Em foto/divulgação do Botafogo, Brunno Noce (esq.) e o agora ex-comentarista Raphael Rezende.
É o Raphael Rezende, um dos melhores comentaristas da imprensa brasileira, que depois de investir em conhecimento específico, fazer cursos e se preparar durante quase três anos, foi contratado pelo Botafogo, que assim como o Cruzeiro, se tornou uma empresa. O anúncio oficial foi feito quarta-feira. Tomara que ele se dê bem, pois além de ser um profissional sério, está fazendo o caminho inverso. De quase quarenta anos para cá, o normal tem sido ex-jogadores, treinadores e árbitros de futebol ocuparem as funções que antes eram de jornalistas e radialistas. Muitos, sem a menor aptidão ou preparo para a função, péssimos, mas pelo fato de serem famosos, dão audiência, e no mundo empresarial isso é o que mais importa, já que audiência gera anúncios. O resto “é perfumaria”.
A única coisa lamentável na história é o nome do cargo que estão dando para a função o cargo que o Raphael vai ocupar: “Head Scout”. PQP!!! Na tradução pura e simples, seria “Escoteiro Chefe”, ou “Olheiro Chefe”, e por aí vai. No Brasil adota-se estrangeirismos cada dia mais para tudo e raramente alguém contesta. Diferente de Portugal e a maioria dos países de língua espanhola, que mantém as palavras e expressões importadas em seus idiomas originais, por mais estranho ou feio que fique.
Este “Head Scout” poderia ser “analista” de alguma coisa, ”gerente”, “diretor”, “supervisor”, disso ou daquilo, mas… Sigamos com o patetismo e espírito colono que nos é imposto pelo inglês. Não gosto da expressão “espírito de vira-latas”, porque o Vira-Lata é um cachorro sensacional, muito mais resistente e inteligente que a maioria dos cachorros de madame ou os ferozes de laboratório.
Voltando ao Raphael Rezende, para trabalhar com ele, foi contratado também, Brunno Noce, apresentado como quem já exerceu a mesma função no Cruzeiro. Não o conheço. Liguei para o Alex Elian, que sabe tudo da Raposa e ele também não conhece, mas vai procurar saber e depois escreverei aqui.
O jornal Lance, “traduziu”, o que faz um “Head Scout”: “Basicamente, é o responsável direto pelo setor de busca de jogadores e mapeamento de mercado na procura de possíveis alvos que se encaixam para o clube. Além disso, o funcionário também se comunica com profissionais do mercado com o intuito de fazer os primeiros contatos – mas não necessariamente faz as contratações, isso depende das atribuições do dia a dia de cada instituição.”
Ou seja: “Olheiro”. De luxo, mas se trata do bom e velho “Olheiro”, daqueles que “garimpavam” e buscavam no futebol amador e em clubes do interior de Minas e do Brasil, craques como Reinaldo (Ponte Nova), Marcelo (Pedro Leopoldo), Paulo Isidoro (Matozinhos), Toninho Cerezo (Belo Horizonte), Dirceu Lopes (Pedro Leopoldo), Piazza (Renascença/BH), Zé Carlos (Juiz de Fora), Procópio (Salinas), Tostão (do IAPI/BH, descoberto pelo América), Natal (cujos olheiros do Atlético eram vesgos, não o aprovaram nos testes no Galo e foi arrebentar no Cruzeiro) e por aí vai.
A diferença fundamental é que naqueles tempos essa “garimpagem” era feita de forma totalmente doméstica, rudimentar e hoje é no mundo inteiro, com o uso da tecnologia, devido à concorrência gigante e aos milhões de reais, dólares e euros que movimenta.
Alguém como o Raphael Rezende, que domina vários idiomas, preparado, viajado, muito bem relacionado e de credibilidade, tem tudo para se dar bem na nova empreitada que abraçou. Sucesso a ele.
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