Melhor artigo que li sobre a Copa das Confederações e os preparativos do Brasil e Minas Gerais para a Copa do Mundo do ano que vem. No Jornal Turismo em Minas www.turismoemminas.tur.br
É do Mestre em Turismo e também hoteleiro, Luiz Neves de Souza (Hotel Solar Corte Real, de Sabará).
Ele cita essa comparação com o filme “O banheiro do Papa”, feita por “um comentarista esportivo” numa palestra em Belo Horizonte em 2011.
Coincidentemente eu estava presente e o este comentarista foi o Emanuel Carneiro, que comparou com toda a razão.
Confira:
* “A Copa e o banheiro do Papa”
Bastou a FIFA anunciar na Suíça a escolha do Brasil como sede da Copa’2014 para começarem as especulações em torno dos números e projeções de resultados do mega evento. Os últimos três anos foram marcados por uma enxurrada de eventos relacionados ao Mundial no Brasil, em forma de workshops, painéis, seminários, palestras e debates, sempre com o objetivo de se discutir as oportunidades e perspectivas para o certame anunciado.
Nesses encontros os mesmos atores, repetidas vezes apresentaram seus diagnósticos, números, cases de sucesso e resultados de pesquisas, demonstrando suas expertises e mostrando os caminhos para o sucesso durante a Copa. Nesta etapa o jogo foi comandado pelos representantes dos governos municipal, estadual, representantes das entidades patronais, trade turístico representado especialmente pela hotelaria, agentes de viagens e produtores de eventos. Tudo sob o olhar e a batuta da FIFA que sempre colocou à mesa seu padrão e os legados como justificativas para os gastos e investimentos.
Os representantes da hotelaria lamentavam o aumento vertiginoso da oferta hoteleira em Belo Horizonte e em seu entorno, apresentando os estudos das empresas de consultorias que apontam para uma queda considerável nas taxas de ocupação dos hotéis no “pós-copa”, prevendo um futuro negro para o setor.
As entidades do Sistema “S” que funcionam quase sempre como financiadoras e patrocinadoras desses encontros, também colocaram suas percepções, como a capacitação de profissionais para os setores que serão mais impactados com a Copa.
A construção civil trouxe ao debate suas novidades em termos de projetos sustentáveis, inovações e tecnologias que estão sendo vistos nas obras em andamento e também nas concluídas, como o Mineirão.
Por outro lado, os governos locais apresentaram suas dificuldades financeiras e também as experiências bem sucedidas de outros países; casos da África do Sul e Alemanha. Nas coloridas apresentações prometeram investimentos e obras que vão passar longe da Copa, como a revitalização do Anel Rodoviário, novos Centros de Convenções, metrô, restauração das cidades históricas e sinalização turística, apenas para citar alguns.
Em um desses painéis, um palestrante chamou a atenção de todos para as promessas feitas nesses encontros, principalmente, as perspectivas de ganhos financeiros para as pequenas empresas e setores mais envolvidos com o evento.
A discussão referida foi ilustrada pelo palestrante com o filme “O Banheiro do Papa” de Cesar Charlone e Enrique Fernandez que retrata a ida do Papa João Paulo II à cidade de Melo, no Uruguai em 1988. Mostra como foi anunciada a visita à pequena cidade, com promessas da chegada de milhares de pessoas. A população local com dificuldade de emprego e em pobreza extrema viu a oportunidade de negócios e dinheiro, o que de fato não ocorreu.
Com apenas três jogos em Belo Horizonte; dois deles envolvendo seleções de pouca expressão, a Copa das Confederações contribuiu muito pouco com o turismo na Capital. A hotelaria vivenciou dias piores, comparados com o mesmo período de 2012.
As perspectivas de circulação de turistas estrangeiros em Minas, tão prometidas nestes eventos foram totalmente desconstruídas. Menos de 3% dos pacotes turísticos e ingressos vendidos para os jogos foram para estrangeiros. Algumas cidades históricas, como Sabará, por exemplo, sequer viram um turista internacional, apesar das projeções apresentadas.
Agora, recomenda-se aos empresários debruçarem sobre os números, visando um planejamento melhor e mais adequado à realidade para a Copa que se avizinha. Aos representantes dos governos e entidades envolvidas recomenda-se também rever os discursos sobre oportunidades e legados.
Do contrário, reviveremos também na Copa do Mundo de 2014 a terceira versão do filme “O Banheiro do Papa”.
LUIZ NEVES DE SOUZA
Mestre em Turismo e Meio Ambiente
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A cidade de Melo, no Uruguai
Melo é uma cidade do Uruguai, capital do departamento de Cerro Largo. Situada no nordeste do país, faz divisa com os municípios brasileiros de Herval e Pedras Altas no estado do Rio Grande do Sul. Melo é relevante centro comercial, agrícola e pecuário.
A cidade foi fundada em 27 de junho de 1795. Dada a sua localização próximo das fronteiras do Brasil, foi invadida por tropas portuguesas em 1801, 1811 e 1816.
Melo foi uma das cidades visitadas pelo Papa João Paulo II em 8 de maio de 1988. Em agosto de 2007, estreou-se o filme El Baño del Papa, de César Charlone, que retrata os dias anteriores à chegada de Juan Pablo II à cidade, as expectativas e desilusões dos seus habitantes.
Possui a única equipe de futebol não sediada em Montevideo que disputa a primeira divisão do Campeonato Uruguaio, o Cerro Largo Fútbol Club.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Melo_%28Uruguai%29
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A foto da capa do filme em DVD
O banheiro do Papa
SINOPSE
1998, cidade de Melo, na fronteira entre o Brasil e o Uruguai. O local está agitado, devido à visita em breve do Papa. Milhares de pessoas virão à cidade, o que anima a população local, que vê o evento como uma oportunidade para vender comida, bebida, bandeirinhas de papel, souvenires, medalhas comemorativas e os mais diversos badulaques. Beto (César Trancoso), um contrabandista, decide criar o Banheiro do Papa, onde as pessoas poderão se aliviar durante o evento. Mas para torná-lo realidade ele terá que realizar longas e arriscadas viagens até a fronteira, além de enfrentar sua esposa Carmen (Virginia Mendez) e o descontentamente de Silvia (Virginia Ruiz), sua filha, que sonha em ser radialista.
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