* Disse o técnico Andrade, do Flamengo, sobre o clássico de domingo: “Não vai ter esse clima dos anos 1980”. Parecem óbvias, porém são sábias e providenciais palavras do ex-meio campista, que formou um trio histórico com Adílio e Zico. Seria uma frase óbvia, caso a paixão e, em muitos casos, a ignorância não predominassem no futebol. Atlético e Flamengo sempre fizeram grandes jogos, mas as duas torcidas viviam em paz e clima de cordialidade, tanto em Belo Horizonte quanto no Rio de Janeiro. As relações começaram azedar numa sequência de jogos entre eles, que começou no famoso “jogo da solidariedade”, amistoso no Maracanã, cuja renda fora revertida às vítimas das terríveis enchentes em Minas, em 1979. Foi 5 x 1 para o Flamengo, mas até aí tudo bem, pois era jogo festivo, inclusive com Pelé atuando o primeiro tempo pelo rubro-negro.
Mas aí vieram os jogos do brasileiro de 1980, com o Flamengo campeão, depois de partidas espetaculares. A Libertadores da América, com o fatídico jogo do Serra Dourada, em Goiânia, quando o José Roberto Wrhigt entrou para a história do futebol brasileiro com a expulsão de mais da metade do time do Atlético.
A violência nas arquibancadas que se iniciou em 1980 acabou com a fraternidade entre as massas e as hostilidade só aumentaram, de forma irracional, inacreditável.
Nova era
De lá para cá os dois clubes experimentaram o comando de alguns dos piores dirigentes do futebol brasileiro, foram ao inferno e recentemente iniciaram novos caminhos. É tempo de recomeço, também, entre essas duas “nações” e as palavras do Andrade precisam ser ouvidas por todos. O Brasil estará de olho no Mineirão domingo. Bom dia para um grande exemplo de festa e respeito mútuo.
* Estas e outras notas estarão em minha coluna no jornal O Tempo de amanhã, nas bancas.
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