Foi ótimo voltar a trabalhar no Mineirão, mas ainda falta muito para que o estádio justifique tantos investimentos, transtornos e prejuízos causados principalmente aos nossos principais clubes. Para uma obra que consumiu, somente no projeto, R$ 17,8 milhões, algumas falhas jamais poderiam se verificar. A começar pelo gramado, completamente alagado no sábado. Em defesa, alguém poderia alegar que foi um “dilúvio” que caiu sobre a Pampulha, mas e as cadeiras mais próximas, que também ficaram submersas?
O placar eletrônico é muito acanhado.
Chiqueirinho
Momentos antes de a bola rolar fui convidado a visitar o vestiário dos árbitros, inacreditavelmente pequeno e sem nenhum conforto: um vaso sanitário e um chuveiro para cinco, e somente homens; não há um exclusivo para mulheres. Absolutamente fora de qualquer padrão Fifa. O antigo, do próprio Mineirão era muito superior; o do Parque do Sabiá, em Uberlândia dá show. Segundo um apitador, os melhores do Brasil são da Arena Barueri e do Engenhão.
Contramão mundial
Um cadeirante pediu para ser levado até o setor da imprensa para protestar contra a falta de acessibilidade em vários setores do estádio; na contramão mundial; problema aliás, já denunciado pelo Ministério Público.
Sem informação
As falhas na operação do estádio foram muitas. Até infantis; de fácil solução nos próximos jogos: o público atendeu ao apelo geral para que chegasse mais cedo, porém, os portões só foram abertos às 14h30; os bares demoraram a abrir e muitos nem foram abertos; as pessoas com camisas “Posso ajudar?”, muito gentis, mas também não sabiam informar quase nada a qualquer tipo de pergunta.
Muito ruins
Não me alongarei sobre as instalações e condições de trabalho para a imprensa, porque não é problema do torcedor em geral. Mas como há muito dinheiro público envolvido e estamos nos preparando para uma Copa do Mundo, digo que o Mineirão fica devendo à maioria absoluta de todos onde já trabalhei, em sete copas e cinco olimpíadas. De 1 a 10, nota 4.
No velho Mineirão era muito melhor!
Vergonha
O maior problema, entretanto, foi aquela pedra já cantada há anos: o tráfego até o Mineirão. Mais que um estádio novo, precisávamos é de um metrô ou uma solução de transporte coletivo decente.
E absurdo dos absurdos foi a demonstração de nenhuma afinidade da Minas Arena com o futebol: na confecção do ingresso, tirou o Esporte Clube do Cruzeiro e o chamou de “Futebol Clube”.
Ótimo começo
O Cruzeiro mereceu a vitória, que poderia ter sido por placar mais amplo. Maior preocupação do time, o sistema defensivo do funcionou muito bem; meio e ataque melhor ainda. Ótima primeira impressão do trabalho do técnico Marcelo Oliveira.
O Galo cresceu ofensivamente no segundo tempo quando Cuca trocou Pierre e Leandro Donizete por Gilberto Silva e Serginho, mas se enfraqueceu na defesa.
Destaques
A defesa do Cruzeiro, com destaque para a zaga; Éverton Ribeiro e Dagoberto, mesmo jogando só um tempo, foram os destaques celestes.
No Atlético o goleiro Vitor evitou que o placar fosse mais elástico.
O jogo, tecnicamente, foi fiel ao começo de toda temporada; ainda mais em primeira partida oficial do ano: os dois times sem ritmo, porém correndo muito, justificando a condição de um dos maiores clássicos do futebol brasileiro.