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A idade no futebol é como vinho: “estraga os maus e melhora os bons”

Outro ótimo artigo da Viviane Rodrigues, no site Guerreiro dos Gramados, falando sobre um tema sempre presente nas discussões sobre futebol: a idade.

Vale lembrar que a Viviane é jornalista mas não milita na imprensa esportiva. É uma nova colaborada do site Guerreiro dos Gramados e ainda não tive o prazer de conhecê-la pessoalmente.

Mas escreve bem demais da conta e entendo que todo texto bom precisa ser compartilhado, para o bem da humanidade.

Agradeço a ela e à turma do GDG por permitir a reprodução de mais um artigo.

Neste, ela se refere às experiências do Cruzeiro com jogadores mais rodados e cita bons exemplos também de outros grandes clubes.

* O preço e o valor da idade no futebol

GDG – Por: Viviane Rodrigues   

O mundo da bola reserva a quem se arrisca nele diversas possibilidades. Um efêmero momento de glória numa decisão a quem, até então, era coadjuvante. O estigma de perdedor e culpado ao antes ídolo. O desprezo e a ingratidão a quem carregava a tarja de capitão.  E a glória eterna a quem, além de competência, tem carisma e bons profissionais para cuidarem da sua imagem quando acaba a juventude. E para os que têm o infortúnio de entrar numa fase ruim os motivos podem ser diversos. Uma contusão, uma falha, trocar de camisa ou, simplesmente, envelhecer.

Envelhecer afinal, em qualquer área de atuação, é um peso. Muitos são os profissionais que com conhecimento de anos de experiência são trocados por jovens que têm mais gás, mais disponibilidade para o trabalho, mesmo que, às vezes, não tenham a mesma qualidade. E no futebol basta passar dos 30 que os questionamentos começam, a cobrança aumenta e os pedidos para a troca são constantes.

O Cruzeiro nesse início de temporada abriu mão de bons jogadores justificando as dispensas com a idade. Discordo do clube quando usa esse parâmetro para demitir algum atleta. Penso que tanto no futebol quanto em outras áreas o que vale é a qualidade, o entusiasmo e a paixão ao exercer uma atividade. Prefiro no meu time um jogador mais velho, porém com qualidade técnica, a um jovem truculento que tem como recurso apenas a força física. Cláudio Caçapa, que completará 35 anos em maio, posiciona-se melhor em campo que os recém debutantes Naldo, Edcarlos e Gil, tornando-o consequentemente mais eficaz nos desarmes de bola e menos faltoso que os colegas de posição.

E o que falar de Gilberto e Roger? Além de Montillo há no Cruzeiro alguém com qualidade parecida às deles? Acredito que não. Felizmente o contrato de Gilberto foi renovado, mas o futuro de Roger ainda é uma incógnita. Fico na torcida para o desfecho ser o mesmo. Creio piamente que a experiência de ambos será fundamental para as conquistas Celeste em 2011.

A escritora austríaca Marie Von Ebner-Eschenbach disse que “os homens se assemelham aos vinhos: a idade estraga os maus e melhora os bons.” Muitos são os exemplos dentro das quatro linhas. Atualmente o lateral Roberto Carlos dá show em campo com seus 37 anos. Na seleção brasileira nenhum jovem conseguiu substituí-lo a altura. Outro que brilhou até os 40 anos foi o meio campista Valdo. Exemplo de atleta o meia competiu em alto nível enquanto esteve em campo. Junior, lateral do Flamengo, jogou até os 37 anos, conquistando seu último campeonato Brasileiro aos 36, sendo decisivo nos jogos finais e comandando um time de garotos.

O futebol mudou bastante. Antigamente um atleta se destacava por ter um bom passe, por driblar, por ousar com jogadas criativas diante de uma boa marcação. Hoje em dia basta ter força física e joga-se em qualquer posição. E quem sai fora desse padrão destaca-se. Talvez por isso justifica-se tanto entusiasmo com os dribles, muitas vezes sem objetivo, de Neymar.

É por causa desse novo perfil de jogador profissional acredito que os atletas habilidosos, com técnica refinada e que se cuidam fora de campo vão jogar até idades que antigamente seriam considerados velhos. Bom para quem gosta de um jogo bem jogado. Vida longa a esses atletas que dão brilho ao espetáculo e que nos brindam com a qualidade escassa nos dias de hoje.

Não tenho nada contra os atletas jovens, mas sim contra a mediocridade, independente de idade. Para finalizar, divido com vocês a frase de um filósofo alemão sobre o tema, que me chamou a atenção e me fez pensar sobre o que é capaz de fazer alguém que não perde o tesão pelo que faz: “Os anos enrugam a pele, mas renunciar ao entusiasmo faz enrugar a alma.” (Albert Schweitzer)

PS: Meu primeiro texto como colunista do Guerreiro dos Gramados foi veiculado no jornal Super Notícia na coluna do jornalista Chico Maia em 19 de janeiro. Gostaria de esclarecer aos leitores que o comentaram, que não tenho vínculo algum com o jornal e não conheço o jornalista pessoalmente. Também não recebo qualquer valor em dinheiro para escrever aqui ou em outro veículo de comunicação. Respeito as opiniões do Chico Maia, assim como as dos torcedores que discordaram da minha, e gostaria de agradece-lo pela citação. Quanto aos textos que escreverei, tenho apenas a intenção de criar o debate e propor reflexões, nada mais.

* http://www.guerreirodosgramados.com.br/colunistas-cruzeiro/viviane-rodrigues/3290-o-preco-e-o-valor-da-idade-no-futebol


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