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Português que ousou cutucar a grande lavanderia do futebol deixa a cadeia, graças à Covid-19

O hacker Rui Pinto (direita), em foto do www.geracaobenfica.blogspot.com/2019/01/escandalo-hacker-rui-pinto-quer.html

Nunca consegui compreender os valores absurdos das transações e salários do futebol. Sempre acreditei que este meio é uma grande fonte de lavagem de dinheiro. Mas, como jogador de futebol é considerado “artista”, o seu valor é subjetivo, estimativo, tanto para compra e venda quanto em termos salariais. Não é à toa que alguns dos maiores conglomerados financeiros do mundo e pessoas físicas ricas, das mais variadas atividades econômicas, entraram de sola no mercado do futebol e passaram a controlar clubes, federações, confederações e carreiras de atletas. A “profissionalização” da FIFA, na “era João Havelange” a partir de 1974 abriu este caminho. Até então o futebol vivia um amadorismo sofisticado e seguia o lema Olímpico inventado pelo criador dos Jogos modernos, o francês Pierre de Coubertin, em Londres 1908: o importante é competir.

A partir dos anos 1980 a Europa começou importar em grande quantidade os melhores jogadores de futebol do Brasil, da África e de onde mais houvesse um craque, ou promessa. Dos anos 1990 para cá os valores foram aumentando de forma inacreditável. Em fevereiro deste ano jornal francês “L’Équipe”, informou que Messi é o mais bem pago atualmente: 8,3 milhões de euros/mês ou R$ 52,2 milhões. Seguido por Cristiano Ronaldo, E$ 4,5 milhões (R$ 28,3 milhões) e Neymar E$ 3 milhões (R$ 18,8 milhões). É até difícil imaginar, mas é verdade. Os salários dos treinadores são mais “modestos”. O também argentino Simeone, do Atlético de Madri, encabeça a lista com E$ 3,6 milhões (R$ 22,6 milhões), seguido por Guardiola (Manchester City), com E$ 1,94 milhão (R$ 12,2 milhões), José Mourinho (Tottenham) e Jurgen Klopp (Liverpool), E$ 1,46 (R$ 9,1 milhões).

Nessa “cadeia produtiva”, de critérios e definição de valores, sobra para intermediários, empresários e associados de todo tipo e forma, numa engenharia impossível de ser desvendada, pois há interesses inconfessáveis de múltiplas ordens para se esconder, começando pelo fisco de cada país envolvido. Normalmente estes números são protegidos por uma cláusula simples, de quase todo contrato: confidencialidade.

Só quebrados quando há algum desentendimento entre as muitas partes ou aparece algum gênio dos computadores que consegue entrar nas contas dos envolvidos e espalha as informações mundo afora. São os malditos (para este grupo de privilegiados) hackers, que complicam a vida da maioria e os obrigam a se explicar e muitas vezes devolver dinheiro ou fazer acordos com os governos. O mais famoso do momento, é Rui Pinto, um português de 21 anos de idade, que acaba de ser beneficiado com prisão domiciliar. Estava numa cadeia de Lisboa, preventivamente, mas a Justiça o mandou para um apartamento, por causa da pandemia Covid-19. Rui corre o risco de tomar 30 anos de cadeia. Ele enfrenta a ira dos maiores graúdos do futebol mundial que se juntam nestes momentos para acabar com a vida de quem ousa tocar ou denunciar os interesses maiores deles.

Reportagem do Uol do dia 3 de maio, conta um pouco dessa história:

* “Hacker que expôs clubes deixa prisão e quer ser visto como colaborador”

Pandemia contribuiu para que português fosse para regime domiciliar

https://www1.folha.uol.com.br/esporte/2020/05/hacker-que-expos-clubes-deixa-prisao-e-quer-ser-visto-como-colaborador.shtml?origin=folha#


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