Blog do Chico Maia

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Para quem valoriza a cidadania e para os descamisados mentais

De vez em quando o Rodrigo Araújo envia ótimos comentários sobre futebol e outros assuntos. Não o conheço pessoalmente, mas sei que é profissional liberal, da área da saúde, e amigos comuns já me disseram que trata-se de uma grande figura e brilhante no que faz.

Andava sumido e reapareceu anteontem para falar do tema do momento: Mineirão.

Mandou um desabafo, que está na garganta de muitos, inclusive termos mais pesados, que vi pela primeira vez em seus textos.

Penso como ele na maioria do que ele escreveu, só não chego a concordar com as expressões mais carregadas.

O problema maior desse tipo de situação no Brasil; em Minas principalmente, é que a população nunca é ouvida para nada. Só é chamada a participar para entrar com dinheiro, em forma de ingressos pagos, taxas ou impostos.

Para 2013 e 2014 ao invés de promover concursos públicos, a CBF e a FIFA impuseram as marcas, mascotes, nomes de bolas, cartazes de cada sede, fazendo questão de manter distância do povo, esse “nojo”. Peças feias ou questionáveis estão aí no mercado e vão se tornar bilhões de dólares no Brasil e no mundo em forma de camisetas, chaveiros, bonés, canetas e todo tipo de souvenir.

A maioria dos projetos de estádios foi feita sem concurso ou licitação, Mineirão inclusive. Tudo muito caro, milhões investidos, de dinheiro público, sem a participação de cidadãos comuns, sem padrinhos ou parentes políticos.

Graças a concursos públicos o mundo conheceu grandes arquitetos, designers, engenheiros, e tantos outros profissionais de várias áreas, muitos recém saídos das universidades, que se revelaram brilhantes.

A Copa do Mundo seria a oportunidade ideal para milhares de talentos brasileiros se apresentarem país afora e ganharem o mundo com o seu talento e trabalho.

Mas, não. Perdemos esta chance.

No Brasil é quase sempre na base do compadrio e interesses inconfessáveis; ações entre amigos!

Por isso entendo a revolta do Rodrigo, que é a indignação de todo mineiro e brasileiro que vice do seu trabalho e cumpre com as suas obrigações cidadãs.

Há também muita gente, incontáveis, que mistura isso com futebol, que vê conspiração a favor ou contra Atlético e Cruzeiro, em qualquer assunto que possa afetá-los. São os chamados “analfabetos políticos”, que podem ser chamados também de “analfabetos da cidadania” ou descamisados mentais.

Muitos desses me escrevem, xingando, exigindo que eu só fale de futebol, coitados!

Vamos ao desabafo do Rodrigo Araújo, de Belo Horizonte:

* “Oi Chico Maia. Começamos 2013 mal, na esfera futebolística. Fui ao “novo” “Mineirão” e tenho lido os comentários a respeito. Imagino que sua caixa postal está pipocando. Não iria escrever, mas como vc vai na TV Assembléia, talvez seja útil o que eu vou contar.

 Bom, pra começar, vc é dos poucos jornalistas que afirma que o antigo Mineirão era melhor, oferecia melhores condições de tudo. Eu penso que por dentro, pra quem fica do meio pra baixo melhorou demais. A arquibancada superior não se sobrepõe à inferior, o que causava muita sombra e tornava a arquibancada inferior um local desagradável para se ver os jogos. Hoje a parte superior está muito abafada (fiquei lá no alto, num dos últimos lugares, na torcida do América), pela extensão da cobertura, que diminuiu demais a circulação de ar. No calor forte vai ter gente passando mal, se estiver cheio.

 A tal de esplanada, que muitos elogiaram, na minha opinião foi um erro estúpido. Tirou a praticidade do estacionamento (conforto do torcedor), que deveria aumentar e não diminuir 50%. Aquilo é de uma falta de inteligência absurda. É tudo cercado. Um espaço daquele, que afunila em direção ao portão é perigosíssimo. Se houver um tumulto (o que não é pouco provável), vai ocorrer efeito manada e a coisa pode ser trágica. Quando havia o estacionamento, as pessoas saíam do estádio e andavam entre os carros, diluindo e desacelerando a multidão num grande espaço. Agora, não. O espaço da esplanada é amplo e longo, a multidão acelera, e, pior, afunila.

 Em relação ao estacionamento na rua, falta de água e comida, acho que são fáceis de se resolver. A burrice não pode ter teimosia junto. E a vaidade e o orgulho dos integrantes da Minas Arena foram pro espaço, eles não vão querer repetir o vexame. O problema maior é a obra. Do lado de dentro, tudo bem, ficou legal, só precisam criar ventilação. Afinal, na Europa o clima é mais ameno e este modelo de estádio atende bem. No verão europeu não tem futebol. É férias. Então ninguém fica sufocado no alto de um estádio como o “nosso”. Mas a obra que foi feita do lado de fora, para agradar à antipática e corrupta FIFA, foi péssima para o povo. Parece que a FIFA vai bancar eventos por muitas décadas e que o povo mineiro é que só vai usar por um mês.

 

 Pra finalizar, o tratamento que o público recebeu foi aquele dado ao penetra indesejado na festa. Pra nunca mais pensar em voltar. Eu, que não tenho compromisso com governador, nem com a Globo, nem com a Copa (sou contra), não preciso fingir que a obra foi boa e só a falta de água e comida foram problemas. Acho que, no geral, ficou uma merda. O estádio deveria ser “batizado” como Merdeirão ou Chacotão.

 

 Tiraram um espaço que era amplo, dava sensação de liberdade, era do povo, era democrático pra caramba, onde as pessoas se igualavam nas arquibancadas. Impressionante como as coisas pioram. Os políticos, pela incompetência e despreparo, além do desleixo com o povo, só burocratizam tudo, só tornam tudo pior. Gostaria que algum dos envolvidos no projeto apontasse um ítem entre compra de ingresso, até o xixi do banheiro que foi facilitado para o uso do povo. Ficou muito mais caro e muito pior. Estou revoltado. Já estava com antipatia absurda dessa copa, vem o nosso governo querer fazer bonito pros outros, atrapalha a vida dos clubes, que ficaram sem estádio e depois entregam o Mineirão para uma empresa ridícula, que fez uma obra digna de se jogar na privada e dar descarga. Ah, e foi sem licitação. Em 2014 vou viajar pro exterior um mês e torcer pro Brasil dar um grande e campeoníssimo vexame, dentro e fora de campo. Eles merecem!”

Rodrigo Araújo


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Comentários:
30
  • Marcos Almeida disse:

    Chico Maia falou tudo nesse blog. Disse todos as causas, razões, motivos ou circunstâncias de o Brasil nunca chegar ao padrão de primeiro mundo.

  • KLEBER SOUZA disse:

    Carissimos leitores,
    Pior é aqui em Brasília, estão construindo um elefante branco mais caro do Brasil!
    E ninguém fala nada!!!
    Precisamos no unir para que fatos como esses que estão acontecendo agora no futuro não aconteçam, que sabe não começamos neste espaço.
    Um abraço a todos

  • Aroldo Geraldo F. Dias disse:

    Belo texto, este do Rodrigo Araújo, pena q não posso viajar ao exterior para ficar livre deste “ufanismo” q vai transformar esta copa patrocinada pela toda poderosa e alienadora Rede Globo de televisão, mas em compensação vou assistir de camarote, este q espero ser o maior vexame do Time da CBF nos gramados. Chamo de TIME por q me recuso de chamar de SELEÇÃO BRASILEIRA isto q esta ai administrato pela CBF q não pode falar em nome do povo brasileiro.
    Um abraço!

