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Rigor, excessos e autoritarismo em Confins

São muitas as reclamações de passageiros que desembarcam de voos internacionais no Aeroporto de Confins, contra os excessos e autoritarismo dos agentes da Receita Federal.

O jornalista Paulo Queiroga, presidente da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo – ABRAJET-MG, escreveu interessante artigo a respeito e nos enviou:

“Rigores e Exageros da Fiscalização”

Por Paulo Queiroga

Rigor na fiscalização da Receita Federal em Confins compromete o fluxo de desembarques em Minas Gerais.

Após superar todas as dificuldades políticas, administrativas e burocráticas para, enfim incluir Minas Gerais nas rotas aéreas internacionais, via Aeroporto Internacional Tancredo Neves, a operação padrão realizada pela Receita Federal na área de desembarque está afugentando os passageiros.

Prejuízos

O legítimo papel de um posto de fiscalização da Receita Federal em aeroportos internacionais é inibir o contrabando de mercadorias e assegurar a arrecadação dos tributos incidentes sobre produtos importados. Quanto a isso não há critica alguma. É o seu trabalho. Mas o rigor excessivo da Receita Federal, em Confins, além de corromper todo o custoso empenho das gestões para internacionalizar nosso terminal aéreo, está prejudicando a venda de assentos nas aeronaves que decolam e pousam em Confins, causando prejuízos para as companhias aéreas, comércio e serviços.

Constrangimentos

A queixa é geral. O controle padrão, além do constrangimento na hora do desembarque, provoca um clima de tensão e ansiedade até nos passageiros honestos e de bons costumes. Com isso, muita gente, principalmente pessoas que viajam frequentemente ao exterior, tem optado pelo desembarque em São Paulo, ou Rio de Janeiro, apesar do desconforto de mais uma conexão.

Conduta Exemplar, ou Foco Equivocado?

Um contrabandista de verdade, que compra mercadorias no exterior para revender, deve ter esquemas mais elaborados e não creio que arriscaria a se submeter aos zelosos agentes fiscalizadores no aeroporto de Confins. Para garantir a efetividade do honroso e legítimo trabalho da Receita Federal, o foco precisa ser outro. Deve-se ter os “peixes grandes” como objetivo, ou seja, em quem, de fato, faz contrabando de mercadorias. Um viajante comum que traz do exterior, por exemplo, um mini lap top que custou US$ 400,00 e um ipod para seu filho, de US$ 150,00, já pode ser considerado um infrator sujeito às rigorosas penalidade da lei. 

Todo Mundo Perde

A internacionalização do aeroporto de Confins envolveu longas e penosas negociações de governos municipais estadual e federal. Além de que, praticamente todas entidades representativas do setor de turismo se mobilizaram neste sentido. 

Por tanto trabalho dispendido por tantos, mesmo um órgão oficial de fiscalização de tributos precisa compor seus procedimentos com uma macropolítica de estímulo ao turismo e, se não for se comprometer, pelo menos se sensibilizar para a necessidade de aumentar a movimentação de passageiros; e não colocar todo viajante que desembarca de vôos internacionais em Confins como um potencial contrabandista. Nesse caso, todo mundo sai perdendo.


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Comentários:
6
  • Job Villegas disse:

    E o ano de 2014 e as coisas não mudaram, eu sou mexicano permanente em Brasil e não gostei do trato que um policial me deu na Receita Federal. Sinto pena porque isto da uma péssima imagem do Brasil no exterior. Já fico com medo de sair e voltar ao Brasil e ter que ser tratado desse jeito. Pelo amor de Deus!

  • rogerio disse:

    a receita federal trata turista como verdadeiros criminosos, e ridículo o nosso pais “democrático” ,censurar ridículas compras em viagem, em nenhum pais do mundo o povo e ridicularizado como no brasil.

  • Frederico Dantas disse:

    Não me importaria de ter minha bagagem revistada todas as vezes que chegasse a Confins ou a qualquer outro aeroporto brasileiro. É um direito, senão um dever da Receita Federal. Só que, se querem fazer isso, que se estruturem para tal. Fazer papel de idiota é dureza.

    Em Confins não há guichês em número adequado para controle de passaportes, a esteira de bagagens é ridiculamente pequena, o espaço é exíguo, a loja franca é pífia (se você quiser comprar um mísero chocolate enquanto espera suas malas na próxima hora você toma cotoveladas, choques de carrinhos…) e a receita federal quer revistar até suas cuecas.
    É vergonhos para nós ver a expressão no rosto dos visitantes estrangeiros diante de tal balbúrdia.

    Em SP, a coisa não muda muito. A estrutura é completamente inadequada. Se a Receita Federal lá é mais leniente nas revistas é pura e simplesmente porque o caos por lá, nos inícios de manhã, é absoluto.

  • Danilo disse:

    Em Confins o tempo médio de desembarque do passageiro da aeronave, até a saída do mesmo no saguão do aeroporto é de 1h20min… um verdadeiro absurdo e desrespeito com o consumidor que chega exausto, após 8h, 9h ou até mais horas de viagem.
    BH e suas manias nojentas… não pode carnaval de rua… não pode barulho no buteco da esquina… não pode buzinar qdo seu time ganha… e não pode desembarcar sem ser taxado como um potencial contrabandista internacional…

  • Crys disse:

    Infelizmente em Minas impera um provincialismo de primeira. Os agentes são arrogantes e antipáticos, quase nos fazem sentir como culpados de algum crime só porque viemos do exterior. E não é só quando se chega em Confins… Os agentes no controle de passaportes para quem vai embarcar em algum vôo internacional tratam as pessoas como potenciais foras-da-lei tentando fugir da fabulosa justica brasileira… Sad but true:-(

  • Alisson Sol disse:

    Chico,

    Uma pequena comparação. Um cunhado meu voltou de uma visita ao Reino Unido e chegou ao aeroporto de Confins na terça, em um daqueles vôos internacionais, mas com escala em SP de qualquer modo. Tempo entre a chegada do vôo e a saída dele do aeroporto: 2 horas. Após enfrentar uma fila enorme, abriram e reviraram as duas malas dele. No final, nada. Nem multa. Nem apreensão de nada, pois ele nada havia comprado em excesso. Mas o principal: nem desculpas.

    Enquanto isto, acabo de chegar a NY. Tempo entre a chegada no portão de desembarque do JFK e a entrada no taxi: 25 minutos. Isto mesmo: incluindo imigração, chegada das malas e alfândega. O turista aqui é quase carregado ao taxi, que tem uma tarifa fixa de 45 dólares entre o aeroporto e Manhattan. Detalhe: há um “operador” (não o Simon!) da autoridade portuária de Nova York que fica anotando quem entrou em qual taxi, e te entrega um papel com todas as informações sobre tarifas, e como reclamar ou comentar sobre o serviço. É a autoridade regulamentadora fazendo o que deve: fiscalizando para o benefício do usuário.

    Ao muitos que me perguntam como é viajar ao Brasil eu sempre digo o mesmo: o país é lindo, a comida então é excelente e barata e os serviços em geral bons e baratos (comparando-se com padrões da Europa). O único problema pode ocorrer nas poucas vezes em que se precisa encontrar com um funcionário público. Nem se deve esperar que todas as interações serão ruins, pois o Brasil tem funcionários públicos excelentes. Mas a variação de qualidade é grande demais. Melhor seria que todos fossem sérios e eficientes, ao invés desta loteria em que um dia você pega um bom servidor amigável demais, e no outro perde tempo com alguém que não gosta do que faz e quer descontar em você.