Este assunto já tomou muito espaço e tempo; pelo menos para mim, e não pretendo voltar nele tão cedo.
Para arrematar, pelo menos por hora, sobre o novo Mineirão e os mandos de campo de Atlético e Cruzeiro, agradeço de forma especial ao Eduardo Schettino, ao Luciano Gonçalves e ao Daniel Kretlin.
Schettino aborda um tema que vem sendo discutido no Brasil nos últimos anos: o torcedor de menor poder aquisitivo cada dia mais longe dos estádios.
Dentro, e agora, até fora!
Luciano informa mais números de taxas cobradas para se jogar no Mineirão.
O Daniel vai ao “x” da questão do Mineirão, entregue à Minas Arena: obedecendo ao edital de licitação, governo terá de ajudar a manter o estádio.
Um edital maluco, que previa os lucros maiores para o consórcio das empreiteiras e a divisão de despesas para os clubes, os donos do público.
O Dr. Gilvan precipitou-se ao assinar logo o contrato com a Minas Arena, na ânsia de dar uma notícia boa aos cruzeirenses, incomodados com o acordo do Atlético envolvendo o Independência.
Para que tenham a ideia do tamanho do absurdo desse edital do Mineirão, vencido pela Minas Arena: caso a Ambev aceite a proposta de comercializar os seus produtos no Mineirão, pagará R$ 10 milhões, por ano.
E os clubes, donos do público, não ficam com nem um centavo dessa e da maioria das fontes alternativas de arrecadação.
E, especialmente para dois cruzeirenses assíduos do blog, muito bem informados e que conheço pessoalmente: o engenheiro João Chiabi Duarte e o advogado Anderson Palestra: nenhuma multa prende o Atlético ao Independência, pois a BWA é parceira, mas quem dá as cartas é o clube.
Enquanto prevalecerem as regras estipuladas pelo edital vencido pela Minas Arena, dando a parte do leão para as empreiteiras, o Atlético não jogará lá.
Quando foi aberto o processo de licitação, uma das maiores empreiteiras do país, a Andrade Gutierrez, procurou saber se os dois clubes jogariam no novo estádio. Alexandre Kalil disse aos executivos dela, na sede do Atlético: “da forma que o edital trata o interesse dos clubes, não”.
Diante disso, ela nem entrou no processo.
Eis os comentários do Schettino, Luciano e depois do Daniel:
“Caro Chico,
Quem passa pelo Mineirão, a “casa do povo”, não pode deixar de perceber um detalhe: a vista se dá por entre grades. São as grades que separam a casa do povo, os endinheirados, que podem pagar R$ 700 por um ingresso para assisitir ao show do Elton John, dos desdentados, que venderão suas latinhas e espetinhos bem longe dali. É um enredo patrocinado pelo dinheiro público, que necessita do entusiasmo da classe média, da conivência das elites e da passividade das massas. Políticos, empresários e seus testas-de-ferro só sobrevivem no esquema porque separam a verdade dos fatos, e os “grandes” órgãos de imprensa dão o serviço. Aliás, é cada dia mais difícil separar jornalista e político, jornalismo e política. É o “quarto poder” fazendo agora, com mais voracidade e menos escrúpulos, o que os outros três já faziam desde a constituição dos Estados Nacionais. É o mundo em que vivemos. Mas quem escapa da alienação e sobrevive à indignação ainda encontra aqui e ali alguns “bunkers” onde as pessoas podem se expressar mais livremente, onde o jornalismo é exercido com dignidade.”
Eduardo Schettino
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Luciano Gonçalves:
No mineirão se paga da renda bruta assim como todo estádio do país de 10% de FMF, 5% de INSS, 2% ISS, além disso são cobrados 22% para a Minas Arena( não sei se o cruzeiro vai pagar essa taxa mas pela questão da isonomia o mesmo contrato oferecido para o cruzeiro deve ser oferecido ao galo), só isso dá 39 % da renda bruta sem direito a porcentagens dos setores mais lucrativos do estádio, o cruzeiro assinou por 25 anos um contrato que não é mais compatível com a realidade do futebol mundial.O Juventus de Torin jogava num estádio municipal que cabia 69 mil pessoas e construiu uma arena para 41 mil pessoas, acho que a ampliação do estádio independência para umas 32 mil pessoas ( que por sinal não se fala mais nisso) seria uma boa para o atlético mas não é a solução ideal, o galo tem que procurar uma construtora e tentar viabilizar a construção de um estádio próprio para pelo menos 45 mil pessoas
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Daniel Kretlin escreveu:
“Tudo isso é culpa do nosso maravilhoso governo! Querem impor aos times que joguem no Mineirão para encher o bolso da Minas Arena. O que de fato aconteceu é que o Gilvan não aceitava mandar o clássico no Mineirão pras duas torcidas se no mando do Galo seria torcida única. Ontem ficou uma vitória pra cada lado: o Kalil não vai ser obrigado a mandar os jogos do Galo no Mineirão e pra compensar para o Cruzeiro, eles ficarão com a renda, o que é obviamente um prejuízo para o Atlético, pois o justo seria a divisão. Por isso também o Kalil, em reprimenda, vai teimar e mandar os clássicos no Indepa e liberar só 10% de ingressos para o Cruzeiro, conforme foi conversado ontem, em ausência de acordo, cumpra-se o estatuto do torcedor!
O certo disso tudo é que só um time não mantém o Mineirão, o governo de Minas terá que complementar o faturamento da Minas Arena e se o Cruzeiro não lotar seus jogos, tomará muito prejuízo. Espero que agora todos vejam que os dois times precisam de um estádio próprio, e construam e deixem o Mineirão para os shows de música, pois o que o governo fez foi uma grande palhaçada nesse contrato onde apenas a Minas Arena lucra.”
Daniel
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