“A toque de caixa, não!”
É preciso muito cuidado com essa oportunidade que a região está ganhando com os investimentos do governo do estado na Arena do Jacaré. Está havendo geração de empregos em Sete Lagoas e cidades vizinhas e giro da economia. Além da mão de obra, o comércio local está sendo beneficiado; as toneladas de areia utilizada veem de Cachoeira da Prata e Fortuna de Minas, a grama de Caetanópolis.
Porém, na ânsia de dar boas notícias à população, as autoridades municipais e estaduais estão querendo queimar etapas e realizar lá, jogos antes da hora. Aliás, muito antes da hora, anunciando oficialmente um quadro que não corresponde com a realidade.
Quem passa pela região da Arena vê que é impossível se realizar um jogo oficial no estádio no mês de março, com um mínimo de segurança e conforto para os torcedores e moradores dos bairros vizinhos. Além da falta de tudo, em termos de acessibilidade, sinalização, postos de saúde, polícia, instalações de imprensa, aquela região, hoje, está pronta é para uma praça de guerra, tão comum entre vândalos que assolam o futebol: entulho de obra como pedras, ferro, madeira, vidro e, um “corredor polonês” em plena entrada principal do público, na forma de um muro erguido por proprietário de terreno onde era estacionamento e área de circulação.
Não podemos colocar em risco um grande projeto por causa de uma precipitação desnecessária. Traçar um quadro irreal, pelo excesso de otimismo, falando na realização de um jogo na Arena já no mês de março é imprudência. Temos tristes exemplos históricos de situações semelhantes: o Pavilhão de Convenções da Gameleira, lembram? (Em fevereiro de 1971, 69 operários morreram e mais de 50 ficaram feridos no desabamento, tido como o maior acidente da construção civil brasileira). O que seria uma grande realização do governador Israel Pìnheiro tornou-se uma tragédia nacional, com consequências até os dias de hoje.
Muita gente se esquece que a Arena do Jacaré teve a sua imagem “queimada” por causa de tumultos envolvendo jogos do Atlético e até do América, contra o Democrata, dois anos atrás. E foram problemas menos graves, mas todos relacionados a acesso e condições mínimas de respeito ao torcedor.
Quando o governo do estado anunciou que Sete Lagoas seria opção para os grandes clubes da capital ao Mineirão e Independência em 2010, o repúdio foi quase de 100% por parte dos torcedores destes mesmos clubes e da imprensa, com razão. Exatamente por causa do trauma que ficou!
Reiteramos que é preciso que a prefeitura e as autoridades estaduais tenham muito cuidado neste momento porque podem expor novamente a cidade a vexame de proporções incalculáveis, especialmente se houver algum problema relacionado à integridade física de torcedores ou moradores dos bairros vizinhos à Arena do Jacaré.
Foto: Jornal Sete Dias
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