Só hoje vi essa reportagem do Globoesporte.com
No fim, ele diz que não sabe onde jogará na volta ao Brasil.
O repórter quis puxar para Palmeiras ou Coritiba, mas ele deixou em aberto.
Tem o Cruzeiro e qualquer outro que fizer a melhor oferta, né não?
* “Alex ganha estátua do Fenerbahçe e se emociona: ‘O que eu fiz para isso?'”
Rodeado por família e centenas de torcedores, camisa 10 faz discurso chorando e lembra sonho de infância realizado: trabalhar com ídolo Zico
Ter uma estátua é para poucos. Receber a homenagem em vida, mais raro ainda. O meia Alex tem isso. Ídolo do Fenerbahçe, o camisa 10 está imortalizado em uma praça a poucos metros do estádio Şükrü Saracoğlu, em Istambul. No sábado, cortou a fita, fez discurso, chorou. Mas não conseguiu ver direito a obra. Cercado por centenas de torcedores e pela fumaça da festa, Alex não teve chance de parar e admirar a escultura. Segundo sua filha Maria Eduarda, o rosto do pai está diferente. A cabeça também. Aos 35 anos, o atleta afirmou ao GLOBOESPORTE.COM que pela primeira vez na vida não tem dúvidas sobre o futuro. Já sabe o que vai fazer quando o contrato encerrar no meio de 2013. Não diz ainda para onde vai ou se ficará na Turquia, mas tem uma certeza: sua carreira está caminhando para o final.
Por telefone, poucas horas depois da emocionante homenagem, Alex contou que já pensa na transição de jogador para ex-jogador de futebol. Há oito anos no Fenerbahçe, o camisa 10 é ídolo também de Coritiba, Palmeiras e Cruzeiro. Só não deixou saudades no Parma, da Itália, e no Flamengo. Paranaenses e paulistas sonham com seu retorno em breve.
– Na minha cabeça está decidido. Mas não é momento de comentar esse assunto. Eu vivo meu momento mais tranquilo em decisões sobre a minha carreira. Quando saí do Coxa para o Palmeiras me perguntei se era a hora certa… Quando fui do Palmeiras para a Itália, foi a mesma coisa. Depois, para o Flamengo, Cruzeiro também… Será que é o momento certo?Toda hora de transferência batia uma dúvida. Às vezes, provava que estava certo. Em outras, estava errado. A ida para o Parma não ajudou em nada. Para o Flamengo foi equivocado, ruim para o clube e para mim. Tive erros e acertos, o que é normal. Sempre tive dúvidas. Hoje, não tenho dúvidas nenhuma. Estou bem resolvido, no momento certo vou divulgar o que vai acontecer – disse Alex.
Libertadores, Mercosul, Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil, Rio-São Paulo, Mineiro, Campeonato Turco, Supercopa da Turquia, Copa da Turquia e Copa América são títulos no currículo do paranaense. Ao olhar para trás, Alex diz só lamentar a derrota nas Olimpíadas de 2000. Agora, falta pouco para a rotina de treinos, concentração e jogos virar passado. O camisa 10 admite: o fim da vida de atleta está próximo, bem próximo.
– Já joguei mais de 90% da carreira. Falta um pouco, vamos tentar desfrutar o máximo de jogar bola. Sobre objetivos maiores, isso já passou. Estou na outra curva, de poder me divertir, aproveitar minha família. Minha grande preocupação é fazer a transição de jogador para ex-jogador. Para ser tranquila, não ser um choque: dormir jogador e acordar ex-jogador. Jogo bola desde os 9 anos… Deve ser um choque, confuso. Convivo com amigos que planejaram e hoje têm uma vida tranquila. Os que dormiram jogador e acordaram ex-jogador têm um processo de transição mais complicado. Quero fazer um processo já visualizando que o final está se aproximando – contou.
Apesar da estátua e da festa da torcida, a situação de Alex nesta temporada ficou complicada no Fenerbahçe. O camisa 10 reclamou publicamente do técnico Aykut Kocaman por ter ficado fora do confronto com o Spartak pela Liga dos Campeões. O brasileiro não jogou e o clube turco acabou eliminado da Champions. Kocaman participou da homenagem ao craque no sábado, e o meia garante que não há mais problemas com o treinador.
