O Fernando Rocha, grande jornalista de Ipatinga (que tem eleições para prefeito neste domingo), me dá o privilégio de ler a coluna dele no Diário do Aço em primeira mão. Acabei de receber a que será publicada domingo e compartilho com as senhoras e senhores do blog.
Coincidentemente ele aborda um tema que eu escreveria hoje ou amanhã também: o pouco interesse do torcedor pela seleção brasileira e a Copa da Rússia. É certo que o futebol vem perdendo adeptos no país. Mas há outros fatores pesando. Aquela empolgação toda que existia, de as pessoas decorarem as suas ruas, do assunto predominante de qualquer roda ser este nas semanas antecedentes à abertura do Mundial já não existe há algumas copas. Porém, dessa vez, é como se não fosse haver a competição que começa daqui a 13 dias.
Parece que estamos ainda de ressaca pela Copa de 2014, nem tanto pelos 7 a 1 da Alemanha, mas principalmente pela roubalheira da qual todos fomos vítimas. Apesar de alguns responsáveis presos ou respondendo processo, a maioria de quem fez estádios desnecessários ou gastou muito mais do que podia e deveria, continua impune.
Veja o ponto de vista do Fernando Rocha:
* “Outra realidade”
A grande mídia, que investiu pesado na compra dos direitos de transmissão da Copa do Mundo, está preocupada com a frieza e o desinteresse da maioria da população em relação ao evento, algo jamais visto na história recente do maior torneio de seleções do planeta.
Qual a explicação para este clima de “demora a pegar”, que tomou conta desta Copa? Simples assim. O futebol deixou de ser uma bolha isolada dos problemas da sociedade, ou seja, uma ilha blindada da realidade que o cerca.
A recente greve dos caminhoneiros, que ainda provoca desabastecimento, transtornos à população em geral, e causou um prejuízo incalculável à nossa já debilitada economia, foi apenas um algo mais, do rosário de dificuldades pela qual passamos cotidianamente.
Tudo isso junto forma um cenário, que bloqueia qualquer tentativa de marketing no sentido de transformar o país numa grande festa.
Há muitos outros fatores de sobra que botam mais lenha nessa fdogueira, a começar pela corrupção endêmica em todos os setores da sociedade, crise política, crise econômica, desemprego, desabastecimento, que desestimulam o interesse pela Copa, criando um contexto muito pouco convidativo a pintar ruas de verde e amarelo.
Paixão existe
Até então as Copas eram eventos inquestionáveis sob o ponto de vista do interesse coletivo, alterando a rotina do comércio, repartições públicas, serviços essenciais, todos submetidos nessa época de jogos a horários especiais de funcionamento. Quer dizer então que nesta Copa que se aproxima será tudo diferente? O amor pelo futebol diminuiu ou acabou de vez? Claro que não é bem assim e não se pode confundir alhos com bugalhos, amor ao futebol com nacionalismo, pois são coisas totalmente distintas.
“Nós, o povo”, como dizia o saudoso jornalista, Euclides Diogo Sabará, em suas crônicas aqui neste jornal nos anos 80, ainda gostamos da seleção, tanto é que nos dias de seus jogos pelo Mundial na Rússia, com certeza o país estará parado em frente à TV.
Só que agora a ficha da população caiu, pois se percebeu finalmente que há vida lá fora, ou que o mar não está para peixes.
A realidade é uma só: o momento atual tornou-se inadequado para grandes festas, para não dizer que há várias questões mais importantes na agenda, à frente do futebol e da seleção.
FIM DE PAPO
- Uma das melhores frases das muitas que lí nas redes sociais , durante o movimento dos caminhoneiros, foi esta: “O brasileiro é o único povo no mundo que faz fila para ser roubado. Tratava-se de uma crítica às enormes filas de carros, formadas para abastecer nos postos de combustíveis, com o preço absurdo da gasolina batendo nos R$5 o litro. Mas, não há mesmo outra alternativa no momento, para quem precisa do carro no dia a dia a fim de se locomover, trabalhar, etc.
- No âmbito do futebol também estamos submetidos a determinadas situações constrangedoras ou absurdas. Somos, por exemplo, o único país do mundo, onde haverá jogos de competições nacionais até mesmo na véspera da abertura, bem como no dia seguinte à final do Mundial. Isto porque há uma dificuldade recorrente da CBF, a gestora do nosso futebol, em administrar seu calendário, que se já é muito ruim, péssimo, em anos sem Mundial, torna-se caótico como agora que teremos a Copa do Mundo na Rússia.
- Seria tudo muito diferente e para melhor, se a CBF não precisasse acomodar as intermináveis 18 datas de Estaduais, ao invés de atender as inócuas federações, responsáveis por garantir a perpetuação no poder da atual casta de dirigentes da entidade. Devido à essa irresponsabilidade, submete o futebol brasileiro ao atual calendário insano, que prevê até 80 jogos para alguns clubes no ano.
- Como consequência, segundo matéria do portal Uol, tivemos contabilizados nesta última rodada, 74 jogadores dos 20 clubes da Série A nacional, fora das partidas por lesões diversas. Não se pode duvidar que, se a seleção conquistar o hexacampeonato mundial na Rússia, teremos jogos de algum campeonato promovido pela CBF, enquanto nossos heróis desfilam em carro aberto pelas ruas de alguma capital do país.
- Hoje é um dia muito importante para a cidade de Ipatinga, que viveu nos últimos anos muitos problemas, devido à instabilidade política e administrativa. Que desta vez, nós, ipatinguenses nativos, adotados e agregados, saibamos escolher bem o nosso governante. (Fecha o pano!)
- Por Fernando Rocha
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