Pois é!
O mundo dá muitas voltas, e no futebol, as voltas que a bola dá, são imprevisíveis.
Aproveitei o Carnaval e li muitos jornais velhos, que ficaram guardados durante as minhas viagens para cobrir a Eurocopa e Olimpíada de Londres.
Esta coluna do escritor Lúcio Ribeiro, na Folha de S. Paulo, de 5 de junho de 2012, por exemplo, quando o Ronaldinho Gaúcho estava no olho do furacão, “caçado feito uma ratazana prenhe, como diria o Nelson Rodrigues”, pela forma como saiu do Flamengo e o seu acerto relâmpago com o Atlético.
Vale a pena ler:
* “Lúcio Ribeiro”
Team Ronaldinho
Engrossando a campanha ‘Respeitem R10’, eu adoraria ver o jogador no meu time
Os deuses devem estar loucos. Os deuses do futebol, digo. O que estão fazendo com o Ronaldinho em TV, rádio, jornal, site, blog, Twitter, Facebook desde quinta passada, quando o barraco rubro-negro abriu suas portas?
Eu sei o que o R10 está fazendo com ele mesmo, mas espera lá. Engrossando o coro de Xico Sá, em sua coluna bem aqui na última sexta-feira: “Respeitem Ronaldinho”.
Em meio à execração nacional e ainda na pegada divina: se a voz do povo é a voz de Deus, soy contra. Adoraria o R10 no meu time, mesmo depois do que apontou pesquisa do “Esporte Espetacular”, que levantou que nenhuma torcida, inclusive a do Galo, queria o R10 por causa do “fracasso” no Flamengo. Fracasso que não combina com o Estadual ganho, a vaga na Libertadores, chamada à seleção e uma artilharia de Brasileiro momentânea, no pouco tempo na Gávea. Mas tudo bem.
A julgar pelo Twitter, em manifestações multilíngues que surgiram assim que foi noticiada sua saída do Fla, eu e o Atlético-MG não estamos sós.
Peneirando o “Trending Topics”, torcedores de Turquia, Espanha e Inglaterra suplicavam na quinta, cada qual a seu dirigente, para buscarem Ronaldinho.
Até o conhecido jornalista americano Grant Wahl, da “Sports Illustrated”, chamou a atenção de seus 200 mil seguidores sobre o brasileiro ter ficado disponível, em um “alô” especial direcionado à MLS.
R10 tem “apenas” 32 anos e ainda alguma lenha para queimar, se quiser queimá-la. A despeito de Mano Menezes ter praticamente encerrado sua carreira em entrevista no sábado.
O mesmo Mano que nem faz tempo tinha Ronaldinho como pilar da seleção na Olimpíada. O mesmo Ronaldinho que não tem um ano comandou o histórico Flamengo 5×4 Santos, na Vila, ofuscando naquela noite a vedete brasileira Neymar.
No calor do assunto, na quinta, ouvi uma rádio também dando o boleiro como acabado. E entrevistando diretores dos clubes de São Paulo, que descartavam o jogador, a ponto de um cartola santista dizer que Ronaldinho não cabia em seu time, que já tinha o Gérson Magrão na posição.
No sábado, um amigo disse ter visto o Ronaldinho em Barcelona. Era o famoso “sósia” que ganha a vida até hoje fazendo embaixadas nas Ramblas. Se o sósia não morreu lá na Espanha, por que o Ronaldinho real, gênio da bola, 32 aninhos e com o currículo que tem, é dado como morto no Brasil?
Bom que ele vai ficar no país e não sumir numa liga desimportante qualquer. Pela idade, é o exemplo inverso do que deveria acontecer com Neymar, se é que seleção e Copa-14 realmente importam.”
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