Essa história de revolta do Cruzeiro contra a Minas Arena por causa do hino do Atlético é apenas pano de fundo para detonar uma insatisfação que começou na inauguração do Mineirão.
No primeiro clássico o “parceiro” já mostrou a consideração que tinha pelo clube ao trocar seu nome no ingresso, chamando-o de Cruzeiro “Futebol” Clube.
Nas partidas seguintes, o jogo de empurra para apontar a culpa de filas para entrar, dificuldade de compra de ingresso e muitos cruzeirenses voltando para casa.
E, depois do clássico de domingo, finalmente veio a gota d´água, depois que o departamento financeiro apresentou a conta para o Dr. Gilvan: de uma renda de R$ 1.774.410,00 a Minas Arena faturou, juntando as outras receitas a que ela tem direito, em torno de R$ 2 milhões, e o Cruzeiro, dono de 90% do público que entrou com esta grana, menos da metade, já que banca 70% das despesas do jogo, tem descontados 22% da sua parte na arrecadação e ainda paga os 10% da FMF, 5% de ISS da prefeitura.
Enquanto isso a Minas Arena faturou em torno de R$ 840 mil das cadeiras corporativas; R$ 585 mil dos 90 camarotes, R$ 374 mil dos 22% da parte da renda do Cruzeiro, R$ 52 mil das vagas de estacionamento e ainda o que arrecadou dos bares.
O torcedor leva o dinheiro, cuja maior parte deveria ir para os cofres do clube, mas a parte do leão vai para o parceiro.
Por essas e outras é que continuo defendendo que Atlético e Cruzeiro têm que ter os seus próprios estádios.
O Dr. Gilvan de Pinho Tavares não é bobo e nem tem interesses políticos, por isso está iniciando uma reação visando renegociar este acordo, que é injusto com quem leva o público.
Como a Minas Arena tem cometido falhas sucessivas, ele vai se aproveitar de qualquer detalhe para forçar a Minas Arena a sentar para novas conversas.
A notícia no Superesportes e a nota oficial do Cruzeiro reclamando do seu “parceiro”, mui amigo:
* “Insatisfação com Minas Arena leva Cruzeiro a cogitar rescisão contratual de parceria”
Em notificação extra-judicial, clube ameaça encerrar acordo com Mineirão
O presidente do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares, manifestou, nesta terça-feira, sua insatisfação com a Minas Arena e afirmou que estuda a possibilidade de rescindir o contrato de parceria com o Mineirão. Em notificação extra-judicial, o mandatário cruzeirense criticou atitudes da concessionária na decisão do Campeonato Mineiro, contra o Atlético, e apontou o descumprimento daquilo que está previsto no acordo de fidelização, válido por 25 anos.
A gota d’água para o clube teria sido a execução do hino do Atlético pelo sistema de som do Mineirão, após a vitória do Cruzeiro na segunda partida da decisão do Mineiro, no exato momento em que a torcida cruzeirense cantava seu hino como forma de apoiar o time que acabara de perder o título. O presidente Gilvan de Pinho Tavares viu o ato como afronta ao clube, que era mandante na partida e é parceiro da concessionária do estádio.
“Em razão dos lamentáveis fatos ocorridos ao final da partida do último domingo, em que a Minas Arena veiculou nos seus serviços de som o hino do clube adversário, em exato momento em que a torcida do Cruzeiro Esporte Clube demonstrava seu apoio à equipe que acabava de vencer a partida, servimo-nos do presente para manifestar nossa revolta com os fatos praticados (…) A veiculação do hino adversário demonstrou um ataque frontal ao senso de parceria formalmente estabelecida entre as partes, tendo a Minas Arena sorrateiramente se valido de golpe vil contra um parceiro comercial que, como se sabe, lhe serve hoje como pilar principal. Além disso, trata-se de um desrespeito à instituição que tem o Mineirão como “sua casa” e em descaso para com o torcedor Cruzeirense, que fez do estádio o palco do seu espetáculo. Consternado com a afronta desmedida, impensada e inoportuna, o Presidente do Cruzeiro Esporte Clube imediatamente se retirou do estádio”, afirmou.