  • audisio disse:

    Manchete do ESPN já semeando a discordia deixando entender que o Tardelli que jogar na posição do Bernard!

    “Sem posição definida por Cuca, Tardelli diz que gosta de jogar na função de Bernard”.

    Os Paulistas estão preocupados com o Galo, porque não são cruzeirenses e não estão cegos de paixão enchergando só Anselmo Ramom.

  • Diego disse:

    Caro Mauro de Cons Lafaiete, viajar na época da copa pra fora do país deve ser mais barato, se o cara pode, bom pra ele. Mas, ficar e aplaudir essa palhaçada, ajudando os políticos a fazer bonito, é virar vaca de presépio

  • João Amaro disse:

    Parabéns ao Eduardo Schettino pelas sábias palavras!

  • Vinicius Campos disse:

    Belo comentário e desabafo. Chico desde o início das eleições para a copa de 2014 eu e com certeza a maioria dos brasileiros já sabíamos que o legado da copa para o o povo seria este. Escândalos, corrupção, desvio de verbas, obras sem licitação e por aí vai. O tão proclamado legado que a copa deixaria somente está nos bolsos enormes dos corruptos e da banda podre da nossa política. Eu não sou adepto de teorias de conspiração e afins mais vejamos os fatos. O Brasil foi candidato único a sediar a copa de 2014. O que aconteceu com os outros pretendentes? Ninguém quis a copa em seu país? Como assim? Até a Colômbia que ameaçou entrar na briga tomou um sossega leão da Fifa. Desde o início eu sabia que a copa do mundo do Brasil estaria abarrotada de negócios escusos. E está aí pra quem quiser ver. A Fifa enche a boca pra falar que “este é o último aviso ao governo do Brasil, não vamos tolerar mais atrasos”. Alguém pode me sitar um único lugar onde algum aeroporto foi preparado para a copa? Em que lugar o transporte público foi melhorado? Alguém por favor me diga onde houve alguma melhora na infra estrutura do país para receber a famigerada copa. Nós o povo que somos a razão de ser do nosso país sabe o que vamos ganhar? Um belo que se danem como foi feito no Mineirão. Um Gigante que um dia acomodou mais de 130.000 pessoas hoje não passa de uma mera arena empurrada guela abaixo no povo mineiro. A copa do mundo de 2014 somente é no Brasil porque nos bastidores existe alguma coisa muito grande entre FIFA e o Brasil. tem algum rabo preso e dos grandes.

  • Mauro (Cons. Lafaiete) disse:

    Concordo com a parte referente ao Mineirão.

    No mais, para quem pode deixar o país por um mês, tudo bem.

    Também sou contra a copa, mas para os que ficam, já que a tal “merda” está feita, temos é que torcer pra dar certo, afinal, não são só os políticos que seriam ridicularizados. Todo o povo brasileiro seria motivo de chacota.

    Portanto, seu “doutor”, vou torcer para o Brasil sim, e muito. Vexame dá quem abandona o país nessa furada e torce contra.

    Temos que ser os melhores, principalmente fora de campo, mostrando muita simpatia ao mundo. A África não é certamente o melhor país do mundo, mas ficou muito mais bonita por causa da alegria de seu povo.

    Não daremos vexame, porque nós merecemos!

  • Nelson Henrique disse:

    O ano? 1944. O Local? Bretton Woods. Era lançado um novo Padrão Monetário Mundial, que adotava o dólar como moeda referencial.
    O ano? 2013! O Local? Enseada das Garças/Mineirão! Está sendo lançando um novo Padrão. Serão abolidas as moedas e teremos!!!!!!!!! “A FIDELIZAÇÃO”
    O sistema funcionará da seguinte maneira:
    Ao adquirir um veículo, basta apenas dizer que será fiel àquela marca por no mínimo 25 (vinte e cinco) anos que não lhe será cobrado nada. Fidelizando a uma marca de combustível, o mesmo também sairá de graça.
    Para comprar um apartamento basta, comparecer a uma construtora ou imobiliária e dizer que se compromete a morar durante no mínimo vinte e cinco anos no imóvel, que este lhe será entregue sem nenhum custo.
    Uma cervejinha e um tira gosto? Basta comparecer ao Bar do Claytinho Só Boleiro no Nova Vista declarando a sua fidelidade pelos próximos vinte e cinco anos, que nunca mais lhe será cobrado nada. Cerveja e tira gosto da melhor qualidade à vontade
    E claro que estas empresas não recebendo nenhuma moeda, também irão pagar aos seus empregados, impostos e outros custos através da fidelização. O empregado terá o direito de trabalhar durante vinte e cinco anos na empresa sem receber um centavo. Nada mais fiel do que isto, não é mesmo?
    E assim todos aqueles que crerem nesta fantasia estarão assentados pacientemente esperando a chegada do dia 25 de dezembro, data esta, em que Papai Noel irá à casa de cada um entregar vários presentes, em retribuição à sua credulidade.
    E depois reclamam que os políticos prometem mundos e fundos para se elegerem e depois dão uma banana para os eleitores.
    Para os crédulos de plantão não estou tentando conturbar nada. Espero que o time da Enseada das Garças continue a jogar no Mineirão, não somente pelos próximos vinte e cinco anos, mas talvez por trinta e cinco, sempre acreditando naquele borderô Mandrake. Isto se não quebrar antes.
    O que eu espero é que os atleticanos não caiam nesta esparrela pressionando o Kalil a assinar com esta empresa, nos moldes de hoje, como já foi visto em alguns comentários aqui no Blog.
    Deixe esta pressão apenas para aquele tipo de empresa jornalística que necessita do dinheiro das propagandas públicas para sobrevir

  • Richard disse:

    Bem falado! Acredito que o que está errado tem solução. Só que vai acontecer a conta-gotas porque terão de arquitetar a corrupção.
    O tempo dirá a todos que, nessa história, quem está certo é o Kalil com a Arena Independência.
    Também sou de opinião que a Copa do Mundo não deveria ser aqui. Eu acho que ela vai expor o Brasil ao ridículo. Ora, se eu estiver errado, ganha o Brasil e eu dou minha mão a palmatória.

  • EDUARDO - BH disse:

    Ainda não fui conhecer o novo mineirão. Mas lendo este depoimento sobre o projeto do estadio,e, sabendo ainda que o mesmo custou caro e sem licitação, dá para ficar mais revoltado ainda.
    A questão da ventilação nos projetos arquitetonico é um item de suma importancia e muito básico. Qq academico de arquitetura sabe disso, e aprende ainda nos primeiros anos de graduação a importancia de trabalhar este item na elaboração de projetos.
    A diminuição de vagas no estacionamento associado à falta de transporte publico eficiente é tbém um erro grotesco e na minha opinião o pior deles.

  • Fabiano disse:

    Concordo com tudo dito pelo rodrigo, inclusive com as expressões chulas… É por ai mesmo, o povo já está cansado de ser politicamente correto.

  • thales rosa disse:

    Chico na questão dos bilhoes com marcas, bonecos, camisas e chapeus eu discordo, a FIFA vai se dar mal nessa porque ela esqueceu que o Brasil é o país da informalidade aqui o cara pega uma marca ou um simbolo imprime em camisetas e vende no camelo, vende bones, vende chaveiros, enfim usa qualquer marca sem pagar um centavo por direitos autorais.

