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Uma nova era

Fotos: Eugênio SávioMEXICANONa medição de forças entre a Europa e as Américas, a Copa deste ano não terá o banho europeu que houve em 2006, quando as quatro semifinalistas foram deles.

Brasil, Argentina, México, Uruguai, Chile, Paraguai e Estados Unidos fizeram o dever de casa na primeira fase, passando às oitavas. O Uruguai já se garantiu nas quartas, com a vitória sobre a Coreia do Sul.

Com a globalização que tomou conta também do futebol está ficando cada vez mais difícil falar em diferença de “escolas” entre países e continentes. Até meados dos anos 1980 era possível identificar com clareza os estilos de jogo. Agora, com a Europa se abrindo totalmente para estrangeiros de todas as regiões do mundo, com naturalizações e cidadanias comunitárias, a mistura está se refletindo dentro de campo.

No futebol brasileiro Cláudio Coutinho foi o primeiro técnico de clube grande e da seleção brasileira a adotar estratégias europeias e dar ênfase à preparação física. Teve a defesa de poucos da imprensa, mas foi eliminado no saldo de gols na Copa de 1978, sem perder nenhum jogo. E até hoje comenta-se que os militares argentinos fizeram um acordo com o Peru para levar a goleada necessária à seleção do César Luiz Menotti. A vaga que seria do Brasil.

O grande Flamengo dos anos 1980 começou com Coutinho. Além de grandes jogadores e um craque como Zico, adotava variações táticas, recuando pontas ou fazendo-os revezar com laterais e centroavantes.

Telê Santana ousou tanto quanto ou mais que Cláudio Coutinho e recebeu saraivada de críticas na mesma proporção. Chegou a virar mote de piada do Jô Soares, com o personagem “Zé da Galera”:   “bota ponta Telê!”.

 

Importação

 

Jogadores sul-americanos e africanos passaram a ser importados aos montes por europeus. Até goleiros brasileiros, que eram acusados de não saber sair do gol, foram buscados, com destaque para Taffarel, que abriu as portas, no Parma, da Itália. Até meados dos anos 1980 eles levavam os nossos times para jogar os famosos Torneios de Verão. Depois viram que compensava mais levar os craques. Era a relação custo-benefício em campo.

 

Legiões

 

A leva de craques da América do Sul começou com Falcão, que virou o “Rei de Roma”. O Nápoli investiu em Diego Maradona, que jogou tudo o que sabia, e a lista só cresceu e não parou mais.

Não satisfeitos com só com os jogadores, mais recentemente resolveram investir nos comandantes dos craques, e lá se foram Vanderlei Luxemburgo para o Real Madri e Felipão para o Chelsea.

A versão mais corrente é que o idioma inviabilizou o sucesso de ambos lá.

 

Mistura

 

Nesta Copa os ícones das principais seleções sul-americanas jogam na Europa: Kaká no Real Madri; Messi, Barcelona e Forlan no Atlético de Madri. Mas o melhor jogador do mundo, segundo a Fifa, é o português Cristiano Ronaldo, que joga no estilo de grandes brasileiros ou argentinos.

No comando, o uruguaio Oscar Tabarez trabalhou muito na Espanha e Argentina; Maradona e Dunga, jogaram e tiveram grandes mestres de lá.

 

Samba

 

Duas seleções latino-americanas se enfrentam hoje pelas oitavas, mas qual estilo de jogo vai prevalecer? Do time titular do Maradona, apenas Verón atua na Argentina, depois de boas temporadas na Europa. O México é genuinamente mexicano, mas os clubes país são recheados de paraguaios, brasileiros, argentinos e colombianos, entre jogadores e treinadores.

O futebol virou um “samba do crioulo doido”, no que se refere às tradicionais formas de jogar.

* Estas e outras notas estarão em minha coluna de amanhã no jornal O Tempo, nas bancas!eusavio_173


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