Circulação média diária do jornal Lance, junho-2016 a junho-2017
Dizem que a expressão dizendo que o Brasil é o país do futebol foi criada no Rio, lá pelos anos 1940/50, no afã dos radialistas, jornalistas da época, motivarem as transmissões, incentivarem as pessoas a ir aos estádios e obviamente vender muitos anúncios e exemplares.
A ideia era até boa, coerente, mas os interesses inconfessáveis de tantos dirigentes e políticos pelo caminho, nunca deixaram o futebol brasileiro deslanchar e chegar a patamares de organização, e por consequência dinheiro, da Europa, por exemplo. A partir da década de 1980 começou a avalanche de vendas dos nossos principais jogadores para os clubes de lá: Falcão e Cerezo para a Roma; Careca para o Nápoli e Zico para o modesto Udinese, também da Itália, puxaram a fila.
O futebol deles foi se refinando, atraindo gente, milhões, bilhões, até ganhar todo o planeta, através de marketing bem feito. Camisas de clubes europeus tomam conta do mundo inteiro, têm escolinhas, que além de render grana, costumam render bons jogadores e tudo funciona. A mídia foi fundamental neste processo e os clubes souberam usá-la. Hoje, muitos, têm seus próprios canais de TVs, rádios, revistas e portais de internet que dão lucro.
Nós, paramos no tempo. De vez em quando damos uma regredida.
Já tivemos ótimas publicações especializadas: Manchete Esportiva, Jornal dos Sports, Jornal da Tarde, Gazeta Esportiva, Placar e outras de cunho mais regional. Nas rádios e TVs, programas que ficaram famosos, duravam horas e tinham grande audiência. Locais e nacionais. Tudo foi se acabando, por falta de investimentos dos próprios veículos, dos anunciantes e principalmente pela desorganização e corrupção da estrutura do futebol. Nos clubes, federações e CBF, sempre rolo, sempre muita gente ganhando fortunas ilicitamente.
Com a diversificação da mídia, criação de novos atrativos para jovens e idosos, além do descrédito do futebol dentro e fora de campo, os grandes anunciantes foram migrando, buscando outros mercados, e continuam.
A última grande novidade da mídia esportiva foi o jornal Lance, investimento ousado, de sonhadores que ainda acreditavam na força do futebol como produto comercial. Pois, lamentavelmente está passando apuros, conforme reportagem do jornal especializado em mídia, Meio & Mensagem:
* “Jornal Lance entra em recuperação judicial”
A Areté Editorial e suas empresas parceiras deram entrada em pedido “como forma de garantir a continuidade dos negócios”
A Areté Editorial S.A., Lance Imobiliária Ltda. e Lance Mídia Digital Ltda., responsáveis pelo jornal Lance e suas propriedades digitais, enviaram comunicado anunciando recuperação judicial do grupo. Segundo nota, a medida visa permitir planejamento e reorganização focando na continuidade das publicações. “O objetivo da medida é o ordenamento e adequação dos fluxos financeiros de pagamento de passivos”, diz o texto, citando a crise do mercado jornalístico e a recessão econômica brasileira como motivos da queda nos negócios do Lance. “Importante medidas internas já foram realizadas, como severo ajuste de custos gerais e despesas buscando uma operação superavitária”, continua.
Segundo números do Instituto Verificador de Comunicação (IVC), o Lance teve queda de 22,8% em sua circulação paga no período de um ano, comparando junho de 2016 com junho de 2017 — uma das métricas utilizadas para pautar investimento publicitário. Essa conta soma dados de venda avulsa, assinaturas de impresso e de digital, sendo que a marca decresceu em circulação nos três quesitos. Veja abaixo gráfico mostrando a curva do jornal no decorrer do ano:
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