    Não que isso seja certo! Pelo contrario! Mas no caso da FIFA espero que os caras falsifiquem muito aquelas marcas toscas como, Fuleco, Cafusa, suszeco e sei la mais oque.. Tomara que a fifa nao ganhe um centavo.

  • Marco Antonio (Marquinho) disse:

    Parabéns pelo texto!

    Só reforça a minha tese que nós torcedores somos apenas detalhe!

    O Brasil difícil “sô”…..

  • Lucas Viana disse:

    Grande Chico, blz?

    eu estive no clássico domingo e cheguei a comentar com os amigos essa situação da cobertura, o vão livre ficou menor e jogo a tarde o calor ficar insuportável, não há ventilação, e sem água achei que não ia “guentaaa” haha…
    outro ponto, a tal da esplanda!! que coisa ridícula!! antes a gente podia caminhar pelo estacionamento que tinha bastante árvores, em jogo a tarde era uma maravilha!! domingo o sol forte combinado com o reflexo daquele monte de cimento que virou a tal esplanda ficou uma m…todo mundo se lascando no sol…tava complicado!! única coisa que vi de bom foi a proximidade das cadeiras inferiores com o gramado, ficou bom pra ver o jogo…no mais, uma merda!! concordo com o post do amigo!! lamentável!! ainda bem que o GALO jogará no “barracão” do horto, deixem elas na “mansão – toca 3″…. abraço, Chico

  • João Amaro disse:

    Como diria o personagem João Plenário, do Saulo Laranjeira: “Concurso aberto ao público não enche meu bolso! Bom pra mim é obra sem licitação, projeto sem licitação, superfaturamento, construção de outros dois estádios enquanto o outro não fica pronto, uso de material de segunda, compra de gato por lebre……..
    Parabéns ao Rodrigo pelo texto, inclusive pelos “mais pesados”! Tenho certeza de que ele queria usar termos ainda “melhores”, mas que seriam impublicáveis.
    Bom carnaval a todos!! Divirtam-se porque a cachorrada em 2013 só está começando!

    Ah… um amigo meu disse que vai ao Mineirão somente na Copa das Confederações. Ele me falou que nesta competição será vendido cerveja, já que é uma competição internacional, que receberá torcedores de melhor nível. Ele disse que desde que foi proibida a venda da gelada, nunca mais foi a campo e que vai matar a saudade.
    Nosso País é uma vergonha!!

  • ANTONIOPAULINO MIRANDA disse:

    chico maia em que ano morreu aldair voiane pinto, radialista

    ficaria muito agradecido pela sua informação

    – Belo horizonte MG

  • ANTONIOPAULINO MIRANDA disse:

    chico maia em que ano morreu aldair voiane pinto, radialista

    ficaria muito agradecido pela sua informação

    – Belo horizonte MG

  • Marcelo Sat disse:

    Chico,
    Li essa matéria que saiu na “revista piaui” do Estadão. Dá um retrato do que vem acontecendo com o futebol no mundo, tendo a Inglaterra como referência.
    O texto é longo, por isso não postei no blog ( não sei se poderia ), preferindo envia-lo diretamente a voce – que pode publica-lo se achar conveniente.
    Abraços Celestes ( rsrsrs )
    MarceloSat

    Segue o texto e o link:

    O esporte que vendeu a sua alma

    Como o rude desporto bretão se tornou um ramo privilegiado da indústria do entretenimento

    por Marcos AlvitoTamanho da letra: A -A +A +/-Imprimir:
    “Não quer que o chutem também, vagabundo jogador de futebol?” É com essas palavras, seguidas de um pontapé, que o leal conde de Kent agride um mordomo que ousara desrespeitar o rei. É uma cena da tragédia Rei Lear, escrita há 400 anos por Shakespeare. Naquele tempo, o futebol era considerado um jogo da ralé, e ser chamado de jogador era um xingamento. Não era para menos, porque consistia em um enfrentamento generalizado entre duas aldeias, muitas vezes com vítimas fatais. A turma tentava carregar uma esfera de couro – geralmente a bexiga de um animal – até a aldeia adversária. Lá chegando, a comemoração era quebrar tudo. Não havia nenhuma regra, e a balbúrdia era tanta que reis e autoridades tentaram proibir o jogo durante séculos.

    Em Islington, ao norte de Londres, fica o estádio do Arsenal. O clube foi fundado por operários de uma fábrica de munições e até hoje o bairro onde fica o Emirates Stadium é relativamente pobre. Para chegar ao estádio, seguindo as placas colocadas desde a estação de metrô, passa-se por um restaurante boliviano, lojas por alugar, um pub que ostenta várias bandeiras do clube e um escritório onde imigrantes africanos podem enviar dinheiro para seus parentes. Contrastando com a vizinhança, o Arsenal é um dos clubes mais ricos do mundo e o canhão, símbolo que remete às suas origens, agora jaz numa parede revestida de mármore.

    O Emirates Stadium, um colosso de concreto que mais parece um aeroporto ou um shopping center, custou 400 milhões de libras (1,6 bilhão de reais). Embora comporte mais de 60 mil torcedores, comprar ingresso para um jogo do Arsenal é missão quase impossível. Ingresso garantido, só para os que têm um cartão permanente (o season ticket) que dá direito a assistir a todos os jogos. Custa a bagatela de 990 libras (cerca de 4 mil reais), mas a lista de espera pode demorar até quinze anos. Para ficar na lista, é preciso pagar 45 libras (180 reais). Descendo um degrau na hierarquia pecuniária dos torcedores (ou consumidores?), há os sócios-torcedores. Pagando cerca de 30 libras (120 reais) por ano, eles podem comprar ingressos para todos os jogos – mas só depois de descontados os reservados aos que têm o cartão permanente. Nesse caso, os ingressos custam 40 libras (160 reais), no mínimo. E existe, finalmente, a categoria dos reles mortais, que poderão comprar ingressos só se sobrar algum. Os quatro grandes times (Arsenal, Chelsea, Liverpool e Manchester United) praticamente não vendem ingressos assim, pois os donos do cartão permanente e os sócios-torcedores fazem valer seus privilégios. Para os outros times, ainda é possível comprar um ingresso ou outro para jogos menos importantes.

    Depois de dias de tentativas, consegui finalmente comprar um ingresso para o jogo do Fulham contra o Bolton Wanderers, talvez por acontecer numa quarta-feira à noite: pontapé inicial às 19h45. E sem dúvida porque a partida equivalia a um Náutico x América-RN. Paguei a módica quantia de 32 libras (128 reais) para sentar em um buraco na primeira fila, um ótimo lugar para ver a marca das chuteiras dos jogadores. Com o mar de chuva e o frio – o verão inglês ainda não foi informado do aquecimento global -, eu teria direito a ficar encharcado e batendo queixo por noventa minutos. Depois de uns quinze minutos, fui para um assento na parte coberta, bem sequinho. Pena que era em frente a uma das colunas de sustentação da arquibancada.

    Os clubes da primeira divisão não teriam necessidade, aparentemente, de cobrar tão caro pelos ingressos. Somente com direitos de transmissão das próximas três temporadas, os vinte clubes da divisão de futebol mais rica do planeta ganharão 2,7 bilhões de libras (cerca de 11 bilhões de reais). A isso se soma a venda de inúmeros produtos. Se não se consegue comprar ingresso para um jogo do Arsenal, é possível freqüentar uma das duas gigantescas lojas do clube. Na ausência de dribles, passes milimétricos e cabeçadas certeiras, há quem se contente com uma caneca vermelha, bolas de golfe com o símbolo do canhão, meias, chaveiros, almofadas, pijamas, canetas, balas, cadernos, chocolates, relógios e até camisas do Arsenal com o nome do torcedor gravado, a quase 200 reais cada uma.

