Fui ver Brasil 0 x 1 Reino Unido no futebol feminino. As duas seleções já classificadas, porém, decidindo quem ficaria em primeiro. Espetacular foi o palco do jogo: o novo Wembley, estádio mais emblemático do futebol mundial, onde a seleção do Mano Menezes espera chegar, para decidir a medalha de ouro.
Saí de casa faltando 2h30 para o começo da partida e mesmo com o metrô lotado, e uma conexão, cheguei com 1h20 de antecedência na estação Wembley Park.
De cara, na saída da estação, já se vê o estádio, com o seu arco característico, a menos de 500 metros de distância, e um mar de gente caminhando, lenta e organizadamente até os seus portões de acesso.
Para mostrar a presença da autoridade e intimidar eventuais mal educados ou marginais, os policiais se postam no meio do caminho. Com fardas, quepes, algemas e bombas de gás pimenta bem ostensivos, e ainda identificados por coletes verdes-limão, para serem vistos de bem longe.
A multidão avança sem tumulto, andando normalmente, respeitando a todos que têm o mesmo objetivo: chegar ao seu portão e ao devido assento, que o aguarda, numerado e bem identificado. Ninguém sai correndo ou trombando em quem está à frente e isso proporciona a nós brasileiros, uma visão rara nesse tipo de ambiente em nossas praças esportivas e locais de grandes eventos: crianças, idosos e portadores de deficiência no meio da multidão, indo exercer o seu direito de assistir e participar de um show.
Questão de educação e civilidade, aplicáveis em qualquer lugar do mundo, desde que haja respeito ao direito alheio.
Lembrei-me de reclamações que recebi em meu blog, de torcedores que têm frequentado o novo Independência. Um do Cruzeiro, que não conseguiu assistir, assentado, a maior parte do jogo contra o Grêmio porque quem estava nas cadeiras à sua frente não se sentava em momento algum e usava as cadeiras para pisar.
Um do Atlético reclamou que comprou ingresso de valor mais caro e quando chegou à sua cadeira, numerada, estava ocupada por outro torcedor, que não quis desocupá-la. Recorreu a um monitor que disse a ele: “sente em outra porque não tem jeito de cumprir essa numeração”.
Mais interessante, e incômodo, é que a maioria dos leitores que enviou comentários para este post, criticou os reclamantes, dizendo que trata-se de uma questão “cultural”, que nos estádios brasileiros “sempre foi assim”. Ora, ora! cultural uma ova!
É falta de educação e desrespeito. No Brasil é comum alegar questões “culturais” para justificar desonestidade, atraso social e ruindade na prestação de serviços, públicos e privados.
É claro que em momentos de perigo todo mundo se levanta da cadeira em um estádio, porém, volta a se sentar novamente depois do lance.
Este comportamento grosseiro para ir e frequentar os estádios, com o qual o brasileiro se acostumou só serve para afastar famílias dos jogos. Em Manchester, a caminho do Old Trafford, havia até uma mãe com um bebê no carrinho, dentro do bonde, que era de uma linha normal para a região, mesmo quase na hora do jogo. E para reforçar que não se trata de “questão cultural”, é só lembrar que até os anos 1980 os torcedores ingleses eram os mais violentos do mundo, com os temíveis hollighans.
Até que o governo resolveu dar uma basta neles.
E o governo inglês só se mexeu porque a UEFA e a FIFA suspenderam os clubes e a federação deles de todas as competições europeias e intercontinentais, até que essa violência fosse contida.
Leis internas passaram a ser cumpridas; outras foram criadas e os marginais chamados de “hollighans” foram “domados”. Não sem muita confusão, prisões, condenações e suspensões de ir a estádios durante muitos anos
Ou seja: é só querer, que no Brasil também tem jeito. Clubes, Federação e governo têm é que agir.
Soldados se postam no meio da multidão para serem vistos e respeitados
Logo na saída da estação do metrô já se vê o Estádio Wembley a menos de 500 metros
O respeito às pessoas faz com cadeirantes, crianças e idosos frequentem os estádios aqui
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