* Eu não queria nem entrar neste assunto dos títulos unificados pela CBF, mas os leitores cobram, e não tem jeito de não comentar. Fico com a opinião insuspeita do Tostão, que disse, dentre outras coisas: “Não dou a essa mudança nenhuma importância… Sinto-me campeão do Brasil desde 1966, quando o Cruzeiro ganhou a Taça Brasil, já que era o mais importante título nacional… Só vai mudar o nome… Vivemos em um mundo simbólico, com preocupação excessiva em dar nomes a tudo… A unificação dos títulos não aumenta os méritos de quem foi campeão da Taça Brasil e do Robertão… Não serei mais reconhecido por me tornar também artilheiro do Campeonato Brasileiro, já que fui o maior goleador do Robertão de 1970, com 12 gols… as histórias são diferentes. Cada uma teve seu charme… Em 1966, eu já festejei bastante como campeão do Brasil…”
Interesses políticos
Trata-se de mais uma questão política como a maioria das situações que envolvem o jogo do poder no Brasil, em qualquer área. Crimes maiores são cometidos constantemente contra a nossa história, sem que ninguém levante a voz para evitar, devido ao jogo das conveniências e do “salve-se quem puder”, que impera no país. Poucos anos atrás agrediram a história da nossa Independência ao trocarem o nome do Aeroporto Internacional de Salvador, que era 2 de julho e passou a ter o nome do filho do ex-coronel da política baiana, Antônio Carlos Magalhães.
O 2 de julho
A data de 2 de julho é para a Bahia, mais importante que o 7 de setembro, pois foi neste dia, em 1824, que os baianos botaram para correr os últimos militares portugueses que tentavam restaurar o poder da corte de Portugal sobre o Brasil. Ao contrário do que aprendemos nas escolas fora da Bahia, a Independência promovida por Dom Pedro I não foi na base do acordo puro e simples com Portugal. Houve guerra em todo o país, morreram milhares de brasileiros e portugueses, e em algumas regiões, especialmente no Norte e Nordeste, a carnificina foi maior. Com destaque para a Bahia.
Nem aí
Se mexem com uma data histórica e importante como essa para o país, no futebol é que podem fazer qualquer coisa, ainda mais num setor onde um Ricardo Teixeira faz o que quer, sem ser incomodado por ninguém. Dentro e fora das quatro linhas, age de acordo com os interesses dele e fim de papo.
Genéricos
Para citar apenas dois exemplos do absurdo que essa unificação representa: o Santos para ser “hexa” jogou 43 partidas, contra 192 do São Paulo para também ser campeão seis vezes.
O Internacional, único campeão brasileiro invicto, jogou 23 vezes, em 1979. Foi igualado ao Palmeiras, invicto na Taça Brasil de 1960 em quatro jogos, com o Santos e com o Cruzeiro, campeão em 1966, com oito jogos.
Credibilidade
Tudo isso faz lembrar o Odorico Paraguaçu na novela e no filme “O Bem Amado” que criava comendas por atacado para agradar aos seus aliados. No dia da homologação, Pelé e o presidente do Santos, saíram da cerimônia com seis medalhas e seis troféus pendurados no pescoço e agarrados no corpo.
Essa falta de credibilidade é que faz com que o futebol brasileiro não seja levado a sério pelas redes de TV da Europa. O Boca Juniors, da Argentina, é mais conhecido no exterior do que qualquer clube brasileiro.
* Minha coluna de quarta-feira, 29, no Super Notícia
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