    Além das quinquilharias, o fiel torcedor poderá gastar o seu dinheiro com o Arsenal de diversas maneiras: fazendo a assinatura da tevê a cabo para ver os jogos, pagando para receber mensagens no seu celular com as últimas notícias do clube, comprando um passe eletrônico para ver os gols pela internet, adquirindo o DVD da última temporada ou as dezenas de enciclopédias, biografias e autobiografias que são publicadas todos os anos. Caso não seja suficiente, pode-se apostar em dezenas de lojas diferentes, e pela internet também. Apostar em tudo: se o Arsenal será campeão, se vai ser rebaixado, se irá se classificar para as copas européias, quanto vai ser o placar do jogo, quem vai marcar o primeiro gol, em que minuto da partida… Sem falar no pão-nosso-de-cada-dia: as páginas esportivas dos jornais, as revistas especializadas e, é claro, a cervejada no pub com os amigos, vendo e comentando os jogos da rodada.

    Como o jogo da ralé virou uma máquina de fazer dinheiro? O processo se confunde com a transformação de um jogo rural violento e selvagem num esporte praticado nas escolas mais aristocráticas da Inglaterra. Os professores tinham enorme dificuldade em conter pupilos originários de uma camada social superior. Os filhos da aristocracia desrespeitavam e, às vezes, agrediam seus mestres. Eram o terror da região em torno das escolas: estupravam camponesas, destruíam pubs, batiam nos aldeões. Entre eles mesmos havia violência. Os calouros eram tratados pelos veteranos como servos, inclusive no abuso sexual. Os diretores tiveram a idéia de canalizar a energia destruidora para uma atividade física.

    Foi assim que, usando o pátio do colégio como campo, aos poucos o futebol virou um esporte, embora de início as regras fossem transmitidas oralmente e variassem de escola para escola. Como jogar era privilégio dos veteranos, durante muito tempo os calouros serviram apenas para marcar a linha lateral. A idéia funcionou e, com o tempo, os diretores conseguiram diminuir as arruaças nas escolas. Eram apoiados pela Igreja, que professava a doutrina do “Corpo são em mente sã”. Cansar os meninos era uma maneira de evitar os pecados. Os alunos cresciam e iam para as melhores universidades, aonde chegavam com vontade de bater bola. Havia um problema: os alunos vinham de escolas diferentes e não existia uma regra comum. Algumas escolas permitiam carregar a bola com as mãos e chutar livremente a canela dos adversários. Era a regra da escola do Rugby Football, de onde derivou o rúgbi. Antes das partidas, os times tinham que combinar com quais regras jogariam. Até que uma reunião interclubes na Freemasons’ Tavern, em 1863, adotou a regra que proibia o uso das mãos (exceto para o goleiro) e os pontapés (a não ser na bola).

    As federações e campeonatos foram criados com impressionante rapidez. O motivo: a ralé, que inventara o jogo e o havia praticado durante séculos, apesar das proibições, aderiu logo ao novo esporte. Ele passou a ser jogado, nas cidades, pelos operários que fizeram a revolução industrial, ganhando salários miseráveis e morando em cortiços insalubres. Quando eles se organizaram em sindicatos e conseguiram arrancar dos patrões a meia jornada de trabalho aos sábados, aproveitaram o tempo livre para jogar futebol. Por isso, até hoje, o horário tradicional do futebol na Inglaterra – cada vez mais desrespeitado pela televisão – é sábado, às três da tarde, a hora em que o pessoal largava o macacão e calçava as chuteiras.

    Jogado ou assistido, o novo esporte logo se tornou o principal divertimento dos moradores das cidades (junto com o álcool). Inclusive as mulheres jogavam, até 1902, quando a Football Association proibiu os clubes de manterem equipes femininas. Todo mundo lucrava: o industrial via seus operários criarem mais um vínculo com a fábrica, o dono do pub vendia mais cerveja, os jornais vendiam como nunca; surgiram empresas de material esportivo, prometendo a bola mais redonda e a chuteira mais possante. Depois dos times de fábrica, vieram times de paróquias, times dos freqüentadores de pubs, times de profissionais liberais e aristocratas. À medida que a Inglaterra expandia seu império, o futebol ganhava novos adeptos nas colônias, até se tornar o esporte mais popular do planeta.

    Enquanto se alastrava pelo mundo, na pátria-mãe do esporte, contudo, o público diminuiu ano a ano, entre 1950 e 1986. A única exceção foi em 1966, quando a Inglaterra ganhou, em casa, sua única Copa do Mundo (graças a uma bola que não entrou). Entre 1985 e 1986, o público inglês do futebol alcançou o número mais baixo da história: 16,5 milhões de espectadores, contra 41 milhões em 1949. Embora a partir de 1986 tenha havido uma recuperação, a grande virada ocorreu com a criação da primeira divisão, a Premiership, em 1992.

    A nova primeira divisão do futebol foi financiada por um espetacular contrato de exclusividade, firmado com a BSkyB, tevê a cabo do bilionário australiano Rupert Murdoch, que queria usar o futebol como ponta-de-lança para a implantação da televisão por assinatura na Inglaterra. Os ingressos aumentaram enormemente de preço: cerca de 300% nos sete anos iniciais da primeira divisão. A majoração não visou somente a melhorar os balanços financeiros dos clubes. Um dos seus objetivos era substituir os torcedores de origem operária por consumidores de classe média, excluindo os indesejados por meio de preços proibitivos. Era a transformação do futebol num ramo privilegiado da lucrativa indústria do entretenimento.

    Em nome da segurança, desencadeou-se um processo de higienização dos estádios de futebol, agora transformados em shopping centers ou, nas palavras dos sociólogos Tim Crabbe e Adam Brown, “‘palácios do prazer’ onde o espetáculo é ‘produzido’ para uma variedade de ‘consumidores'”. Os estádios de futebol, antes considerados territórios sagrados dos clubes e de seus torcedores, muitas vezes são vendidos para construtoras, erigindo-se “arenas multiuso” em lugares distantes do bairro onde tudo começara, privando a vida comunitária de um dos seus centros mais importantes. Os novos estádios, exatamente como no modelo americano, tomam o nome das empresas que os financiaram ou, como se costuma dizer, dos patrocinadores do clube: Reebok Stadium (Bolton Wanderers), Ricoh Arena (Coventry City), Emirates Stadium (Arsenal), Kingston Communications Stadium (Hull City), Walkers Stadium (Leicester City) etc. Os campeonatos, devido à inevitável veiculação de notícias na mídia, agora também vendem seus nomes: a primeira divisão é Barclays Premier League e a segunda é chamada (com todos os cacoetes do marketing) de Coca-Cola Championship.

    Dinheiro não tem alma e tampouco nacionalidade. Nove dos vinte clubes da primeira divisão têm proprietários estrangeiros. Inglês ou não, quase nenhum deles é verdadeiramente ligado ao futebol. São pessoas como um ex-cabeleireiro que fez fortuna como dono de cassinos (Birmingham City), um empresário islandês (West Ham), os herdeiros de um barão da indústria do aço (Blackburn Rovers), o dono da cadeia de restaurantes Planet Hollywood (Everton), um ex-primeiro-ministro da Tailândia investigado por corrupção (Manchester City), um milionário da indústria da carne e um peso pesado do mercado financeiro (Liverpool), um mal-afamado bilionário russo da indústria do petróleo (Chelsea) e o dono do Cleveland Browns, um time de futebol americano (Aston Villa).

