Estou perto de Diamantina, mais precisamente em Curvelo.
Antes parei no Maquiné Park Hotel para rever o Juninho Paixão, um dos grandes empreendedores do turismo em Minas. O hotel dele tornou-se a referência dos clubes de futebol do Brasil que vão jogar na Arena do Jacaré contra Galo, Raposa e o Coelhão.
Na Br-040, no entrocamento para Cordisburgo.
Aliás, o único trecho que dá razão ao Lula quando ele diz que as estradas federais de Minas estão ótimas. Este trecho realmente está ótimo, do Posto Três Poderes em Sete Lagoas até o Trevão para Curvelo, uns 40 quilômetros, que levaram uns 10 anos para ficar pronto.
Do Trevão a Curvelo, a Br-135, também está boa, porém, muito abaixo do ideal, já que é movimentadíssima. Daqui a Diamantina é a MG-259, muito boa desde os tempos de JK.
Não passo por Curvelo sem antes ligar para o Afrânio Gonçalves Soares, auditor fiscal do Ministério do Trabalho, que durante muitos anos trabalhou no Banco do Brasil em Sete Lagoas. Um amigo de longa data, que recomenda o site www.amantesdamagrela.com.br para quem gosta de ciclismo. Uma turma que pedala por trechos sensacionais dessa região, famosos na descrição das obras de Guimarães Rosa, que andou tudo isso aqui a cavalo.
Outros para quem sempre ligo antes de chegar a Curvelo são o Delegado de Polícia Civil, André Pelli. Gente boa demais da conta, que está de plantão por estes dias; o ex-prefeito Maurílio Guimarães, atual Secretário Adjunto de Turismo do Estado e o casal Wagner Martins e Sonie, da Casa 2 Irmãos, dos mai0res cruzeirenses que conheço, que defende o Cruzeiro na região há quase 30 anos.
E para o Dr. Vianna, médico, deputado estadual, gente boa, que este ano teve muito boa votação também em Sete Lagoas.
Fico por aqui, antes, recomendando o Posto Denise I, parada imperdível para quem entra em Curvelo, onde os garçons Ivan e Ângelo dão show de atendimento. O Jucão está sempre no caixa com a simpatia que caracteriza os curvelanos.
Deixo com Vossas Excelências texto do excelente José Geraldo Couto, da Folha de S. Paulo, sobre a ausência do povão nos estádios, muito pertinente:
“JOSÉ GERALDO COUTO”
O estádio é do povo Os pobres conquistaram os shoppings e aeroportos;
só falta voltarem às arquibancadas
VI ANTEONTEM no “Jornal Nacional” uma dessas imagens que nos causam um
impacto imediato e que parecem pedir uma interpretação mais ampla,
como certas cenas vividas em sonho.
Era uma daquelas matérias “recreativas”, que servem de respiro em meio
às desgraças do mundo: operários empregados na reforma do Maracanã
jogavam uma pelada no campo do estádio.
Era essa a imagem: craques por um dia, aqueles homens pobres e rudes,
com “uniformes” desconexos e material esportivo improvisado, corriam
atrás da bola entre os escombros das arquibancadas.
Como ler essa cena?
Uma interpretação humanista, sentimental, diria: se o tempo passa e
arrasta consigo as criações humanas, subsiste a força lúdica do homem,
seu desejo de brincar. Caetano Veloso foi mais preciso ao lembrar “da
força da grana que ergue e destrói coisas belas”.
No meu caso, a imagem reativou uma ideia que já defendi aqui: está na
hora de nossos estádios voltarem a ser, de fato, do povo. Sei que a
palavra “povo” é equívoca, mas o que quero designar com ela é a
maioria pobre da população.
Hoje em dia, quem não tem dinheiro para comprar ingressos caros ou não
pertence a nenhuma das torcidas “organizadas” (que conseguem
privilégios e facilidades junto aos clubes e até à polícia) encontra
dificuldade em ver seu time jogar.
As reformas dos estádios são feitas sempre contra os pobres. O próprio
Maracanã, há cinco anos, extinguiu a geral, com a desculpa de que era
desconfortável e insegura para o público, e instalou assentos caros no
lugar.
O discurso era de apreço aos pobres torcedores que assistiam ao jogo
em pé, com uma visão limitada do campo. Só que, depois da reforma,
esses “pobres torcedores” ficaram sem lugar nenhum. Alguém perguntou a
eles o que preferiam?
Nos últimos anos, as camadas mais baixas da população tiveram uma
inegável ascensão, “invadindo” espaços antes exclusivos à classe média
e à elite, como aeroportos e shoppings.
Redes de cinemas perceberam a tendência e abriram salas na periferia,
de boa qualidade e com entradas a preços populares. Estão lucrando a
rodo. Mas os donos do poder no futebol ainda pensam que é melhor
vender mil ingressos a R$ 50 do que dez mil a R$ 5.
É hora de reverter isso e de proclamar, parafraseando Castro Alves,
que o estádio é do povo como o céu é do condor.
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