A Usiminas sempre patrocinou as atividades esportivas e culturais de Ipatinga, desde que a cidade existe. Sempre citada em todo o país como exemplo a ser seguido, de empresa cidadã, que dá contrapartida à comunidade pelos eventuais transtornos que provoca em função da natureza da sua atividade industrial.
Porém, o tempo passa, o capitalismo se torna cada vez mais selvagem, e empresas mudam de mãos. Cada gestor tem suas idéias próprias e prioridades. Muitos só pensam nas margens de lucro e cortam todo investimento que julgam “supérfluos”. Para muitos executivos, empresários, o ser humano se encaixa nessa categoria.
E neste contexto, lamentavelmente, a Usiminas está mudando o seu relacionamento com a população ipatinguense. No que se refere ao esporte, a empresa está se desfazendo de todos os clubes que possui e que não têm recursos para se sustentar sozinhos. A Associação Atlética Aciaria, fundada há 35 anos, que revelou para o futebol, entre outros, Mancini e Fred, dos tempos atuais, Sérgio Araújo e Edvaldo, dos anos 1980, é mais um destes casos. A importância dessa instituição era total para a cidade, onde crianças, jovens e adultos eram beneficiados, com o incentivo às práticas mais salutares do esporte, assistidos por profissionais de alto nível.
Hoje, a revolta da comunidade com a empresa é um negócio impressionante. Em defesa da siderurgia, foi alegado que “só a conta de luz da Aciaria é R$ 10 mil por mês”. E daí? O que significa este valor para um grupo gigante como esse? Tomara que eu esteja errado, mas os índices de criminalidade envolvendo drogas e todo tipo de degradação social devem começar a crescer de forma assustadora na cidade e região. A ausência de esporte, educação e cultura, está diretamente ligada a essa tragédia crescente no Brasil.
Em todo o caso, para não dizer que a perda é total, pelo menos o Ipatinga, clube profissional, foi beneficiado e ganhou de presente a Aciaria, que passou a ser o seu Centro de Treinamento.
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