    Quem está prestes a ingressar nesse seleto, mas pouco respeitável clube, é o oligarca da indústria dos metais Alisher Usmanov, amigo de Vladimir Putin e conhecido como “O homem duro da Rússia”. Um título e tanto, em se considerando o estilo de negócio que hoje lá impera. Ele está prestes a comprar o Arsenal, o último dos quatro grandes ainda em mãos inglesas. O curioso é que os bilionários nem se importam em tomar prejuízo. Numa única temporada (2005-2006), o todo-poderoso Roman Abramovich, dono do Chelsea, perdeu 80 milhões de libras (320 milhões de reais).

    Como também é da tradição inglesa, criaram-se associações de torcedores de resistência à mercantilização absoluta do futebol. A “tomada” do Manchester United pelo milionário americano Malcolm Glazer é um exemplo. Os torcedores invadiram as lojas dos patrocinadores cantando e atrapalhando os negócios. Iniciaram boicotes contra essas mesmas empresas e até contra o clube, ameaçando não renovar seus season tickets. Acontece que o “Man U”, como é conhecido o time, tem dezenas de milhões de torcedores na China, no Japão, na Coréia. Ou seja, não é mais um clube, é uma multinacional do entretenimento esportivo. Vencidos, mas não derrotados, os torcedores ingleses do Manchester viraram as costas para o clube e prometeram nunca mais voltar – e nem assistir aos seus jogos pela televisão. Em 2005, criaram um novo clube, o FC United of Manchester, e começaram tudo de novo, a partir da décima divisão. “Os Rebeldes”, como se intitulam, foram campeões logo no primeiro ano e no segundo ano subiram novamente, agora para a oitava divisão. Inspiraram-se no exemplo dos torcedores que criaram o AFC Wimbledon, em 2002, insatisfeitos com aquilo que um torcedor chamou de “o roubo do nosso clube”: a transferência do estádio para uma localidade distante a mais de 100 quilômetros.

    Os exemplos pululam. Inconformados com a venda do estádio do clube para uma companhia imobiliária, torcedores do Brentford formaram um partido, que lançou catorze candidatos (um deles foi eleito) em um pleito regional. A resposta mais original, e literalmente na mesma moeda, veio do grupo que criou o site MyFootballClub. A idéia é tão simples quanto genial. Por 35 libras (140 reais), menos do que um ingresso para um jogo da primeira divisão, você se torna dono e técnico de um time de futebol. Promoção “Paga um, leva dois”: torna-se dono porque o clube será dirigido a partir do voto unitário dos milhares de proprietários; e técnico porque terá direito a escolher a escalação da equipe, sem ter de ficar eternamente reclamando do time com quatro volantes de contenção. “Parece brincadeira, mas não é. Cerca de 20 mil pessoas aderiram e, com as 700 mil libras arrecadadas, em novembro passado o site anunciou que havia fechado um acordo para comprar pelo menos 51% das ações do Ebbsfleet United, um time da quinta divisão.”

    Há também aqueles que continuam a torcer pelo seu clube e a freqüentar os estádios; estes têm nos fanzines uma forma de expressar seu descontentamento. Tais fanzines são publicações dos torcedores que começaram a ser divulgadas na segunda metade dos anos 80, inspiradas em fanzines musicais que existiam desde meados da década de 70, ligados, sobretudo, aos punks. Eram, em parte, uma reação à histeria da imprensa e das autoridades em relação ao hooliganismo, e àqueles que tendiam a ver em todo torcedor um criminoso em potencial.

    Os fanzines foram importantes para agrupar os torcedores em defesa dos seus interesses, pois levaram à criação de associações. Serviram para lutar contra o aumento do preço de ingressos, contra a venda do estádio do clube e também como plataforma para enfrentar problemas mais amplos, como o plano governamental (da época de Margaret Thatcher) de implantar um cartão obrigatório para identificar o torcedor que quisesse freqüentar o estádio. Entre 1988 e 1990, o número de fanzines saltou de vinte para mais de 200, graças à facilidade de edição proporcionada pelos computadores. Com o desenvolvimento da internet, os fóruns de torcedores hoje são os sites e listas de discussão, mas alguns fanzines ainda persistem.

    Somente no jogo entre Birmingham e West Ham, pude comprar dois deles: The Zulu e Made in Brum. O primeiro é o mais radical e engraçado. A relação de amor e ódio mantida com o clube é bem resumida na capa, onde se lê: “Birmingham City Football Club: destruindo esperanças e sonhos desde 1875”. The Zulu custa metade do valor de um programa oficial feito pelo clube, e é muito diferente. Os valores da publicação são explicitados em cinco princípios, ilustrados por um camisa nove urinando em cima da camisa nove do adversário daquela tarde, o West Ham:
    Como um apaixonado e leal torcedor dos Blues, tenho direito a:
    1. Tomar uma cerveja ou duas antes do jogo e chegar ao estádio quando eu quiser.
    2. Torcer da forma mais radical, gozando e gesticulando para os adversários, intimidando-os o máximo possível.
    3. Usar a língua inglesa do jeito que eu quiser.
    4. Recusar-me a aceitar as instruções idiotas dos funcionários do estádio.
    5. Reagir à vitória, ou à derrota, da porra do jeito que eu quiser, e sair do estádio da forma que corresponda ao resultado.
    Nós somos famosos por verbalizar nossa torcida e nossa paixão, por mais que isso ofenda aqueles que desejam uma primeira divisão pacífica, quieta e silenciosa como uma biblioteca.
    E ainda acrescentam, em letras colossais:
    NÃO DEIXEM OS PUNHETEIROS QUE ROUBARAM O NOSSO JOGO ROUBAREM TAMBÉM A NOSSA PAIXÃO.

    Os fanzines, hoje em dia, muito mais do que divertirem, proporcionam um espaço para manifestações contra a hipercomercialização do futebol. Os aficcionados desesperados torcem por um time que jamais ganhou uma competição nacional, mas continuam fiéis a um clube de mais de 130 anos. Fiéis, mas por quanto tempo? Um deles confessa em Made in Brum: “Eu sempre vou amar o Birmingham City Football Club e esse amor nunca vai morrer, eu sei disso. Mas o que acontece em certos períodos da história do nosso clube faz você pensar se realmente vale a pena o tempo, o esforço e a montanha de dinheiro que você gasta para vê-los chutar a bola mais uma vez.”

    Essa paixão, expressa de uma forma mais organizada e politizada do que no Brasil, faz da Inglaterra o verdadeiro país do futebol. Não somente por ter sido onde ele nasceu e se transformou em esporte, mas porque as raízes históricas fazem com que a cultura do futebol seja mais profunda, e esteja fortemente ligada à construção de identidades locais, regionais, de classe e até religiosas. É possível, todavia, que a excessiva comercialização esteja colocando em risco a continuidade da tradição. Uma pesquisa realizada pela própria primeira divisão, no ano passado, revelou que a idade média do público dos seus jogos é de 43 anos. Hoje, menos de um em cada dez tem menos de 24 anos. Os torcedores jovens assistem aos jogos nos pubs ou vêem os melhores momentos pela internet.
    O envelhecimento dos torcedores foi, de certa forma, uma política consciente dos novos donos do futebol. Os freqüentadores mais velhos têm maior poder de consumo e causam menos problemas do que os bandos de jovens que formavam os hooligans. Estes não deixaram de existir, apenas passaram a freqüentar os jogos das divisões inferiores, nas quais a vigilância é menor e ainda é possível arranjar uma briga. E cujos ingressos têm preços menos proibitivos. Tive uma prova disso quando fui assistir a Nottingham Forest versus Leeds na terra de Robin Hood.