– Ele me tirou naquele jogo. No outro eu já joguei, vou jogar o próximo neste domingo. Naquele momento, era a principal partida para o clube, a chance de ir para a Champions. Mas minha vida segue normal, o técnico faz a opção dele. Isso nunca tinha acontecido comigo… Mas tenho contrato e sigo aqui – explicou.
Iniciativa da torcida e lembranças do ídolo Zico
A ideia da estátua para Alex perto do estádio do Fenerbahçe partiu de um grupo de torcedores do time há dois anos. Para fazer a escultura, um artista tirou as medidas do corpo do craque e contou com ajuda financeira de torcedores. O clube ajudou pedindo autorização para a prefeitura e depois promoveu o evento para homenagear o ídolo. Mas o dono da festa ainda não sabe como ficou a estátua…
– Eu não tive nem a oportunidade de vê-la (risos). Eu cortei a fita, tirei a bandeira do clube que estava em cima, fiz tudo. Assim que eu cortei a fita, a torcida soltou aquela fumaça que usa na arquibancada e não dava para ver nada direito (risos). Depois, a imprensa ficou pedindo foto, teve o discurso. Quando eu teria a chance de vê-la, apareceu muita gente e a segurança não estava aguentando a pressão. A emoção era grande, mas a empolgação do público era maior ainda. Por segurança, pediram para a gente sair. Maria Eduarda, minha filha mais velha, disse que a estátua é legal, mas que o rosto não parece comigo (risos). Depois, com calma, passo lá e vejo direito – disse Alex, que estava acompanhado da esposa e dos três filhos.
Enquanto a torcida se mobilizava para fazer a escultura, o meia parecia não acreditar que a homenagem realmente aconteceria. Alex diz ainda que não sabe o que fez para receber uma estátua em praça pública na Turquia.
– Eu não me sinto especial. É uma situacao diferente, não é todo dia, né? Eu não me vejo diferente de outros jogadores. Nao consigo me ver de uma outra forma, não fiz grandes feitos para as pessoas fazerem isso. Desde o dia que eu cheguei na Turquia me tratam muito bem. Eu brinco que já cheguei ídolo aqui, pois o Fenerbahçe ficou nove meses tentando me contratar. Na verdade, a ficha ainda não caiu… Eu não acredito que tenha feito grande coisa para chegar ao nível de merecer uma estátua.
Em seu discurso de agradecimento no sábado, Alex citou todos os técnicos que passaram pelo Fener desde sua chegada em 2004, mas fez uma lembrança especial ao falar de Zico. Com o Galinho, o meia foi campeão turco no ano do centenário do clube, em 2007. Mais que isso: para o paranaense, trabalhar com o ex-camisa 10 de Flamengo e Seleção foi a realização de um sonho de criança.
– É uma coisa meio louca. Nós somos brasileiros, poderíamos ter se cruzado no Brasil em algum momento. Joguei no Flamengo por alguns meses e só vi o Zico por 5 minutos. É como colocar um doce na boca da criança e tirar. A minha história com o Zico é de idolatria. Cresci vendo um Flamengo fantástico, com Adílio, Andrade, Junior, Leandro e o Zico. Depois, ele mais velho com Renato, Zinho, Bebeto, Jorginho, Zé Carlos em 1987. E ele era a referência na Seleção também. É o meu idolo maior. Durante uns dois ou três meses no início dele no Fenerbahçe, eu não conseguia chegar nem perto (risos). E ele era o meu técnico, me fez capitão, me deu muitas dicas importantes. Só fui quebrar o encanto quando ele passou um ano novo na minha casa na Turquia. Ali me dei conta que a gente trabalhava junto, que nós tínhamos virados amigos. Agradeci ao Fenerbahçe nesse sentido, de ter me dado a oportunidade de conviver com o cara todos os dias por dois anos.
Troféus na estante, lembranças na memória, uma estátua para chamar de sua na praça. E o próximo passo? Questionado se o seu futuro será verde, Alex riu, desconversou e deixou o mistério no ar para as torcidas de Palmeiras e Coritiba:
– Verde é sempre esperança.
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