Reportagem do Leandro Behs para o Zero Hora, ouviu Moacir Junior que comandava o Tombense que venceu o Atlético por 2 a 0. Ouviu também o árbitro gaúcho Márcio Chagas da Silva, que apitou Galo 2 x 1 Goiás, primeira da série de vitórias alvinegras no novo estádio.
* “Caiu no Horto…”
Mundo Independência: como sobreviver à Bombonera brasileira?
No jogo de ida das oitavas da Libertadores, Inter enfrentará o Atlético-MG no estádio que se transformou em amuleto para o clube mineiro
O Inter abrirá as oitavas da Libertadores na Bombonera brasileira. A Arena Independência, o estádio do América-MG alugado pelo Atlético-MG há quatro temporadas, é uma espécie de caixa em forma de U, com capacidade para 23 mil torcedores. A proximidade do gramado e a acústica que ruge das arquibancadas — que dá a impressão de jogar para o gramado um coro de 200 mil vozes — costuma transtornar os adversários, lembrando o mítico estádio do Boca Juniors.
O estádio, localizado no bairro do Horto, área central de Belo Horizonte, começou a ser reformado a partir de 2008, para servir de suporte ao Mineirão para a Copa das Confederações e para a Copa do Mundo. O Atlético-MG começou a utilizá-lo, enquanto o Mineirão estava fechado para reformas. A sequência de vitórias no “caldeirão” fez com que o Atlético-MG abandonasse o Mineirão e fechasse um acordo com o América-MG para utilizar o estádio por 10 anos.
Moacir Júnior, ex-técnico da Tombense, mostra o caminho
A Tombense fez algo que o Inter jamais conseguiu: bater o Atlético-MG no renovado Independência. O time da cidade de Tombos derrotou a equipe campeã da Libertadores no Campeonato Mineiro de 2014, por 2 a 0. Moacir Júnior era o treinador da Tombense. Ele conversou com Zero Hora:
Qual é o segredo para vencer o Atlético-MG no Independência?
É preciso ter paciência no começo do jogo. A torcida apoia muito, mas sempre espera a atitude dos jogadores em campo. Se eles não vibrarem com ela, este apoio se reduz.
Como o Inter pode marcar gols ou até mesmo vencer no Independência?
O Atlético-MG não está acostumado a jogar a partida de ida dos mata-matas em casa. Vai se atirar para o ataque e, como os seus laterais sobem muito, deixará a defesa exposta. O caminho para vencê-los será pelas pontas.
Como a Tombense derrotou o Atlético-MG?
Era o time de Paulo Autuori, pós-Mundial. Não fomos ao Horto para nos defendermos. Fizemos um jogo com muitas variações de marcação. Ora por zona, ora individual. O jogo foi de pressão total do Atlético-MG, mas fizemos o 1 a 0 com Júnior Negão, de cabeça, em um escanteio, e seguramos o jogo até o final. No último minuto, finalmente conseguimos encaixar um contra-ataque em velocidade, pegamos a defesa toda aberta, e o Rafael Pernão, ex-jogador do Inter, por sinal, fez o 2 a 0.
Márcio Chagas da Silva, o árbitro do jogo 1 do Atlético-MG em seu novo estádio
Foi o gaúcho Márcio Chagas da Silva quem apitou o primeiro jogo do Atlético-MG no Independência, pela Copa do Brasil, em 4 de maio de 2012. Os donos da casa bateram o Goiás por 2 a 1, mas, mesmo assim, foram eliminados porque haviam perdido o jogo de ida por 2 a 0. As impressões do ex-árbitro e comentarista de arbitragem da RBS TV sobre o estádio:
— O Horto é um caldeirão. Um estádio menor, com uma forte presença da torcida, o que dificulta até mesmo a comunicação da arbitragem em campo. Nem os sistema de comunicação consegue dar conta, por causa do barulho. O acesso de todos (arbitragem e as duas equipes) pelo mesmo local é algo ruim, pois o vestiário do Atlético-MG fica em frente ao da arbitragem, deixando o árbitro sujeito à pressão. O campo é bom, tem as mesmas dimensões do Mineirão (105mx68m) e é seguro, sem hostilidades da torcida. O Inter precisa jogar como um igual. Se tentar ficar por uma bola, no contra-ataque, pode ter problemas. Se ficar apenas esperando, não suportará.
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