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A omissão que leva um clássico a ter torcida única

Dr. André Pelli enviou um comentário que merece ser destacado.

É sobre a omissão do Estado no enfrentamento à violência, que chega ao cúmulo de determinar torcida única em um jogo de futebol.

Só discordo de uma figura histórica citada por ele no fim do ótimo comentário: Rui Barbosa.

Depois que li o livro do Darcy Ribeiro “E aos trancos e barrancos, o Brasil deu no que deu”, conheci quem realmente era este senhor.

Eu cursava Direito e queria saber mais sobre a vida do “patrono dos advogados”.

Pois é! Conseguiu enganar  a quase todos durante quase todo o tempo.

Rui Barbosa era inteligentíssimo e culto, realmente, mas não praticava a ética e a retidão que pregava em seus discursos espetaculares.

Confira o que escreveu o Dr. André sobre essa violência crescente que vivemos:

“Lendo seu texto, com o qual concordo na íntegra, me lembrei de um texto que costumo usar em palestras:

“Tu sabes,
Conheces melhor do que eu
A velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
E roubam uma flor do nosso jardim.
E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem:
Pisam as flores, matam nosso cão,
E não dizemos nada.

Até que um dia,
O mais frágil deles entra sozinho em nossa casa,
Rouba-nos a luz, e,
Conhecendo nosso medo,
Arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

Eduardo Alves da Costa – 1964″

Martim Luther King traduziu perfeitamente esta preocupação em sua célebre frase: “O que me preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais me preocupa é o silêncio dos bons.”

Ou melhor ainda, cito o célebre Rui Barbosa: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”

Nosso povo parece ter perdido a capacidade de indignar-se…

Uma pena.

Abraço,

André”


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Comentários:
12
  • Luciano Nogueira - SL disse:

    Me esqueci de uma coisa: quando alguém tiver UM exemplo de país que resolveu seus problemas de segurança pública na base da conversa, da educação e da saúde me conte.
    Já adianto o da Coréia do Sul. É o país que mais evoluiu em educação nos últimos trinta anos. Saiu da miséria para se tornar uma potência. Sabem qual a pena para tráfico de drogas? Execução.
    São uns selvagens, não é? Mas seus cidadãos de bem circulam livremente pelas ruas…

  • Luciano Nogueira - SL disse:

    Quem cobra resultado da polícia? Quem cobra a presença deles nas ruas, a redução efetiva da criminalidade? Quem afere o que ocorre após ligarmos no 190, a fim de saber se estão ocupados ou fazendo corpo mole para esperar a poeira abaixar?
    Todos os comentários abaixo tem o mesmo ponto central. NINGUÉM AGUENTA MAIS!

  • André Corrêa disse:

    Estou ficando feliz com seus últimos textos, Chico.

    O dia que essa indignação tomar conta do espírito de 40% dos brasileiros, nós então entraremos no caminho de uma vida melhor.

    Leve essa bandeira adiante.

  • Otávio Rangel disse:

    Maravilhosa as duas citações, totalmente no contexto. Parabéns pelo excelente post!

  • Emílio Melo Figueiredo - Sete Lagoas / MG disse:

    Ingressos a R$ 40,00???

    Perrella, acorda!!! Assim não dá…

    Saudações celestes!!!

  • J.B.CRUZ disse:

    Fazei o que eles dizem, mas, o que eles fazem, não!. .Já dizia o Maior de todos os tempos:JESUS CRISTO..No final somos juízes de nós mesmos..
    KLAILLTON SARAIVA em poucas palavras, dissecou tudo!!

  • Klaillton Saraiva disse:

    Chico, textos interessantes, tanto do André como o seu. A mensagem que fica é que sempre iremos encontrar vieses diferentes em nossas leituras. O lado bom e o lado ruim de nossos escritores, como você detectou na obra do Darcy e se você escarafunchar achará críticas também ao Darcy.
    Agora mesmo estão sendo publicadas, cartas de Carlos Drumond de Andrade ao montesclarense Cyro dos Anjos, onde ele faz críticas aos escritores nordestinos, talvez, por uma crítica recebida do poeta piauiense Mário Faustino. Naquela época havia críticas, hoje, nossos homens públicos, ou como queiram os formadores de opiniões, ficam em cima do muro ou se vendem ao poder dominante. E o povo, que quase sempre permanece calado – que se dane!

