Mais uma medalha de ouro de onde ninguém esperava e muito menos se conhecia quem a conquistou. De quatro em quatro anos o público e a imprensa cobram medalhas nos Jogos Olímpicos, mas quase a totalidade de nós nunca ouviu falar nem o nome da maioria absoluta dos atletas. Quando sai uma medalha começa o corre-corre para saber de quem se trata para que o público seja informado.
Foi assim com César Cielo em Pequim 2008; agora com a judoca Sarah Menezes e o ginasta Arthur Zanetti.
Este quadro só vai mudar quando o esporte for tratado como questão de saúde pública no Brasil e não apenas voltado para a competição de alto rendimento. A China se tornou potência olímpica botando a população para se movimentar, da idade mais tenra aos idosos. Essas academias ao ar livre que várias cidades do Brasil vêm adotando são antigas entre os chineses, muito antes do país sediar a Olimpíada.
No tranco
Na China, do esporte sem maiores pretensões, apenas para cuidar da saúde, surgem talentos em várias modalidades, além, óbvio da política pública intensa, voltada para a inserção e competição de alto rendimento.
A maior potência esportiva do mundo, os Estados Unidos, têm como base as escolas para trabalhar todas as modalidades possíveis e dar show na maioria das competições das quais participa. Em toda Olimpíada é barbada e a discussão é sempre quanto a quem será o segundo colocado!
Não vejo ninguém no Brasil se mexendo neste sentido. Apenas muito falatório e gordas verbas desviadas para bolsos estranhos.
Jogo antigo
O governo não está preocupado com isso; os presidentes das federações, na maioria dos casos, e do COB só se preocupam em se reeleger e aproveitar as benesses dos cargos. Os atletas que virem sozinhos, enquanto ficamos na torcida para que surja algum talento acima da média, na esperança de pingar uma ou outra medalha. Se for de ouro, melhor ainda.
Estamos em plena campanha política no Brasil para eleger vereadores e prefeitos. Taí uma boa causa para ser abraçada pela enxurrada de candidatos. Mas se eleito, é preciso colocar em prática e não ficar apenas no discurso.
Dá gosto ver
Vivemos reclamando que a especulação imobiliária está acabando com os campos de futebol de Belo Horizonte, oficiais e de pelada, onde surgiam grandes jogadores de futebol. Pois Londres impressiona pela quantidade e qualidade de campos de futebol, críquete e vários outros esportes. Cada bairro tem vários; da melhor qualidade. Se tivessem talentos como o Brasil, seriam os donos dos maiores títulos do mundo, entre seleções e clubes, pois a meninada bate bola o dia todo.
E os pais por perto, assistindo e aguardando para levá-los para casa. Sai uma turma, chega outra.
Invejável
Aliás, andar pelas ruas de Londres, principalmente dos bairros, faz lembrar as nossas cidades do interior e Belo Horizonte de alguns anos atrás: sem muros, grades, cercas elétricas e nem aquele ridículo arame farpado no alto, que faz lembrar os campos de concentração nazistas ou penitenciárias.
Jardins bem cuidados, ruas limpas e quase nenhum barulho do trânsito, já que as leis são respeitadas.
As calçadas foram feitas para dar acesso a cadeirantes e deficientes visuais, e os ônibus são silenciosos, confortáveis, limpos e abundantes.
Tem preço
É claro que essa qualidade de vida londrina tem preço: câmeras de vigilância em todos os lugares possíveis para monitorar pessoas e o movimento. Um “Big-Brother” de causar inveja à Rede Globo, mas todo mundo gosta porque garante o ir e vir tranquilo e trava a ação de delinquentes.
Por outro lado, vivem o mesmo problema que a maioria dos países do mundo enfrenta: as drogas. É comum ser abordado por jovens pedindo £1. A fisionomia é semelhante a de tantos que vemos no Brasil, desesperados por uma pedra de craque ou coisa do gênero.
Informação é o que não falta em todos os lugares de Londres para quem saber algo sobre os Jogos Olímpicos
Vizinhas, às margens do Rio Tâmisa, a Casa do Qatar, fica parecendo um barracão, quando comparada à Casa Brasil…
… mesmo com o país árabe com muito mais dinheiro que nós e muito menos problemas sociais e estruturais internos.
Inacreditável!
Imediações do estádio Old Trafford, do Manchester, que voltará a receber o Brasil, agora pela semifinal contra a Coreia do Sul
E como sempre, com a chegada e saída do público muito bem organizada e sem tumultos.
E como saideira de hoje, Duke, definindo muito bem a situação do Brasil nos Jogos de Londres…
hoje, no O Tempo.
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