Desde criança ouvimos a mesma cantilena: “o Brasil é o país do futuro”.
Na adolescência crescemos ouvindo que a ditadura militar estava operando um “milagre brasileiro”.
Como jovens adultos, apostamos nas “Diretas Já!” e pouco tempo depois pensávamos que, finalmente, o país tomaria o rumo certo com a “Nova República”.
Saíram os militares e herdamos Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula e agora Dilma.
Ouço na Band News FM o Ricardo Boechat dizendo que uma professora no Rio de Janeiro ganha R$ 700. Se no Rio é isso, imaginem na maioria dos demais estados!
Em Belo Horizonte, Capital das nossas Minas Gerais, operários da obra do Mineirão fizeram greve reivindicando R$ 900 de salários, água quente neste inverno, nos três (isso mesmo, TRÊS), chuveiros que atendem a 400 trabalhadores e uma comida decente porque a que é servida atualmente é inaceitável.
Na terra onde Tancredo dizia que o “primeiro compromisso de Minas é com a liberdade!”, operários lutam para conseguir pouca coisa mais que tratamento semi-escravo! Em pleno Século XXI.
Enquanto isso o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (guardem bem este nome) concede anistia fiscal de R$ 420 milhões para a construção do estádio do Corinthians, sob a alegação de que a cidade não tem plano B para a Copa de 2014 e é preciso que o dinheiro público socorra o Itaquerão.
E para não ficar mal com os eleitores das outras torcidas, vai arrumar um dinheiro também para os demais clubes.
Claro, que dinheiro dos impostos que pagamos.
Enquanto isso o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, ocupa a mídia nacional por duas semanas consecutivas para dizer que “o risco Brasil é menor que dos Estados Unidos”, e que “estamos crescendo em velocidade de cruzeiro, a 4,5 ao ano…”.
Com os bolsos cheios de grana, as autoridades não sabem ou fingem não saber como vive o cidadão que sustenta a farra deles. Quando andam de carro o percurso é curto. Além dos vidros fumê e ar condicionado, seus motoristas têm ordens para sintonizar emissoras que tocam músicas, para não correr risco de ouvir reclamações populares nas rádios que têm jornalismo em sua programação.
Não sentem na pele os problemas do tráfego urbano e nas estradas.
Em suas mansões e apartamentos funcionais, são rodeados de seguranças, ao contrário do cidadão comum que fica como um detento em regime domiciliar, com suas cercas elétricas, arames farpados nos muros e cães de guarda latindo.
De volta e meia alarmes de residências e automóveis disparam sem mais nem menos e a vida nas médias e grandes cidades virou um inferno.
Não vou nem falar dos problemas da rede pública de saúde, da previdência, da educação cada vez pior, da impunidade, corrupção galopante e etecetera e tal.
E de tanto conviver com este estado de coisas, o brasileiro se acostumou com isso e raramente protesta. De modo geral, como se estivesse anestesiado, passou a achar tudo normal.
É duro ter que aceitar que nossos governantes são produtos do meio. Gente como a gente, porém, mais esperta, que usa seus cargos para se enriquecerem, na maioria das vezes ilicitamente.
Sim, há exceções, porém, cada vez mais difícil de se identificar!
Desculpe-me pelo desabafo, mas tem dia que o saco enche mais do que o normal com essa cambada!
E é uma das formas de aliviar minha consciência, já que faço parte deste processo sacana de alienação das massas através do futebol.
No início da minha vida de repórter tentei sair fora. Por sugestão do meu pai, fiz o curso de Direito. Quando estava no estágio, num Tribunal do Juri, com o saudoso Dr. Carlos Linhares, vi que estava entrando numa pior ainda.
Terminei, fui aprovado no exame da OAB e nunca advoguei.
Jornalismo faz menos mal, a mim, e à sociedade!
Vida que segue!
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