Importante aproveitar que o assunto Olimpíada ainda está quente e entrar nessa ótima reportagem do Hoje em Dia, de hoje, sobre a verdadeira situação do esporte brasileiro, usado demagogicamente por políticos e dirigentes do COB, federações e confederações quando algum atleta ou esporte coletivo ganha alguma medalha.
A situação do Mackenzie é a mesma da maioria absoluta dos clubes formadores do Brasil. As gordas verbas públicas e da iniciativa privada, captadas através das leis de incentivo, ficam nas mãos dos cartolas dessas entidades e das ONGs ligadas aos políticos, mas não chegam ao destino que deveriam: clubes e atletas.
Confira:
* “Celeiro de talentos do vôlei está ameaçado”
Émile Patrício – Hoje em Dia
A oposta Sheilla Castro é referência na seleção brasileira feminina de vôlei. Bicampeã olímpica, foi eleita a melhor sacadora em Londres-2012 e coleciona títulos com a equipe nacional e nos times em que atuou no Brasil, tornando-se estrela da modalidade. O sucesso, porém, começou em um clube pequeno, no bairro Santo Antônio, em Belo Horizonte: o Mackenzie.
Tradicionalmente conhecido como descobridor e formador de novos talentos do vôlei, o clube revelou também consagradas atletas, entre elas atacantes Ana Paula e Erika Coimbra. Recentemente, chamou a atenção na reta final da última Superliga. O trabalho do técnico Ricardo Picinin mostrou a força de jovens e promissoras jogadoras, como as ponteiras Priscila Daroit, Gabi e Thaís, além da oposta Ingrid.
Só que toda essa trajetória de formador de talentos pode ficar para trás. O patrocinador majoritário do Mackenzie não renovou contrato, e o time, campeão mineiro em 2010 e atual vice, não participará da Superliga 2012-2013 e ainda ficará fora da competição estadual.
Campeonato Mineiro
Para piorar a situação, com a saída do Mackenzie, restarão apenas duas equipes (Minas e Praia Clube, de Uberlândia) confirmadas no Mineiro. O torneio local, portanto, também fica comprometido. Segundo a Federação Mineira de Vôlei (FMV), por isso, ainda não existe data para o início das disputas.
Segundo o diretor do clube, Luís Tito, mesmo que alguma empresa se interesse, ele terá dificuldades em montar uma equipe. Todas as jogadoras e até mesmo o técnico já partiram. “Nós avisamos à CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) que não teremos condições de participar da Superliga. Mas acredito que, se surgisse um patrocínio, eles estenderiam o prazo para inscrição”, diz.
Já a FMV está disposta a esperar o Mackenzie. Caso realmente não seja possível a participação no Campeonato Mineiro, a entidade terá que convidar um time de outro estado para recompor o Estadual.
Visibilidade
As jogadoras que alcançaram visibilidade na última temporada pelo Mackenzie conseguiram boas propostas. Priscila Daroit, uma das maiores pontuadoras da edição passada da Superliga, e Priscila Heldes foram para o novo time de Campinas, que será comandado pelo técnico da seleção brasileira, José Roberto Guimarães.
A jovem Gabi, outro destaque, defenderá a Unilever, equipe com mais títulos nacionais, enquanto Lara Nobre se transferiu para o Pinheiros. Já a central Letícia Hage vai atuar pelo rival de Uberlândia. O técnico Ricardo Picinin está em Santa Catarina, como auxiliar técnico do time do Brusque.
Além disso, ex-atletas do Mackenzie foram convocadas para o time B do Brasil, também chamado “seleção de novas”. São elas Letícia Hage, Priscila Daroit, Gabi e a líbero Suellen. Neste ano, elas conquistaram o vice-campeonato da Copa Pan-Americana.
Na sequência, o grupo comandado por Cláudio Pinheiro disputou a Copa Yeltsin, na Rússia, e, em quatro partidas, apresentou 50% de aproveitamento, ficando na terceira colocação. Clube do bairro Santo Antônio fez excelente campanha na última edição da competição nacional.
* http://www.hojeemdia.com.br/esportes/celeiro-de-talentos-do-volei-esta-ameacado-1.24322