Quando tomei conhecimento que o Ronaldinho Gaúcho já vai receber o título de Cidadão Honorário de Belo Horizonte, com tão pouco tempo vivendo na cidade, a primeira reação que tive foi de espanto.
__Uai, já?
Porém, lembrei-me das abordagens que recebi de estrangeiros de várias partes do mundo, durante da Eurocopa, quando me identificava como brasileiro e de “Belo Horizonte”.
Os jornalistas, então, mais ainda, com destaque especial para os catalães, italianos e franceses, onde o Ronaldinho continua sendo muito querido e atrai a curiosidade geral.
Embarcando para Moscou, no aeroporto de Kiev, na fila do check-in da Siberian Airlines, conheci um vietnamita, Le Quoc Quynh, que não me deu sossego durante o resto da viagem, depois que ficou sabendo que eu sou jornalista, brasileiro e ligado ao futebol. Engenheiro, o baixinho Quynh fala cinco idiomas e é uma metralhadora falante, além de não tirar o olho da tela de um Ipad.
Viajamos na mesma fileira de cadeiras e ele não parava de falar e perguntar.
Torcedor do Barcelona, os maiores ídolos dele são: Messi e Ronaldinho Gaúcho.
Sabia que ele estava em um clube chamado “Atrético Minerô”, de uma cidade chamada “Berorizonteeeeee”.
Quando eu disse que era de Belo Horizonte e lhe passei o endereço do site do Atlético, quase endoidou e não parou de fazer perguntas sobre tudo do futebol mineiro, da Capital de Minas Gerais e sobre a transferência do Ronaldinho do “Framengo” para o Galo.
A essa altura, já sabia que o “Atrético” é Galo e passou a falar só “Galo”; segundo ele, mais fácil de pronunciar.
Le Quoc Quynh nasceu e vive em Ho Chi Minh, a antiga Saigon.
Nos despedimos no aeroporto de Moscou, onde pegaria mais oito horas de voo.
No aeroporto da capital russa ele disse que baixaria no Ipad, tudo sobre BH e Galo, que ele estava tendo o prazer de conhecer naquele momento, porque sobre Ronaldinho Gaúcho ele já sabia tudo.
Ou seja: o Atlético não contratou apenas um grande jogador de futebol; adquiriu também um fantástico relações públicas que colocou o clube e Belo Horizonte no mapa do mundo, para milhões que nunca ouviram falar antes em Minas Gerais e até mesmo Brasil.
Lá fora, muitos ainda pensam que Buenos Aires é capital do Brasil, e que o Rio de Janeiro é a única cidade civilizada em nosso país. São Paulo? Raramente algum gringo cita ou pergunta por ela.
Os jogadores de futebol têm este poder de apresentar o Brasil ao mundo. Pelé foi o primeiro e continua até hoje e nem depois de morto deixará de ser.
Em escala menor, alguns outros poucos brasileiros ocupam este espaço, Ronaldinho Gaúcho é um deles.
Sendo assim, a “simples” vinda dele para Belo Horizonte, já justificaria uma homenagem desse nível.
Faço este depoimento porque conheço bem o autor da proposta da cidadania honorária a ele, o vereador Daniel Nepomuceno, uma figura do bem.
Político jovem, correto, desses em quem se pode depositar esperança de dias melhores para a nossa classe política, repleta de gente suspeita.
Está levando porradas de todo jeito; muito em função de ser vice-presidente do Atlético, já que as paixões se afloram quando Atlético e Cruzeiro entram em cena.
Assim como o então vereador Célio Moreira, hoje deputado estadual, sugeriu a mesma honraria ao argentino Sorín; levou pancada de todo lado, principalmente de atleticanos, e cabeças cozidas que levam a rivalidade com a Argentina para fora dos gramados.
A cidadania a Sorín foi referendada pelo locutor Alberto Rodrigues, que se tornou vereador com a ida do Célio para a Assembleia. Levou porrada demais também.
Achei a homenagem a Sorin justíssima por tanto carinho que ele demonstrou a Belo Horizonte desde que chegou ao Cruzeiro.
Depois, provou seu amor à cidade mais uma vez, ao optar por ela para viver com a sua família, quando parou com o futebol.
Hoje é um dos bons comentaristas da ESPN Brasil, vai constantemente a São Paulo, mas continua morando aqui.
Mesmo sendo ainda ídolo da torcida do River Plate, de uma das mais belas e melhores cidades do mundo que é Buenos Aires.
Como criticar a cidadania honorária a cidadãos como estes?
Ronaldinho, cidadão do mundo
Sorín com a deputada Luzia Ferreira; vereador Alberto Rodrigues, Zezé Perrela e o deputado Célio Moreira, no dia da justa homenagem que recebeu.
O vietnamnita Le Quoc Quynh, que agora conhece o Atlético e Belo Horizonte
Vereador e vice-presidente do Atlético, Daniel Nepomuceno, que já homenageou, também, Werley e Tardelli
Aeroporto Domodedovo, de Moscou, onde Belo Horizonte não consta, ainda, no mapa de voos
Aeroporto de Lisboa, onde Belo Horizonte consta no mapa, graças à TAP e os seus voos diretos entre Minas e a Europa