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A mesmime do espanhol já existe em Minas e está contaminando o Brasil

Veja este artigo de ontem do jornalista britânico John Carlin, que escreve no El País, da Espanha, e na Folha de S. Paulo.

Fala da chatice que se tornou o Campeonato espanhol no “duopólio” que se tornou a competição, entre Barcelona e Real Madri.

É o filme que já assistimos todos os anos no Campeonato Mineiro, e, caso a distribuição de verbas da TV e patrocínios do governo federal continuem favorecendo de forma exagerada os clubes do Rio e São Paulo, deixará o Brasileiro igualzinho.

Daqui a pouco, vou publicar aqui a coluna de amanhã para o O Tempo, que acabei de escrever. Nela aponto outros fatores que estão minando o futebol mineiro.

LOS GRINGOS – JOHN CARLIN”

A liga anunciada


A corrida pelo título espanhol, exceto nas partidas entre os dois grandes, será um tédio


A EXCITAÇÃO imediata do planeta futebol está centrada nos dois jogos da “Supercopa” que Real Madrid e Barcelona disputarão no domingo e na quarta seguinte, como vencedores da Liga espanhola e da Copa do Rei na temporada passada. Mas a perspectiva tem também um lado deprimente.
Primeiro, devido à possibilidade de que os jogos envenenem a atmosfera da nova temporada antes mesmo que ela comece. Basta um pênalti dúbio, uma expulsão controvertida, e com certeza -especialmente se forem contra o Real- haverá recriminações e veremos uma repetição do rancor entre os times que tivemos de suportar em 2010/11 depois que o Real perdeu por 5 a 0 diante de Messi e cia. no Camp Nou, em novembro.
José Mourinho começará a falar de conspirações sinistras, os torcedores e a imprensa de Madri seguirão seu exemplo e as conversas pelos nove meses seguintes não vão girar em torno da qualidade do futebol das equipes, mas sim da sinistra disputa política -mesmo que imaginária ou fictícia- subjacente a esse nem sempre belo esporte.
A segunda coisa deprimente quanto ao confronto é que ele servirá para confirmar nossa impressão quanto ao grau absurdo em que La Liga se transformou em disputa bilateral.
Até três ou quatro anos atrás, você não seria declarado maluco se cogitasse no início da temporada que o Valencia, o Sevilla ou o Atlético de Madri pudessem ganhar o título. Hoje, isso já não procede.
Agora, jogadores, equipes técnicas e torcedores desses três times admitem livremente que o melhor a que podem aspirar é o terceiro ou quarto posto.
A distância entre os dois grandes e os demais se amplia a cada temporada, e La Liga, longe de ser o melhor campeonato do mundo, parece-se mais e mais com a triste primeira divisão escocesa, na qual Celtics e Rangers dominam desde sempre, sem quaisquer rivais que venham à memória.
Em termos de espetáculo, de circo, o Barcelona é o que existe de melhor no mundo, e é possível que o Real não fique muito abaixo na nova temporada. Mas em termos de drama, que afinal constitui a alma do futebol, melhor procurar em outra parte. A corrida pelo título espanhol, exceto nas partidas entre os dois grandes, será um tédio.
Talvez, pensando bem, o futebol da Espanha precise da língua venenosa de Mourinho, afinal, para incendiar de alguma maneira uma paisagem que de outro modo seria mortalmente tediosa.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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Comentários:
3
  • Marcos 2011 disse:

    Chico, o monopólio de Real Madrid e Barcelona até que é compreensível pois a Espanha é um país pequeno perto do gigantismo do Brasil( a área espanhola é menor até do que a mineira), além de uma população equivalente a cerca de 25% da brasileira. Consequentemente 90% dos espanhóis irão torcer ou pros merengues ou pros catalães. Esse monopólio ocorre também em outras potências do futebol europeu. Realidade essa bem diferente daqui do Brasil, onde os times “de massa” são muitos. O nosso campeonato nacional deveria ter uns 32 clubes ao invés de 20 por exemplo. MAS os clubes do chamado eixo RJ-SP saem à frente dos demais pois possuem mais arrecadação e atenção por parte da mídia, além de competência o suficiente para expandir sua torcida pelo país. Bem diferente de Atlético e Cruzeiro que não conseguiram expandir suas torcidas nem dentro do seu próprio Estado! Ambos apresentam um futebolzinho medonho e ainda por cima vem reclamar da mídia e da arbitragem? Façam- me o favor! Arrecadação mais modesta e menos exposição à com relação ao eixo RJ-SP não colam como desculpa, vejam o Inter: está longe do eixo e é uma potência nacional! É hora de os dirigentes mineiros deixarem de lado suas vaidades pessoais e ajudarem a repaginar o futebol do nosso Estado, futebol esse onde se vive de ilusões e feitos passados, e cujo nível está mais próximo da Bahia ou de Goiás(com todo respeito) do que do Rio Grande do Sul.

  • Fabrício Melo disse:

    O problema do Brasil é diferente da Espanha. Lá, a estrutura de Barça e Real realmente faz a diferença. Lá os 1ºs, dificilmente perdem para os lanternas. Aqui, o grande problema é o Sr. teixeira e a globo que favorecem ao eixo. Protagonizam um monte de mecanismos para que o Brasileirão demonstre uma falsa emoção. Se fosse assim, os 1ºs colocados não perderiam para os últimos. Portanto, o futebol no Brasil é nivelado. Quem viu o Corinthians colocar 15 pontos de vantagem e jogar aquela bolinha contra o crucru entendeu bem o sistema.

  • Aldemário Ferreira Filho disse:

    Quem ainda gosta de futebol tem que lutar para a democratização do esporte no Brasil, pois do contrário estaremos condenados a ver só os times do eixo vencendo os campeonatos nacionais e o nosso campeonato mineiro se fragilizar cada ano que passa ainda mais.