Esta fase de montagem e remontagem dos principais times do país toma conta das expectativas da imprensa e torcidas. Nem sempre quem mais contrata, ou gasta mais, com jogadores famosos, se dá melhor na temporada. Para que haja “liga” é preciso que se juntem fatores fundamentais como a sintonia técnica e pessoal entre comissão técnica e jogadores, além do perfil de cada atleta contratado. Se a condição médica/física condiz e se o jogador é profissional de verdade ou um remanescente do tempo em que os boêmios e irresponsáveis permeavam os elencos dos grandes, médios e pequenos clubes.
Ainda há muitos exemplares dessa turma e o Atlético paga caro a três que deram maus exemplos e foram até afastados do grupo nos últimos meses de 2014: Jô, André e Emerson Conceição.
O Cruzeiro de 2013 foi montado por Marcelo Oliveira e o diretor Alexandre Mattos com o fundamental apoio do presidente Gilvan de Pinho Tavares que liberou o cofre. Uma grande parte não deu certo, mas a minoria bem escolhida garantiu o bicampeonato brasileiro e fez com que os erros fossem bem absorvidos. Todos se lembram de Everton Ribeiro, Ricardo Goulart, William, Dagoberto, Nilton, da volta do Henrique, Marcelo Moreno e dos que já eram do clube, além dos jovens promovidos pelo Marcelo Oliveira. O jornalista José Roberto Malia, de São Paulo, lembrou de nomes que não deram certo: Alex Silva, Willian Magrão, Martinuccio, Souza, Sandro Silva, Rafael Donato, Fabinho, Charles, Ananias, Leandrinho, Lucca, Nirley, Uelliton, Neilton, Marlone, Júlio Baptista, Luan, Souza e Ferrugem, além de estrelas caríssimas como Dedé e Júlio Baptista que também não deram o retorno esperado. Diego Souza não foi bem em campo mas rendeu uma boa grana ao Cruzeiro.
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Ninguém pode garantir que o Palmeiras, o que mais contratou no Brasil até agora, 15, será um sucesso. Antes da “era Alexandre Mattos”, o antecessor dele no cargo, José Carlos Brunoro, contratara 37 e os palmeirenses dizem que apenas o Alan Kardec deu certo, mas depois foi para o São Paulo.
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Muitos críticos fazem as piores previsões para o Santos, atolado em dívidas e sem dinheiro para contratações. Porém vale lembrar que o clube enfrentava situação semelhante em 2002, quando foi obrigado a apostar na base e em jogadores de clubes do interior paulista. Aí o país conheceu Robinho, Diego, Maurinho, Renato, Paulo Almeida, Elano, Leo, Alex e outros, comandados por Emerson Leão. Campeão brasileiro; uma surpresa assim como o Cruzeiro de 2013.
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A perda de Ricardo Goulart pelo Cruzeiro e a possível perda do Tardelli pelo Atlético são lamentáveis, mas nenhum motivo para desespero. Além da maioria dos grupos mantidos, a manutenção dos treinadores foi fundamental. Marcelo e Levir sabem onde dói o calo e certamente já têm na cabeça, dentro do próprio plantel, quem os substituirá e nomes para indicar às respectivas diretorias. São técnicos “viradores”, de olhos clínicos para montar times com o que têm à disposição. Com alguns jogos, encontrarão a formação ideal e o campeonato mineiro é um bom laboratório para isso.
Aliás, vem aí mais um estadual, com a mesma fórmula e previsão do mesmo tédio de sempre, com os jogadores veteranos apenas se revezando nos clubes do interior e nenhuma jovem promessa a ser apresentada para possível aproveitamento pelo Atlético, Cruzeiro ou América. E deste trio, quem perder os clássicos e o título xingará a Federação Mineira de Futebol, o quadro de árbitros e dirá que o vitorioso venceu na base do “esquema”. As mesmas bobagens ao vento de todo ano.
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