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Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu

Senhoras e senhores amigos do blog, abro o twitter e me deparo com essa mensagem do Chico Pinheiro recomendando a coluna do Fred Melo Paiva, ontem, no Estado de Minas:

Chico Pinheiro ‏@chico_pinheiro 

“Vou emoldurar, caríssimo @fredmelopaiva. Nítido retrato desses tempos sombrios em que corremos o risco de sermos invadidos por outros povos!”

http://www.mg.superesportes.com.br/app/noticias/colunistas/fred-melo-paiva/2016/12/03/se-coluna_fred_melo_interna,369205/eis-que-chega-a-roda-viva-e-carrega-a-saudade-pra-la.shtml

***

E depois, li a coluna do Fernando Rocha, no Diário do Aço de Ipatinga. Vale a pena ler, tudo.

“Dificil de entender”

Iniciei no jornalismo em 1977. Lá se vão 39 anos de lutas, dos quais pelo menos trinta deles foram vividos dentro do jornalismo esportivo, seja no jornal, rádio ou TV.

Sinceramente nunca imaginei que fosse presenciar uma tragédia como esta, que vitimou a delegação da Chapecoense e vários colegas de profissão.

Embora hoje intimamente me considere um profissional maduro, capaz de separar alhos de bugalhos ou joio do trigo, confesso que também não me sinto preparado para suportar, e muito menos  escrever, comentar, descer a minúcias a respeito de tudo o que aconteceu em torno dessa tragédia.

Tenho, claro, uma religião, acredito em Deus, mas fica muito difícil entender como é permitido que aconteça algo assim, tão terrível, atingindo tanta gente de uma só vez, na maioria jovens, no exato momento em que viviam o ápice de suas carreiras.

No auge da comoção, terça-feira, após a queda do avião na Colombia, questionei a mim mesmo a escolha que fiz em ser jornalista, ao invés de ter seguido os conselhos dos meus pais, que me queriam trabalhando na Usiminas ou em alguma outra grande empresa, logo após ter concluído um curso técnico na área industrial.

Talvez sofresse menos numa hora dessas, pensei. Este acidente poderia ter acontecido comigo em uma das muitas viagens que fiz por este país e pelo mundo afora fazendo  cobertura esportiva; com jogadores do Atlético, Cruzeiro, América, ou nos bons tempos com a delegação do Ipatinga, que cruzou os céus do país nos representando nas principais competições nacionais.

É claro que estamos sujeitos a sofrer acidentes a qualquer momento, mas acho ser imprescindível, fundamental, que a partir de agora, além de uma completa investigação sobre o caso, clubes do mundo inteiro, sobretudo aqui no Brasil e América do Sul, discuta, repense a questão da segurança, pois é inadmissível que vidas humanas sejam colocadas em risco, sob pretexto de economizar com redução de custos.

Por outro lado, vendo a solidariedade do povo colombiano diante da tragédia, acabo convencido de que o futebol, que quase sempre imita a vida, ainda tem jeito, tem conserto, principalmente no que diz respeito à violência e a ótica equivocada como se enxerga esse esporte hoje por parte das torcidas.

Muito difícil de aceitar que um time inteiro do futebol brasileiro, o time da Chapecoense, desapareça em segundos num acidente de avião a caminho de uma decisão, neste caso da Copa Sul-Americana. E também desapareçam companheiros, ilustres colegas da imprensa.

  • Não sei nem mesmo se isso pode ser visto como um consolo, mas também nunca vi, em toda a minha vida, na história do futebol, uma solidariedade mundial tão comovente como a que está acontecendo agora, onde todo o planeta, seja de dentro do futebol ou fora dele, abraça a Chapecoense. E chora junto com os familiares das vítimas. Mais do que isso, os principais clubes nacionais já manifestaram interesse em colaborar para a sobrevivência e erguimento do clube catarinense.
  • A CBF também acertou ao adiar a decisão da Copa do Brasil e a última rodada do Campeonato Brasileiro, porque não há mesmo clima para se jogar ou assistir futebol num momento desses. Agora, é preciso ficar atento aos oportunistas, como é o caso do presidente do Internacional, que além de ir à justiça esportiva tentando tirar pontos do Vitória, alegando uma irregularidade que a CBF já disse não existir, busca o cancelamento definitivo da última rodada do Brasileiro com o claro objetivo de se beneficiar com uma virada de mesa para escapar do rebaixamento pela porta dos fundos.
  • O único jogo que não deve mesmo ser realizado na última rodada, prevista para o próximo domingo,  é o da Chapecoense com o Atlético, que também não influencia em nada na tabela de classificação. Mas precisou do presidente do Atlético, Daniel Nepomuceno, vir a público dizer que nada ou ninguém faria Galo jogar em Chapecó, por conta dos acontecimentos. A CBF, sempre omissa, deveria ter feito isso logo após a tragédia.
  • Na próxima quarta-feira Grêmio e Atlético decidem a Copa do Brasil, e no próximo domingo tem de haver a última rodada do Brasileirão, pois são muitas as questões a serem resolvidas, tais como vagas na pré-Libertadores, rebaixamento, premiação que depende da posição dos clubes na classificação e outros. Infelizmente ou felizmente a vida tem de seguir, mesmo que a realidade seja dura e difícil. (Fecha o pano!)

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Comentários:
4
  • Nelson Roberto B. Junior disse:

    SAN Chico!!
    Dói ler. Mas, ruminante concordo com a frase “houve uma estranha nostalgia de união – a saudade de um país que se foi, esfacelado pela hipocrisia, o egoísmo e a ignorância.” Triste época! O Fred Paiva é insuperável!.

  • Renato César disse:

    Sensacional a crônica do Fred Melo Paiva. Os colombianos dando exemplo de solidariedade, compaixão, respeito. Os brasileiros dando golpe político na madrugada, tentando o tapetaço, querendo festa no jogo pós-tragédia.

    Realmente, esta roda-viva sempre presente. Espero que desta vez carregue a esperança de um mundo melhor para as bandas de cá.

  • J.B.CRUZ disse:

    Comentário de Fernando Rocha; Irrepreensível, Contundente e Humano……

  • Jorge moreira disse:

    Sempre imperdivél ler as otimas cronicas do Fred ,ele tem jeito de doido igual a todos nós Atletcanos mas suas cronicas são otimas