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Jogo do poder cada vez mais parecido no futebol e na política

* Sem limites

No espaço de uma semana os presidentes de dois dos mais populares clubes do Brasil sucumbiram às determinações de suas torcidas organizadas mais influentes.

A vereadora e presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, convenientemente deixou o líder de facção, conhecido como Capitão Leo, constranger Zico, ao ponto de forçar sua saída do comando executivo do clube.

O “Capitão” também é presidente do Conselho Fiscal do rubro-negro e teve participação importante na eleição da vereadora para a presidência do Flamengo.

No Corinthians a situação foi mais constrangedora ainda: o presidente Andrés Sanches é associado da organizada mais famosa e não escondeu: “Eu tenho ligação com a torcida, eu sou da torcida e nunca escondi isso. Eu os convidei (Gaviões da Fiel) para conhecer o CT no último sábado. Eles vieram e, por acaso, tinham alguns jogadores aqui e eles conversaram pacificamente.”

Antes, em um protesto depois da derrota para o Atlético, essa mesma torcida havia cercado o ônibus do clube e dado o veredito: “nosso problema não é com os jogadores nem com a diretoria; só não queremos mais é este treinador”.

Fachada

Na segunda-feira confirmou-se como foi tramada a demissão do técnico Adilson Batista, que depois da derrota para o Atlético-PR foi instado pela diretoria corintiana a dizer que saía “em comum acordo”.  

Um desrespeito ao profissional que teve a sua integridade física ameaçada por um grupo organizado que tem perfeita sintonia com o cartola maior do clube.

Poder

O que prevalece na política partidária brasileira está se firmando gradativamente no futebol, onde acordos de todo tipo são feitos para se chegar ao poder. Os estatutos de Flamengo e Corinthians preveem eleições diretas dos presidentes, através dos associados.

Não há dúvida que o processo é mais democrático dos que nos clubes onde as eleições são indiretas, porém…

Conselhos

Na maioria dos clubes brasileiros os presidentes são eleitos pelo Conselho Deliberativo, que por sua vez é eleito pelos associados. Em Minas os três grandes têm processo eleitoral semelhante, e apesar da boa convivência dos dirigentes com as torcidas organizadas, as relações entre eles não os tornam reféns de suas vontades.

As facções

Com razão, o jornalista Emanuel Carneiro costuma dizer em seus programas na Rádio Itatiaia, que “quem demite treinador é a torcida, e não a vontade dos dirigentes”, em função dos resultados do time. Mas a torcida como um todo e não facções ligadas a um determinado cartola como vem ocorrendo de forma crescente em grandes clubes do futebol brasileiro.

* Estas e outras notas estarão em minha coluna de amanhã no jornal O Tempo, nas bancas!


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Comentários:
3
  • Francisco Barbosa disse:

    Cargos, dinheiro e principalmente vaidade pessoal = mistura explosiva.

  • Paulo Koller disse:

    Que este episódio sirva como reflexão para o Adilson Batista, que feito Dom Quixote, transformou moinhos em monstros aqui nas terras das Gerais (povo ordeiro, discreto, pacato por natureza – até nos eventuais exageros que parte da imprensa e da torcida possam ter cometido).

    E que este episódio sirva de reflexão também aos técnicos que teimam em abandonar o barco de centros “menores” (não foi o caso do Adilson) para procurar centos com mais proje$$$$ão. Afinal, é melhor ganhar, por exemplo, 12 parcelas de R$ 150.000,00 ou 5, 6 parcelas de R$ 200.000,00? Até na ganância, eventuais contratos são draconianos e os gananciosos nem percebem que estão, na verdade, perdendo dinheiro.

    Clubes cuja torcida historicamente manda mais que a Diretoria: Corinthians, Palmeiras, Flamengo. Nos outros, prevalece, na maioria das vezes, o comando central da Diretoria.

  • J.B.CRUZ disse:

    Torcida organizada é o lado NEGATIVO do futebol..Vejam como está os 2 clubes mais populares do BRASIL..
    CORINTHIANS————————- RACHADO.
    FLAMENGO ————————- DESORGANIZADO..