O nosso campeonato é dos poucos que param no Carnaval. Não sei se é bom para os times na sequência do ano, mas para quem cobre o mundo da bola é ótimo. Minha sexta-feira, por exemplo, foi em Santa Tereza, mais precisamente no “Minas ao Luar”; projeto espetacular do SESC-MG, agora turbinado pelo novo presidente da entidade, Rodrigo Duarte, cheio de gás e ideias, dentro da filosofia implantada pelo presidente da Fecomércio, Lázaro Gonzaga, de remoçar e inovar.
A terça-feira foi perto de Felixlândia, na região descrita, decantada e encantada pela obra de Guimarães Rosa, e comendo arroz com pequi, na Fazenda Moinho Velho, do Maurício Brion e Ângela Leão. Segunda-feira foi em minha roça, entre Capim Branco e Sete Lagoas, onde o vizinho e grande músico e poeta, Paulinho Pedra Azul, apareceu com uma “Cantagalo” de uns 30 anos; inigualável, lá do Vale do Jequitinhonha. Sobrou só uma dose.
Voltando ao “Minas ao Luar”; lá tive a satisfação de me encontrar com o Toninho Horta, este gênio da música instrumental, mais reconhecido no exterior do que no Brasil.
Aliás, em qualquer loja de discos pelos países do mundo, você verá ícones da Bossa Nova e MPB, como Tom Jobim, João Gilberto, Chico Buarque, Gilberto Gil, Milton Nascimento e também, instrumentistas como os mineiros Toninho Horta e Wagner Tiso.
Mas Minas Gerais não sabe disso. Assim como não sabe da força do Skank, Alexandre Pires e Jota Quest, na Europa e Estados Unidos. Ou o que representam Wilson Piazza, Tostão, Nelinho, Éder, Reinaldo, e Cerezo em grande parte do planeta, até hoje, pelo que jogaram em Copas do Mundo, pela seleção brasileira, ou por seus clubes.
Entro neste assunto porque estou me lembrando de uma entrevista coletiva da qual participei com o Secretário da Secopa-MG, Sérgio Barroso, quando ele disse que o estado aproveitaria a Copa das Confederações de 2013 e Copa do Mundo de 2014 para internacionalizar as nossas coisas, com destaque para a cultura, gastronomia e agropecuária, com destaque para a música, culinária, cachaça, o café e o leite com seus derivados; pão de queijo como carro chefe.
A ideia do Secretário é a melhor possível, e isso foi reafirmado no Seminário sobre a Copa, em Uberlândia, do qual participei a convite do Sebrae-MG. A figura principal era Cafú, o lateral capitão que levantou a taça do pentacampeonato no Japão em 2002. Com palavras diferentes, ele disse a mesma coisa que Sérgio Barroso, mas destacou que falta a Minas mostrar-se ao mundo com os seus atrativos, que são raros. Com a autoridade de quem tem raízes mineiras, já que seus pais são de Minas e a sua avó mora em Justinópolis, ao lado de Ribeirão das Neves. Ele que foi descartado de uma peneirada do Atlético.
E o caminho é o envolvimento direto desses personagens com a organização da Copa. São nossos principais cartões postais no exterior, mas até agora pouco ou nada acionados pelos órgãos oficiais que estão à frente dos preparativos.
É essa turma que pode fazer com que mais estrangeiros optem por Minas para se divertir durante os eventos, e a Copa das Confederações já será ano que vem, com o Mineirão como um dos principais palcos.
Cafú criticou o fato de Minas ser muito tímida em sua própria divulgação e promoção, diferente de São Paulo que parte para cima, e quer tudo para lá. Caracteristicamente nós, mineiros, somos assim, tímidos, e nem os talentos e gênios, como estes citados aqui, fogem à regra.
Em Tóquio e Osaka, em 2002, assustei-me com o tanto de discos de Toninho Horta que vi nas lojas. Durante a Copa das Confederações na Alemanha, em 2005, ouvi suas músicas num “Bier Garten”, no encerramento de um festival tipo “Comida de Buteco”; coisas raras de se ver aqui.
E ele simples, tímido, como sempre, do jeito que estava quase incógnito em Santa Tereza na sexta-feira de Carnaval.
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