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A primeira crônica do Fernando Rocha no Diário do Aço

Em primeira mão, a coluna de estreia que será publlicada neste domingo no Diário do Aço, na volta do Fernando Rocha ao colunismo:

“O anacoluto”

Esta crônica é pra saudar a coincidência da chegada do Campeonato Mineiro e dos estaduais por todo o Brasil, com o meu retorno ao jornalismo impresso e a estreia aqui no “Diário do Aço”.

O futebol é uma das boas coisas da minha vida. Vivo o futebol 24 horas, talvez, por conta disso, confesso que andava meio enfastiado; não de ver, nem de falar, mas de escrever.

Depois de passar ao menos três décadas cortando palavras, decidi que tinha chegado a hora de me conceder umas férias.

Mas, não tive como recusar o convite do “Diário do Aço”, sobretudo porque foi feito por dois amigos de priscas eras,  os diretores Walter Oliveira e Waldecy Castro.

Meu sofrimento tinha tudo a ver, pois quem escreve sofre, na carne, as dores da tortura mental. A busca da palavra exata será sempre um suplício.

Conheci ao longo desses anos de exercício do jornalismo impresso alguns exemplos dignos de minha inveja: Marcondes Tedesco, um dos fundadores deste jornal e já falecido; João Batista Bueno Guerra, com quem tive o prazer de trabalhar no no início da minha carreira, que também já subiu ao andar de cima; João Senna dos Reis, nosso editor aqui no DA,  que está muito vivo e cheio de saúde graças a Deus. O que mais me impressionava nos três colegas citados era a espantosa velocidade com que escreviam artigos, textos em geral,  sobretudo porque naquela época não existia computadores, internet,  e tudo era datilografado nas antigas “Remingtons”, as famosas e inesquecíveis “pretinhas”.Conta-se que Carlos Drummond de Andrade sentia febre quando começava a escrever. Há, ainda, outros exemplos de grandes mestres da palavra que também viveram apuros, como por exemplo, Hemingway, que teria reescrito 39 vezes a última página de “Adeus às armas”. Então, um mero escriba como eu, confesso que tive dificuldades ao escrever esta primeira coluna para o “Diário do Aço”.

Escrevia, lia, deletava.

Me senti um  autêntico “foca” ou principiante do ofício, por vezes, até um jogador de time pequeno, que de repente veste a primeira vez o manto sagrado de um grande clube.·       

Bem que eu pretendia escrever sobre o Campeonato Mineiro, as chances de cada clube; sobre o Ipatinga, o Social, que vão ralar dentro em breve no Módulo II; além dos outros estaduais pelo país afora, futebol amador, etc, coisa e tal.·        

Mas, pensando bem ,acho que teremos muito tempo para fazer tais abordagens, já que o “Diário do Aço” me contratou, confiando que tenho fôlego suficiente para encarar vocês, que são  meus fiéis leitores três vezes por semana (terças, quintas e domingos).·       

E, deixa estar, que daqui prá frente prometo vestir a gloriosa e tradicional camisa do “DA”, entre outras coisas, dar uma de Romário, o mais brilhante dos atacantes que ví atuar dentro da área, cuja presença solitária tipo “urubu malandro” pelas imediações da zona perigosa, me faz reportar a uma das figuras mais curiosas da gramática portuguesa.·        

É o anacoluto.

O que é o anacoluto? A palavra fica boiando na oração, livre, leve e solta.

Serei, ou melhor, vou procurar ser a partir de agora um cronista meio que anacoluto, que fica vagando entre os brilhantes colunistas do “DA”.

(Fecha o pano!)

E-mail: bolaarea@yahoo.com.br


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