Essa vitória do Cruzeiro em Santos ajuda a quebrar as últimas resistências de quem ainda não acreditava no Marcelo Oliveira como técnico de “time grande”. Bastaram três duas derrotas fora de casa e uma dentro para que essa brasa sem sentido voltasse a esquentar. O próprio Marcelo sabe bem o motivo que gerou essa desconfiança à sua competência. Começou na origem dele, atleticana, já que até no seio alvinegro somente agora essas resistências estão dando lugar a um reconhecimento tardio.
Depois que pendurou as chuteiras o ótimo meia atacante Marcelo não quis saber de seguir o caminho da maioria absoluta dos companheiros que paravam: virar treinadores ou dirigentes de futebol. Bem casado, caseiro, desses de ter horário para chegar em casa e ficar com a família, foi cuidar da administração do que ganhou como jogador e ajudar o sogro a tocar os prósperos negócios.
Com os filhos bem encaminhados e a família bem estruturada resolveu se reinserir no mundo da bola, na base do Atlético.
Aliou o próprio conhecimento com o que assimilou de melhor dos seus ex-comandantes Barbatana e Telê Santana, e foi crescendo com os infantis, juvenis e juniores.
Apesar dos bons e surpreendentes resultados nas interinidades como treinador do time principal do Galo, Marcelo não teve a mesma confiança que Barbatana e Telê tiveram de Walmir Pereira e Nelson Campos, para ser efetivado no cargo. Os tempos eram outros.
Há quem diga que estes presidentes só mantiveram estes treinadores nos cargos porque o clube não tinha dinheiro para investir em forasteiros famosos.
Seja como for, o próprio Marcelo foi quem se deu muitíssimo bem naqueles momentos de extrema dificuldade financeira do Atlético. Além de treinadores, não havia dinheiro para apostar em jogadores, daqueles decadentes, verdadeiros “bondes” adquiridos do Rio e São Paulo pelos nossos clubes.
Trio infernal: Reinaldo, Paulo Isidoro e Marcelo
Dessa falta de dinheiro, pratas da casa como ele, Cerezo, Paulo Isidoro, João Leite, Heleno e tantos outros, tiveram oportunidades.
Marcelo formou com Reinaldo uma dupla de ataque das melhores da história do futebol brasileiro, em times que encantaram o país. Porém, só ganharam campeonatos regionais, com um fracasso diante do São Paulo em 1978, que só parou de retumbar tão forte agora, com a conquista da Libertadores, nos pênaltis, no mesmo gol onde o time perdeu, invicto, o Brasileiro de 1977, também nos pênaltis.
Assim como os integrantes da seleção brasileira de 1950, essa geração de jogadores do Atlético, dos anos 1970/80 ficou marcada como “perdedora”, e por maior que seja o reconhecimento com a bola nos pés, a marca da derrota ficou carimbada na testa de todos.
Aliado ao fato de ter começado tarde a carreira de treinador, Marcelo nunca conseguiu a confiança plena dos sucessivos “manda chuva” do Atlético.
Hoje, grande treinador do Cruzeiro
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