Ao longo da notificação, o presidente destaca que a Minas Arena tem cometido seguidas falhas na prestação de serviço ao torcedor do clube e vem descumprindo acordos previstos em contrato. “Aproveitamos o ensejo para notificar sobre as mais diversas e diversificadas formas possíveis de infração às disposições contratuais, reiteradas, entre elas a falha na prestação de serviços ao torcedor, ausência de informação adequada, não concessão de vagas de estacionamento ao Notificante, falta de transparência, inadimplência e atraso com pagamentos de verbas contratualmente estabelecidas, ausência de prestação de contas, dentre outros”, disse.
Por fim, Gilvan de Pinho Tavares informou que o departamento jurídico do clube já estuda a possibilidade de rescisão do contrato de fidelidade firmado com a concessionária por 25 anos. “Pela presente, portanto, fica a Minas Arena Gestão de Instalações Esportivas S/A devidamente notificada, sobretudo para que tenha reavivada a certeza das suas infrações cometidas, e ciente de que estão sendo objetos de estudo pelo Notificante como motivadoras, juntamente com todas as demais, de rescisão justa do contrato de fidelidade firmado, com as implicações a ela inerentes”.
Leia a notificação extra-judicial:
NOTIFICAÇÃO EXTRA-JUDICIAL
À Minas Arena – Gestão de Instalações Esportivas S/A
Sr. Ricardo Salles de Oliveira Barra
Diretor-Presidente
Senhor Diretor,
Em razão dos lamentáveis fatos ocorridos ao final da partida do último domingo, em que a Minas Arena veiculou nos seus serviços de som o hino do clube adversário, em exato momento em que a torcida do Cruzeiro Esporte Clube demonstrava seu apoio à equipe que acabava de vencer a partida, servimo-nos do presente para manifestar nossa revolta com os fatos praticados, dentre outros que passamos a descrever.
A veiculação do hino adversário demonstrou um ataque frontal ao senso de parceria formalmente estabelecida entre as partes, tendo a Minas Arena sorrateiramente se valido de golpe vil contra um parceiro comercial que, como se sabe, lhe serve hoje como pilar principal. Além disso, trata-se de um desrespeito à instituição que tem o Mineirão como “sua casa” e em descaso para com o torcedor Cruzeirense, que fez do estádio o palco do seu espetáculo. Consternado com a afronta desmedida, impensada e inoportuna, o Presidente do Cruzeiro Esporte Clube imediatamente se retirou do estádio.
Não obstante a aleivosia gratuita, tal ato poderia ter sido, inclusive, desencadeador de uma infinidade de atos violentos por parte da torcida, que teve seu brado contido no seu próprio lar, proveniente daquele que se diz parceiro. E o que causa mais espécie, é que antes da partida havia sido solicitada pelo Cruzeiro EC a exibição do seu hino no serviço de som do estádio – em que é mandante e parceiro – como forma de motivar sua equipe e sua torcida (que representava 90% do estádio, frisa-se, mandante), cujo apoio era imprescindível para o desafio que se impunha, e que logrou êxito mediante uma atuação brilhante e vitoriosa de seus atletas.
Mas, infelizmente, a irracionalidade e o despreparo na lida com a parceria e com as necessidades inerentes à atividade futebolística, fez com que a Minas Arena olvidasse os mais comezinhos princípios da ética e bom senso, deixando-os a margem da relação jurídica estabelecida.
Como se isso não fosse suficiente, aproveitamos o ensejo para notificar sobre as mais diversas e diversificadas formas possíveis de infração ás disposições contratuais, reiteradas, entre elas a falha na prestação de serviços ao torcedor, ausência de informação adequada, não concessão de vagas de estacionamento ao Notificante, falta de transparência, inadimplência e atraso com pagamentos de verbas contratualmente estabelecidas, ausência de prestação de contas, dentre outros.
Pela presente, portanto, fica a Minas Arena Gestão de Instalações Esportivas S/A devidamente notificada, sobretudo para que tenha reavivada a certeza das suas infrações cometidas, e ciente de que estão sendo objetos de estudo pelo Notificante como motivadoras, juntamente com todas as demais, de rescisão justa do contrato de fidelidade firmado, com as implicações a ela inerentes.
Atenciosamente,
Gilvan de Pinho Tavares
Presidente do Cruzeiro Esporte Clube
» Comentar