Quando todo mundo imaginava que com o novo Estádio Independência os problemas do futebol mineiro diminuiriam, surge um fator complicador.
Veja a reportagem do Bruno Moreno, no Hoje em Dia, sobre a apreensão de Atlético e Cruzeiro em relação aos custos de se jogar novamente em Belo Horizonte.
* “Clubes mineiros temem prejuízo no Independência em 2012”
Atlético e Cruzeiro pediram ao governador que reveja o edital de concessão, por receio aos custos dos jogos na nova arena
Bruno Moreno – Do Hoje em Dia
O dia 5 de dezembro será marcante na história do futebol mineiro. Um dia depois do fim da Série A do Campeonato Brasileiro, com Minas Gerais podendo ter até duas equipes rebaixadas, a Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa) abrirá os envelopes da licitação da concessão do Estádio Independência para os próximos dez anos. Ainda de ressaca, os clubes poderão ter uma surpresa desagradável e já estão tentando evitá-la.
O principal receio é em relação aos custos dos jogos na nova arena, já que o edital de licitação da concessão não deixa claro como será a cobrança. Pensando nisso, os presidentes de Atlético e Cruzeiro se encontraram com o governador Antônio Anastasia para tentar modificar a licitação, o que ainda não aconteceu.
De acordo com o secretário extraordinário da Copa, Sergio Barroso, os clubes não serão esquecidos. “O Plano de Negócios ainda tem algumas coisas em aberto e, por isso, estamos avisando todos aqueles que vão entrar na licitação da concessão que não podem se esquecer que a grande prioridade são os clubes. Na hora de discutir, queremos que os clubes sejam protegidos. É uma questão de governo”, garante.
O processo licitatório não agradou aos dirigentes dos clubes da capital, também porque eles estão proibidos de participar da concessão. “Demonstramos para ele (o governador) a preocupação dos clubes de que a empresa vencedora da licitação venha a cobrar dos clubes valor exorbitante pela locação do estádio para a realização de partidas de futebol, o que inviabilizaria a realização de jogos dos dois clubes no Independência”, afirmou o recém-eleito presidente do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares, referindo-se também ao Atlético.
Quem engrossa a fala do cruzeirense é o presidente do atleticano, Alexandre Kalil. “Esse edital é uma lambança”, criticou. O que os clubes querem também é uma participação maior nos lucros, como no estacionamento, ou em bares, camarotes e assentos vips, o que não prevê o edital.
Já o América, que é dono do Independência, mas o cedeu ao Estado e só retomará a posse em 10 de abril de 2029, não tem do que reclamar. O clube receberá mensalmente R$ 100 mil, mais dois camarotes e participação na identidade visual.
Atualmente, a Administração de Estádios de Minas Gerais (Ademg) cobra irrisórios R$ 5 mil na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, a cada partida. O valor é o mesmo que era praticado no Mineirão, subsidiado pelo Governo do Estado, já que a Ademg recebe recursos estaduais. Neste ano já foram repassados R$ 4.148.528,49 e, no ano passado, em que o Mineirão esteve aberto no primeiro semestre, foram R$ 12.784.668,58. Agora, o Governo do Estado não quer mais subsidiar o futebol em Minas Gerais.
Com a inauguração do Independência, em fevereiro de 2012, o Estado cortará o cordão umbilical que o liga aos clubes de futebol da capital. “A negociação entre concessionária (operador do Estádio) e os clubes é uma negociação privada. Caberá às partes definir um valor para tal custo e a forma de contrato para o uso do espaço. É claro que abusos não serão tolerados a prejuízo de nenhuma das partes”, anunciou a Secopa, em nota.
Como o Independência será gerido por uma empresa ou um consórcio privado, não haverá repasses dos cofres públicos, já que a Ademg, nos próximos dez anos, ficará responsável apenas pela Arena do Jacaré, em Sete Lagoas.
Arena do Jacaré ficará vazia no ano que vem
Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, foi utilizada intensamente pelos clubes da capital a partir de julho de 2010, quando ficou pronta a reforma que custou R$ 13 milhões aos cofres do Governo do Estado. Até fevereiro do ano que vem, quando o Independência será inaugurado, serão 20 meses de uso. Em seguida, o estádio servirá como alternativa e, também, para os jogos do Democrata.
Arena do Jacaré recebeu R$ 13 milhões do Governo Estadual para um ano e meio de uso intenso (Foto: Carlos Roberto)
Já no Independência terão sido gastos R$ 120 milhões do Tesouro Estadual. Para o Secretário extraordinário da Copa, Sergio Barroso, é fundamental que o Estado consiga diminuir o prejuízo. “A concessão é uma necessidade em virtude dos investimentos do Estado no Independência. O estádio precisa ter uma gestão profissional (…). Precisamos, não só em Minas Gerais, mas em todo o Brasil, profissionalizar os estádios de futebol”, destaca.
A Secopa aposta em outras nove fontes de renda, além da bilheteria – que pode não ficar toda com os clubes –, para cativar investidores: cadeiras vip, locação de lojas, bares padrão, bares vip, patrocinador master, patrocínio, apoio, exclusividade e vip lounge.
Entretanto, no Plano de Negócios de Referência, uma possível fonte de renda foi esquecida: os eventos culturais. De acordo com o secretário extraordinário da Copa, Sergio Barroso, a atividade será permitida. “Não está (previsto), mas vai ser permitida dentro da legislação. Um estádio deste tamanho, dessa envergadura, é altamente ideal para outras práticas também. É claro que vamos fazer acordos com a associação de bairro, com o Ministério Público”, garante.
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