    Parecia apenas um jogo da terceira divisão entre duas ex-potências, mas foi muito mais. A surpresa começou no caminho para Nottingham. Quando o trem parou em Derby, vi uma grande confusão na plataforma, envolvendo dezenas de policiais e uma pequena multidão. Assim que a porta do vagão se abriu, entrou um grupo de uns vinte torcedores do Leeds. Quando percebi, eles me rodeavam. Todos levavam uma lata (grande) de cerveja na mão e cantavam, alegremente: “Nós vamos ganhar o campeonato”. Os que estavam sentados perto de mim correspondiam ao protótipo do hooligan: cabeças raspadas, tatuagens, pescoços largos, poucos dentes da frente. E eu estava de camisa vermelha da seleção inglesa, a cor da camisa do adversário deles, o Forest. Como dizem que a melhor defesa é o ataque, saí puxando conversa. Disse logo que eu era brasileiro, torcedor do Flamengo, e puxei da carteira uma figurinha do Zico para comprovar. Foi o que bastou para ser adotado pela turma.
    Nossa recepção na estação de Nottingham foi tensa. Havia policiais por todo lado, dois deles filmando a nossa chegada. Ao sairmos à rua, ninguém do grupo sabia o caminho direito e a toda a hora falavam ao celular com alguém, tentando descobrir a melhor rota. Para eles, a questão era chegar sãos e salvos a um pub neutro, onde pudessem beber mais cerveja antes do apito inicial. Fizemos uma rota em ziguezague, por ruas menos movimentadas, com o pessoal olhando para os dois lados e para trás também, aparentemente com medo de uma emboscada. Fiz amizade com os mais velhos da turma, uns cinco trintões que não trajavam nada que pudesse identificá-los como torcedores do Leeds. É uma das precauções básicas dos hooligans. O grupo destacou-se do restante e eu colei neles. Fomos guiados pelo celular até a área do Notts County, um clube local que é rival do Forest. Um dos meus novos amigos, um baixinho atarracado e forte, explicou o problema quando passávamos por alguns torcedores do Forest. “Enquanto forem um grupo pequeno nós podemos lidar com eles, o problema é se encontrarmos um grupo maior, uns trinta.” Naquele momento, contando comigo, um vegetariano pacifista, éramos seis…

    O amigo baixinho disse que o futebol hoje é all about money, money. Não há mais jogadores fiéis ao clube. “Só nós, torcedores, somos fiéis.” Depois de alguns litros de cerveja, bebidos em poucos minutos, partimos para o estádio, meia hora antes de o jogo começar. Novamente fizemos um caminho sinuoso, passando por policiais montados a cavalo, outros segurando cães. Os policiais estavam com cassetetes, o que não é comum na Inglaterra. Tudo indicava que aquele jogo não seria dos mais tranqüilos. E não foi. Depois de o Leeds derrotar o time da casa por 2 a 1, na saída do estádio, jovens torcedores do time vitorioso tentaram invadir a estação de trem.

    Os ingressos a 50 libras (200 reais) e os esquemas de fidelidade da primeira divisão impossibilitam a presença desse tipo de torcedor. Há quem ache tudo isso muito natural, apenas mais um exemplo do império das leis de mercado. Mas as conseqüên-cias danosas estão visíveis por toda a parte. Clubes tradicionais endividam-se irremediavelmente, tentando, em vão, contratar jogadores que lhes permitam competir com as equipes turbinadas pelo farto (embora de origem duvidosa) dinheiro de generosos oligarcas. Alguns fecham as portas, outros vendem seus estádios e muitos definham dia a dia. O apoio dos torcedores, o coração de qualquer clube, começa a faltar. Antes eles eram ligados ao clube local ou do bairro, já os novos adeptos querem torcer por um time vencedor, que compra craques no mercado mundial e aparece na televisão. É cada vez mais fácil ver crianças com as cores do Liverpool, do Arsenal e, principalmente, do Manchester United. A montanha de recursos proveniente da televisão fica totalmente concentrada na primeira divisão, que, aliás, foi criada para isto mesmo: para não ter que dividir a grana com as outras divisões, ou seja, com os clubes mais pobres. Na verdade, o abismo entre os clubes acentua-se no interior da própria primeira divisão. Nos últimos quinze anos, apenas quatro clubes conseguiram ser campeões. O futebol começa a ficar sem graça.

    Os novos donos do futebol inglês parecem ter adotado o modelo americano: o esporte como show business. Nos Estados Unidos o esporte profissional movimenta duas vezes mais dinheiro do que a indústria automobilística, e sete vezes mais do que Hollywood. Dentro dos novos estádios-shopping, muitas vezes o grito ou o canto dos torcedores é abafado pela música dos alto-falantes, no melhor estilo NBA. Os locutores procuram orquestrar e controlar as emoções dos torcedores. Estes são obrigados a torcer sentados, permanentemente vigiados pelos circuitos internos de televisão e por uma multidão de zelosos funcionários. Durante um jogo do Birmingham City contra o West Ham, um desses funcionários proibiu-me de tirar fotos com minha humilde e despretensiosa câmera fotográfica. A explicação: o espetáculo é propriedade do clube. E dele agora fazem parte os mascotes infantilóides, como bichos de pelúcia gigantes: leõezinhos, elefantinhos, cachorrinhos. À venda na loja do clube, é claro.

    Num ponto crucial, contudo, o modelo original é superior. Embora visando unicamente ao lucro, os empresários do esporte americano sabem que o valor da sua mercadoria depende de algo chamado competição. O esporte é um negócio com certas especificidades. O historiador holandês Johan Huizinga lembrava, em seu Homo Ludens, que o feitiço despertado pelo jogo depende em grande parte da tensão proveniente da incerteza e do acaso. Exatamente para preservar o valor comercial do seu produto, os dirigentes do futebol americano buscaram garantir esse elemento essencial, tomando medidas concretas para evitar um desequilíbrio de poder financeiro entre as franquias. Diminuindo a incerteza, desaparece a magia do jogo. Por isso, desde o momento em que ligaram seu destino à televisão, eles estabeleceram que os recursos fossem igualmente divididos entre as equipes. Na década de 90, ainda com a mesma preocupação, fixaram um teto salarial, resolvendo, de uma só tacada, dois problemas: a escalada astronômica da remuneração e o possível desequilíbrio entre as equipes.

    No caso do futebol de bola redonda, a entrada selvagem do capital tem desfigurado o jogo. Surgiu uma elite mundial de clubes globalizados e plenamente transformados em empresas, como o Milan, o Manchester United, o Real Madrid. A concentração de recursos permite monopolizar os melhores jogadores, provenientes dos quatro cantos do planeta. Campeonatos nacionais, antes equilibrados, agora têm um ou dois favoritos. Muitos clubes nem mais competem com esperança de conseguirem o título – cada vez mais improvável -, mas apenas com a pretensão de se classificarem para uma das várias competições européias, bastante lucrativas. Não é mais tudo pela vitória. Agora, é tudo pelo equilíbrio contábil.

