessor, Zezé Perrella.
No Cruzeiro há uma outra força política determinante, que age absolutamente nos bastidores e detesta holofotes: Dr. José Lemos, que funciona como “divisor de águas” há muitos anos e quase sempre no poder, desde a derrubada do Felício Brandi no início dos anos 1980.
É um nome forte na história do clube, principalmente porque assumiu a presidência em 1954, em momento de grave crise interna, quando o Cruzeiro não era nem a sombra do que é hoje.
O Dr. Gilvan está muito mais próximo dele do que do Zezé, e isso tem provocado mexidas nas peças do xadrez da política cruzeirense.
Na quinta-feira houve reunião do Conselho Deliberativo do clube e vários conselheiros estranharam o silêncio do José Maria Fialho, sempre muito atuante nessas reuniões.
No dia seguinte, anunciou a sua saída.
Estava incomodado no papel de “Rainha da Inglaterra”, já que o acordo que elegeu o Dr. Gilvan previa que o futebol profissional seria comandado por ele; fato que, na prática, não ocorreu.
O futebol de base seria tocado pelo outro vice, Márcio Atacado, que entrou no acordo para formar a chapa do Dr. Gilvan, mas era de ala adversária do Zezé.
Tem o seu próprio grupo interno de apoiadores e não está ligado politicamente nem ao grupo do atual e nem do ex-presidente.
Dr. Lemos é o vice administrativo-financeiro, o mais forte junto ao Dr. Gilvan. Tem o apoio da maioria dos conselheiros mais antigos.
Mas a verdade da política interna do Cruzeiro continua sendo a mesma: a dupla Zezé/Alvimar detém a maioria absoluta dos votos do Conselho.
E por enquanto, nenhum dos dois se mexeu e nem dá sinais que queira se movimentar neste momento da vida do clube.