Não me esqueço de uma frase do saudoso Marcelo Cláudio Guzella, então comandante do futebol do Atlético em fins dos anos 1980, para resumir mais uma crise pela qual passava o clube:
“Casa aonde falta pão, todo mundo grita e ninguém tem razão”.
Serve para definir o que o Cruzeiro está vivendo neste momento.
O primeiro a ironizar que os jogadores ganham muito e que “os altos salários” deveriam estar fazendo muita falta foi o Zezé Perrella, à revista Placar, que só saiu às bancas ontem.
Só que o Dr. Gilvan deve ter ouvido, gostou e repetiu na polêmica entrevista coletiva, que resultou neste manifesto pesado dos jogadores hoje, em carta distribuída à imprensa esta manhã.
A notícia está no Globoesporte.com:
* “Atletas do Cruzeiro protestam
contra declaração do presidente”
Indignados com a ironia de Gilvan de Pinho Tavares, jogadores, liderados
por Fábio e Wellington Paulista, entregaram uma carta aberta à imprensa
O clima no Cruzeiro não é dos melhores. As declarações irônicas do presidente Gilvan de Pinho Tavares em relação ao atraso de salário repercutiram muito mal entre os jogadores celestes. Liderados pelo goleiro Fábio e pelo atacante Wellington Paulista, vários jogadores entregaram uma carta em repúdio à fala do presidente. Os principais jogadores celestes compareceram à a sala de imprensa. Entre eles Roger, Leandro Guerreiro, Victorino e Montillo.
Os atletas divulgaram uma carta aberta à imprensa, em resposta à declaração irônica do presidente Gilvan de Pinho Tavares, que, ao tentar explicar a situação dos salários atrasados, ironizou e disse que ‘atletas ganham muito pouco, ganham uma miséria, e atrasar três ou quatro dias faz uma falta danada‘.
Indignados, alguns atletas procuraram a imprensa para expressar a indignação. Confira o conteúdo da carta, na íntegra.
‘Estamos indignados com a declaração irônica do presidente Gilvan de Pinho Tavares sobre o atraso dos salários.
Fomos completamente surpreendidos com a matéria publicada na página do Cruzeiro no Globoesporte.com, principalmente porque até o presente momento nenhum atleta do elenco comentou sobre esse assunto publicamente, nem tampouco deixou de realizar os trabalhos propostos pela equipe técnica nesta pré-temporada, muito pelo contrário!
Estamos há mais de 15 dias concentrados, realizando todas as nossas obrigações, focados em nossos objetivos para 2012 e entendemos a complicada situação em que o Clube se encontra.
Sendo muito ou pouco, o salário é um direito de todo trabalhador. Gostaríamos de deixar claro que independente da nossa insatisfação perante tal declaração, continuaremos cumprindo com nossas obrigações com ou sem quitação de salários na data prometida‘.
O presidente não atendeu às ligações do GLOBOESPORTE.COM, assim como a diretoria de comunicação. O diretor de futebol, Dimas Fonseca, atendeu à chamada, mas preferiu tecer nenhum comentário oficial sobre o assunto.
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