    Por falar em finanças, as minhas estavam abaladas pelas despesas com a compra de ingressos. Passei a apelar para os jogos da segunda divisão, mas o preço das entradas – por volta de 30 libras (120 reais) – continua-va a destroçar meu orçamento. Foi assim que acabei indo ver o clássico Leamington versus Sutton Coldfield, jogo da British Gas Business Football League Midlands Division. Traduzindo: a oitava divisão. Dentre os 4 mil clubes de futebol da Inglaterra, talvez não haja um grito
    de guerra mais original do que o do Leamington: “Vamos lá… Freios!” Freios? É porque o Leamington tem sua trajetória ligada à história da indústria automobilística na região de Warwickshire, no centro da Inglaterra. Embora tenha sido fundado em 1891, antes de o futebol chegar ao Brasil, o Leamington só se tornou um clube de maior expressão em 1946, ao ser encampado pela Lockheed, a maior empregadora da cidade e fabricante de sistemas hidráulicos… de freios. O declínio da indústria automobilística levou o clube a vender seu estádio e a fechar as portas em 1988. Um fanático grupo de torcedores, entretanto, manteve acesa a chama do clube e, em 2000, refundou o Leamington. O clube subiu várias divisões em poucos anos e já voltou ao lugar onde estava antes de ser extinto: a oitava divisão.

    Nela, a realidade é completamente diferente da bilionária primeira divisão. Seus jogadores, semiprofissionais, trabalham na construção civil, são faxineiros, funcionários de escritório etc. Alguns são estudantes universitários. Eles treinam à noite, por duas horas, nas terças e quintas-feiras. Recebem apenas uma ajuda de custo, girando em torno de 100 libras (400 reais) por semana. Marcus
    Jackson, o atlético e ofensivo lateral direito dos “Brakes” – apelido do Leamington; freios, em inglês -, resumiu assim seus objetivos: “Aproveitar meu futebol e me divertir no fim de semana”. Aos 28 anos, ele não tem grandes esperanças, mas se sente feliz em poder jogar, depois de ter fraturado o fêmur, o que levou os médicos a decretarem o fim da sua carreira. Ele acha que os Brakes têm uma chance de vencer o campeonato deste ano. Pedreiro autônomo, ele tem que parar de trabalhar mais cedo quando os Brakes jogam no meio da semana.

    Marcus Jackson e seus companheiros são treinados por Jason Cadden, 38 anos, um ex-ponta-esquerda que teve sua carreira interrompida por causa de uma contusão no joelho. Ele começou a dirigir clubes comunitários e há sete anos é técnico dos Brakes. Não é seu único emprego: ele também trabalha como técnico em várias escolas para complementar sua renda. Diz que ganha o suficiente para “pagar as contas”. Os jogadores são descobertos por ele ou por olheiros do clube, torcedores que enviam dicas. Acha que o futebol profissional de hoje está um pouco fora da realidade, com salários estratosféricos e a circulação de um volume absurdo de dinheiro.

    O presidente do clube, David Hucker, é um compenetrado senhor de 58 anos que trabalha como consultor da prefeitura. Voluntário, não recebe um centavo do clube. Além de buscar o contato com os torcedores do Leamington, Hucker divulga o clube no rádio e nos jornais. Ele mesmo escreve uma coluna comentando os jogos do time, publicada em mais de um jornal local e no site do clube. Parece estar dando certo, pois, naquela tarde de sábado em que o Leamington enfrentou o Sutton Coldfield, o novo estádio abrigou um público recorde para aquela divisão: 648 pagantes! Hucker estava contentíssimo.

    A bilheteria, com o ingresso a 6 libras (24 reais, bem barato para a Inglaterra), representa apenas 10% dos recursos do clube. Além do patrocinador – uma empresa de materiais de construção, que gera 25% da renda -, a principal fonte de arrecadação é o bar. Há outras fontes menores, como os anúncios em torno do campo ou no programa do jogo. Sim, um clube da oitava divisão faz um programa para cada jogo, amistoso ou oficial. Com orgulho, Hucker revela que o clube não deve uma libra a ninguém: “Somos donos do estádio, construímos tudo pouco a pouco, temos feito lucro ano após ano. É a única maneira”.

    A administração impecável e o profissionalismo são o que mais impressionam um brasileiro acostumado ao caos administrativo do futebol pentacampeão do mundo. Cheguei a Leamington de trem e tive apenas que atravessar a rua para pegar a van gratuita, contratada pelo clube para levar os torcedores até o estádio. Depois de dez minutos de viagem, chegamos ao campo, construído no meio do nada. Paguei meu ingresso e fui dar uma olhadinha no estádio. Bem, estádio é uma maneira de falar. Por enquanto, o que há é um gramado muito bem cuidado e cerca de 300 lugares sentados. Há uma pequena casinha de madeira onde são vendidas camisas, chaveiros e os tradicionais cachecóis do clube. Mas nada de bolas de golfe. Nem sinal de mascotes ou lojas de apostas. Do lado de fora, fica um quadro com as escalações dos dois times escritas com uma caneta Pilot.

    Começa a partida: o Leamington no seu tradicional uniforme, camisa amarela, calções pretos e meias pretas, versus o Sutton Coldfield, todo de azul. Os Brakes começam no ataque: Ben Mackey, um rechonchudo atacante, abre o placar com um forte chute após um minuto de jogo. Aos dezenove minutos, os visitantes têm um pênalti a seu favor, mas Richard “Mozza” Morris, o bravo goleiro dos Brakes, salva a tarde. Os azuis pressionam bastante durante todo o jogo, mas o Leamington faz aquilo que se espera de um time com o apelido de “freios” e segura o resultado até os 41 minutos do segundo tempo. Depois de uma bela jogada de Richard Adams, James Husband dispara um petardo com a canhota e sela o resultado de 2 a 0 para os Brakes. Ninguém segura os freios… A maior parte do público assiste ao jogo de pé, ao lado do campo, de onde dá para ouvir os jogadores reclamando do juiz, o técnico passando instruções e até as provocações entre os jogadores. Muito simpático. Aqui, o futebol parece ainda ter alma.

    http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-15/carta-da-inglaterra/o-esporte-que-vendeu-a-sua-alma

    – Belo Horizonte

  • Eduardo Schettino disse:

    Ao Rodrigo, meus parabéns. Nao fui e nem vou a este novo estádio, só de vê-lo cercado, já me deu antipatia. Não vai ser com meu dinheiro honesto e suado que se construirão consórcios, conchavos e candidaturas. Fico triste por mais uma autoprivação. Passei bons momentos naquelas arquibancadas, conheci gente muito bacana. Não foram poucos os abraços, também não faltaram as discussões. O saldo é uma grande saudade, deixa pra lá. É que no país do jabaculê, os únicos sociólogos que valem menção são o Bezerra da Silva, que cravou o “se gritar pega ladrão, nao fica um” e o Tim Maia, com sua frase-resumo: “O Brasil é o único país onde prostituta tem orgasmo, cafetão tem ciúme, traficante é viciado, e pobre é de direita.” Enquanto tiver bobo não vai faltar esperto. Acrescento que resolveram meu problema, me empurraram o pay-per-view do futebol numa venda casada das mais safadinhas. Que venha o povão e tome assento.

