Passadas as eleições no Cruzeiro a situação comemora e a oposição lambe as feridas. Nada traumático ou com alguma surpresa. Pequenas rusgas, porém, um processo eleitoral dentro daquilo que é considerado normal nos clubes, federações e associações esportivas brasileiras.
Quem detém o poder raramente perde. Quando resolve passar a bola, escala um aliado e vida que segue.
Mas quando se trata de um clube como o Cruzeiro, ainda valem algumas considerações.
Primeiro sobre o lado vitorioso: engana-se quem pensa que Zezé Perrella simplesmente tirou um candidato do bolso do colete e o elegeu.
O nome da preferência dele era o José Maria, que acabou vice. Quando decidiu que não disputaria a reeleição procurou o Dr. Gilvan de Pinho Tavares para iniciar as articulações visando a escolha do sucessor.
Ficou surpreso com a posição do antigo aliado que foi objetivo: “Sempre lhe disse que apoiaria você ou o Alvimar enquanto vocês encabeçassem a chapa; porém, fora disso, eu seria candidato, enfrentando qualquer outro”.
Com mais de 50 anos de Cruzeiro, e a firmeza de quem foi um respeitado Procurador de Justiça, se impôs.
Zezé não quis correr riscos e acatou.
Também se engana redondamente quem pensa que o Dr. Gilvan tenha tendência para “Rainha da Inglaterra”. Tem projeto próprio e nomes que até já convidou, quando se tornou candidato, para compor a sua futura equipe.
Também não haverá ruptura, logo de cara, como ocorreu entre Zezé e o seu então padrinho César Masci, no início do mandato em 1995.
César quis influenciar demais e errou na mão, provocando uma reação inesperada do afilhado, que o afastou completamente das decisões da nova diretoria empossada.
Depois de quase 20 anos e com seus objetivos alcançados dentro e fora do Cruzeiro, Zezé Perrella quer é distância e, curtir a vida de Senador.
Vai se colocar a disposição do novo presidente, e ficar como os extintores nas paredes, com aquela placa de advertência “Em caso de necessidade, quebre o vidro!”.
Com dinheiro ou sem dinheiro em caixa, qualquer presidente que assume clubes do tamanho do Cruzeiro enfrenta turbulências, porque quem fala mais alto é o futebol e seus labirintos. Costuma-se levar um ou dois anos se para colocar o trem nos trilhos. Foi assim com o próprio Zezé.
Ou não, como foi o caso do Luiz Gonzaga Belluzzo, no Palmeiras.
Com o time engrenado não há crise. Em caso contrário, são comuns declarações da nova diretoria acusando a anterior de alguma coisa e a reação natural dos antigos dirigentes.
Quando há bombeiros eficientes dos dois lados, a labareda é contida. Mas se alguém tenta combater as chamas com gasolina as consequências são imprevisíveis.
Pelo lado da oposição, Alberto Rodrigues sai vitorioso dentro e fora das hostes azuis.
Foi corajoso ao assumir uma candidatura em colégio eleitoral sabidamente controlado pela situação. Pela primeira vez uma oposição conseguiu ganhar espaços na mídia e apresentar propostas, desde que Perrella assumiu o poder em 1995.
Se não provoca efeito entre os conselheiros, mexe com a torcida.
Embalado pela má campanha do time no Brasileiro, Alberto surgiu como um alento para o torcedor comum, que não tem acesso às urnas. Tinha mais de 90% da preferência popular em todas as enquetes realizadas.
Como é um radialista respeitado, possuidor de bom senso e de audiência gigante, ficará em posição privilegiada como opositor. Apoiará as medidas que julgar interessantes e vai criticar quando for o caso, dizendo que faria diferente.
Em caso de sucesso do Dr. Gilvan, terá contribuído pela sua participação no processo. Em caso negativo, a torcida vai continuar imaginando que, com ele presidente, poderia ter sido melhor.
E no frigir dos ovos, ano que vem tem eleição municipal. Caso seja candidato a reeleição para vereador, Alberto Rodrigues certamente será bem lembrado por muito mais cruzeirenses que irão às urnas.
Se já tinha grande prestígio nas arquibancadas, ganhou mais pontos agora.
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