  • Chico, eu acho uma burrice sem tamanho essa história de torcida única. Acho que isso mais atrapalha que ajuda. Ano passado escrevi sobre isso no meu blog, se você puder ler, o link é este: http://www.coposujo.net/2010/10/sobre-classicos-e-violencia.html. Um abraço.

  • Stefano Venuto Barbosa disse:

    Chico,

    Todo dia abrimos mão de um direito nosso. Não podemos viajar, porque as estradas estão péssimas, mal sinalizadas e mal fiscalizadas. Não podemos sair a noite, porque nos matam por causa de uma jóia. Não podemos usar celular nos bancos, porque eles não sabem diferenciar um bandido de um cliente. Agora não podemos ir ver nosso time de coração, porque ninguém quer garantir a segurança dos homens de bem. Vi um procurador falando ontem na Itatiaia e concordo com ele, existe a lei que garante a presença das duas torcidas, existe a Constituição que garante o direito universal de ir e vir. Estamos caminhando para ditadura da incompetência. É uma vergonha o MP não intervir nessa canalhice de torcida única, isso é uma indignidade com as pessoas de bem. Como dizia o Renato Russo: “Os assassinos estão livres, nós não estamos”( Teatro dos Vampiros)

  • Clayton Batista Coelho ( Claytinho - Só Boleiro do Nova Vista/BH ) disse:

    Exatamente !!!

    Este texto retrata fielmente os tempos atuais.

    Meu saudoso pai, de nenhuma formação acadêmica, pouca cultura, mas muita sabedoria; sempre dizia que ia chegar um tempo em que o homem teria vergonha de ser honesto e eu não acreditava…

  • Anderson Leão disse:

    Bom dia Chico,
    Queria ressaltar alguns pontos desta história de torcida unica em classicos.
    Sei que o assunto é amplo pois envolve a falta de estadios, a incopetencia das autoridades, a preguiça das autoridades em garantir segurança etc.
    Mas tenho uma opinião um pouco diferente: È o seguinte: Estamos acompanhando inumeras confusões entre facções que se intitulam organizadas.
    É torcedor morto em ponto de onibus, saída de casa de shows, brigas em shoppings etc.
    Todos nós e as autoridades sabem que o problema está nas duas maiores “organizadas ” da cidade. Sendo assim não adianta ficar marcando classico de uma torcida só alegando falta de segurança. Entendo que a solução seria a extinçõ destas facções. Sei que vão aparecer pessoas falando que são marginais infiltrados etc, mas a realidade nos sabemos que nestas duas gangues o que prevalece é a violencia entre elas. Não entendo o porque das autoridades não agirem. O discurso é muito bonito, mas na pratica a realidade mata. Se o ditado diz que os justos pagam pelos pecadores, tem que acabar com todas as organizadas e aí as boas pagaraão pelas, más. Pois esta historia de torcida unica é inacitável. Sou saudosista e o classico é na minha opinião o melhor espetáculo do futebol, desde com as duas torcidas. Fica meu registro.

    – BH

  • Helton de Lima Ozorio disse:

    Olá Chico Maia!

    Parabéns pelo seu trabalho!

    Em relação ao texto publicado no dia 09/02, na coluna do Super Notícia, que trata da violência, discordo que a repressão e a punição rigorosa seja a saída para o problema. Há momentos em que são necessários, porém, a PREVENÇÃO e a PROMOÇÃO DA SAÚDE (educação, lazer, cultura, esporte, igualdade, justiça, etc) são cruciais para o combate efetivo deste mal. Se possível, comente também desta estratégia. Os governos, em geral, agem depois do “leite derramado” e acabam gastando muito mais. A prevenção acaba sempre mais barata. No caso da violência oriunda das torcidas organizadas, um trabalho preventivo seria definir regras para a formação das futuras instiuições, construção e adaptação dos novos estádios prevendo este mal, disseminar a cultura da paz no futebol na nova geração … e ão dar trégua para o atual “leite derramado”, limpá-lo.

    – Ribeirão das Neves