  • Rogerio Zupo disse:

    Penso que o texto tocou no ponto certo. Cabe ressaltar que quando os clubes pensavam em construir estadios particulares e abandonar o Mineirão, os politicos passaram o mel e agoram entregaram esse abacaxi. Era a hora perfeita para Atletico e Cruzeiro terem endurecido o jogo…..mas ai os interesses inconfessaveis e a vaidade jogaram a oportunidade no lixo. Torço para que o Atletico não se dobre à pressao de jogar lá e que construa um estadio proprio.

    Abraços,
    Rogerio.

  • Alison Nogueira disse:

    Concordo com o Rodrigo Araujo e acho que depois desse merdeirão, o kalil pode colocar em andamento o projeto do estádio do GALO, e que não se cometa erros como o do merdeirão, afastando o povo do estádio. Chico Pinheiro deu uma entrevista no canal sportv, dizendo que na conversa que ele teve com o Kalil, o projeto do estádio do GALO ja esta quase pronto.

  • Alisson Sol disse:

    Mas o escritório de engenharia contratado por “competência” sem licitação não tinha nenhum simulador?

    A mania de copiarem projetos do “hemisfério norte” nos países tropicais é a coisa mais ridícula do mundo. Tocam concreto em tudo, mas no verão brasileiro o concreto fica parecendo chapa de fogão. Alguns prédios da própria UFMG, ao lado do Mineirão, copiam projeto “internacional”, e não tem ar-condicionado, pois pequenas placas na parte exterior do prédio impediriam o aquecimento excessivo. Pois quem já estudou na UFMG no verão pode atestar o quão efetivo é o “projeto internacional”. Já teve até caso de gente desmaiando dentro de sala de aula. Fora o gasto adicional com sistema de ar-condicionado “improvisados”.

    Eú só acho que estão confundindo o que está acontecendo agora com o que vai acontecer durante a copa. Os torcedores estão sendo cobaias para corrigir defeitos de projeto que tinham de ter sido antecipados por simulador ou por puro bom senso. Até a Copa das Confederações, provavelmente todos os problemas do estádio já estarão resolvidos.

    Sinceramente: se eu fosse mais malicioso, diria que alguns destes problemas estão sendo criados de caso pensado. Se o estádio tivesse sido inaugurado “perfeitamente”, a atenção estaria voltada hoje para a falta de transporte publico, a falta de acessibilidade (até já antecipada antes da inauguração), a falta das licitações nas obras, etc. Mas enquanto se fala de problemas da inauguração e de “tropeiro”, tais assuntos vão ficando em segundo plano… até ficar tarde demais para investigar…

  • Frederico Dantas disse:

    Para não misturar as coisas, vou comentar separado seu quinto parágrafo, Chico.

    Não sou petista… De forma alguma. Mas este estilo de trabalho que você citou – “população nunca é ouvida para nada” – é a cara do PSDB, que governa Minas desde 1995 (exceto por um mandato “intruso” do Itamar Franco). Noves fora a corrupção, onde ambas correntes políticas se equivalem hoje, existe uma diferença entre estes dois partidos-base. O PT acha que sabe o que é bom para o povo. O PSDB tem certeza do que é bom para o povo e, assim, obriga-o ao amargo xarope. Afinal de contas, “é bom pra você, meu caro povo. Não! Não retruque nem reclame seu povo mal criado. Sei o que é melhor pra você! Aceite e engula o choro!”

    E o povo… como diria o Professor Raimundo, o povo ó!

  • ORLANDO ARAUJO disse:

    Chico, falando do classico,continuo achando que o time do galo é muito superior ao cruzeiro,continuo achando que resultado de classico não serve de parâmetro para nada,é jogo atípico,acho que o galo e um dos dez maiores times da america latina,canditado sério a todos os títulos que disputar no ano,mas confesso que tenho medo da teimosia e ingnorancia do treinador cuca.no classico a raposa entrou com uma falsa formação no meio,3 volantes e dois meias,que quando tinham a bola encostam todos no atacante,e quando são atacados,recuam,compoem o meio e ocupam os espaços.não adianta pedir para alecsandro,jô,araujo,bernard,
    ronaldinho,tardelli e outros atacantes voltarem para marcar,eles não sabem,oque o cuca tem que é escalar o rosinei como terceiro volante,para reforçar a marcação,e pedir aos volantes e laterais que quando o galo estiver atacando, ADIANTE A marcação,ocupem melhor os espaços,e encostem nos homens de frente.tambem vale ressaltar a falta de mobilidade do time,que quando tem a bola ,nimguem faz a aproximação,o deslocamento ,se apresenta para o jogo,criando assim opções para o colega que tem a bola.tem que resolver o problema da avenida marcos rocha,que não marca nimguem.tenho visto o time muito ansioso,rifando a bola com chutões na ligação direta,jogando muito em fução do jô.esse jõ é outra polêmica,por que acho um absurdo manter lo no time em algumas situações,acho que há adversarios que vc precisa de atacantes habilidosos,velozes,que flutuem pelos 3 setores do ataque e que voltem para buscar o jogo,que saibam fazer uma triangulaçao,caso da rapousa que veio meio fechada;e há casos de times que vem aberto,parte prá cima,aí vc precisa de um homem de area,um tipico centro avante prá segurar e diminuir o impeto do adversario.time ideal:victor,marcos rocha,rever,leo silva e junior cesar.pierre,leandro,rosinei e ronaldinho.bernard e tardelli.time reserva:geovanne,carlos cesar,rafael marques,gilberto e michel. richardson.serginho nikão e moraes.guilherme (ou neto) e alecssandro.
    – BELO HORIZONTE

  • Frederico Dantas disse:

    Ainda não estive DENTRO do novo Mineirão.

    Com meus olhos posso dizer que preferia o antigo estacionamento arborizado à praça de concreto que foi construída.

    Por dentro, pela TV, me entristeci (talvez esteja na idade de me tornar um saudosista) ao ver o gramado do Gigante (?) da Pampulha reduzido à dimensão espanhola (é este o nome que se dá ao 105 x 68 metros que tende a equiparar timinhos a grandes equipes… coisas da dona FIFA para tentar ganhar dinheiro em mercados de futebol fraco onde, em circunstâncias normais do esporte, não ganharia).

    E pensar que reclamaram, principalmente o time do Cruzeiro, das dimensões reduzidas da Arena do Jacaré, que tem 110 x 74… Efeito Alambrado.

  • Johnny disse:

    Excelente visão. As coisas feitas em MG não são geralmente bem pensadas e planejadas (vide arquibancada com ponto cego no Indepa, estacionamento, esplanada no Mineirão), e por isso mesmo, não se destinam a melhorar a vida do povo.

    Copiam de forma porca modelos estrangeiros, pensados e adaptados à outra cultura, clima e sociedade. Ignoram nos tradições, costumes e jeito de torcer.

    E o pior de tudo é aturar a arrogância e o pouco caso dos nossos governantes. O Governador de MG, após o clássico, disse que a inauguração havia sido um sucesso.

    É triste demais, e é um movimento sem volta, infelizmente, em nosso futebol.

  • Gilmar Luiz disse:

    Excelente texto. Representa a opinião de muitos de nós.

  • Aldemario Filho disse:

    E o que mais doí é que foram gastos milhões de reais e o tal legado da copa para BH tornou-se uma piada, A cidade não ganhou um metrô de verdade, o tal BRT ficará nas mão dos mesmos donos das empresas de ônibus que prestam um deserviço na cidade e o cidadão belo horizontino segue sua rotina de trânsito engarrafado, vias mal projetadas e representantes ultrapassados.

  • Carlos disse:

    Texto perfeito. É isso mesmo. Por dentro ficou muito, mas no restante ficou péssimo.