Senhoras e senhores, quem não quer conversa sobre política, mude de post, pro próximo ou pros anteriores. Depois de tantas decepções com políticos em que acreditei resolvi não entrar mais em discussões sobre este assunto e nem escrever sobre essa cambada. Mas não tem jeito! Não vou morar em outro país, então, tenho que agüentar e me manifestar, ainda que sem o entusiasmo e a crença em alguém como antes.
Esta foto é do João Leite, em protesto na Assembleia Legislativa de Minas contra o aumento dos impostos, imposto pelo governo do estado esta semana. Gosto muito do João, como o grande goleiro que foi, como pessoa e até como deputado. Atuante, transparente e correto. O problema é que ele é apenas um pingo d’água no oceano, inclusive dentro da tucanada à qual é ligado. Ainda há na política, figuras em quem botar fé, aqui e ali, como também o deputado federal Chico Alencar, do Rio, por exemplo e outros. Mas ele e um ou outro são grãos de areia no areal.
Tem gente que não vota mais, como forma de protesto. Eu ainda insisto em votar. O dia de toda eleição é muito legal, tenho prazer em comparecer à seção eleitoral, a mesma onde sempre votei na Escola Estadual Cândido Azeredo, perto da casa dos meus pais, Bairro Boa Vista, em Sete Lagoas. Bom demais rever amigos de infância, famílias da minha convivência na meninice, matar saudade de gente que a gente só vê de tempos em tempos, principalmente em ocasiões como esta.
Meus últimos votos convictos e até emocionados foram no Brizola em 1989 e no Lula em 2002. O velho Briza morreu sem deixar herdeiros políticos; Lula mostrou o que era e montou este “time” que está aí, atrás das grades ou no Planalto. Uma turma que estava com a garganta seca e de tanta sede está se afogando. A parte mais forte da oposição mamava a séculos e está louca para retomar as tetas, agora menos eretas da república. E o PMDB? De que se trata? Jânio Quadros, aquela peste que hoje deve estar sentado no colo do capeta, definiu bem quando foi candidato a prefeito de São Paulo: “Isso não é um partido; isso é uma Arca de Noé, onde estão juntos cassados e caçadores!”. De frases o Jânio era ótimo e definiu bem esta sigla do Sarney, Renan, Cunha e outros, gatunos que detém há anos importantes fatias do bolo verde e amarelo.
O que mais me dói é que não temos uma “terceira via”. Ano passado muita gente acreditava que o Eduardo Campos era uma boa opção, mas quem conhece os bastidores da vida política dele sabe que era apenas mais um. A morte precoce impediu que o país o conhecesse de verdade.
Aqui das nossas montanhas? Quem? Sendo assim, só resta tocar a vida e curtir as coisas boas que a natureza nos deu em nosso estado e no país.
Como um Toninho Horta, por exemplo, com a sua música e simpatia pessoal fantásticas; um Paulinho da Viola com aquela simplicidade de uma “cambaxirra”
(Ave Nelson Rodrigues), ou um Zeca Pagodinho,
escrachado, bom de samba e honesto. Mas se é pra escrachar, se estivesse vivo, o ideal mesmo para este país seria o Tim Maia, com quem não tenho nenhum parentesco. Ele é o autor de uma das frases que definem o Brasil: “Este país não pode dar certo. Aqui prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme, traficante se vicia e pobre é de direita.”
Vejam este editorial de terça-feira, e uma coluna de hoje, na Folha de São Paulo, que mostram a quantas anda a política brasileira e as perspectivas de futuro, ou a falta delas.
* “Asas de um tucano”
Oscilando entre a vulgaridade confessa e a sugestão picante, uma
copiosa literatura de entretenimento se produz na Grã-Bretanha em
torno da vida íntima da casa real.
A curiosidade e a titilação não se limitam aos atuais herdeiros do
trono –estando a rainha Elizabeth 2ª, pelo que se sabe, acima de
pecadilhos mundanos–, mas também a figuras do passado.
Um típico exemplar do gênero, de autoria de Stephen Clarke, dedicou-se
recentemente às não muito discretas escapadas daquele que seria o
futuro Edward 7º, rei da Inglaterra entre 1901 e 1910.
Submetido ao controle rigoroso de sua mãe, a rainha Vitória, o jovem
Albert Edward encontrou maneiras de entregar-se a movimentados, e não
propriamente discretos, lazeres em Paris.
A crônica histórica tende a tratá-lo, hoje, com salaciosa indulgência
–a que se pode acrescentar uma dose de diplomacia, uma pitada de
geopolítica. As sendas de uma produtiva “entente” entre França e
Inglaterra puderam abrir-se, em parte, graças à desenvoltura do membro
da realeza nos estabelecimentos alegres da cidade luz.
As relações entre Minas Gerais e o Rio de Janeiro, sem dúvida, não se
mostram tão tensas como as que marcaram França e Reino Unido ao longo
da história. No papel de governador de Minas, e de herdeiro reluzente
nas ordens do tucanato, o atual senador Aécio Neves aprimorou com
garbo, mesmo assim, os contatos interestaduais.
Foram 124 viagens suas ao Rio de Janeiro, nos sete anos e três meses
em que foi governador (2003-2010), a maioria delas entre quinta-feira
e domingo. Partissem os voos do aeroporto de Cláudio, ao menos Aécio
teria tirado aquela obra, construída com dinheiro público em terras
familiares, do triste abandono em que se encontra.
Embora feitas em avião oficial, o fato é que não se registraram
justificativas de Estado para tanta movimentação. Decreto assinado
pelo próprio Aécio Neves permitiu seu acesso a aeronaves públicas em
deslocamentos pessoais, “por questões de segurança”.
Não será fora de propósito, em todo caso, invocar o antigo mote da
mais alta condecoração britânica, a Ordem da Jarreteira: “honni soit
qui mal y pense”. Abominado seja quem pensar mal de tudo isso. Os
ingleses entendem do assunto.
– – –
Coluna do Bernardo Mello Franco:
BRASÍLIA – A pergunta ecoou em claro e bom som no plenário da Câmara: “O presidente Eduardo Cunha tem ou não tem contas secretas na Suíça?”. A tribuna era ocupada pelo deputado Chico Alencar, líder do PSOL. Sentado a poucos metros dele, Cunha virava o rosto para o outro lado, fingindo não ouvir.
“Essa é uma pergunta que interessa à cidadania, deve ser reiterada e tem que ser respondida”, insistiu Chico. O presidente da Câmara se manteve em silêncio, como se não devesse explicações aos colegas e à sociedade que lhe paga o salário, as refeições, os voos em jato da FAB e a residência oficial em Brasília.
A rigor, a pergunta já foi respondida. Em março, um deputado do PSDB indagou ao peemedebista se ele tinha contas na Suíça. “Não tenho qualquer tipo de conta em qualquer lugar que não seja a conta que está declarada no meu Imposto de Renda”, afirmou Cunha, resoluto, em depoimento à CPI da Petrobras.
A negativa caiu por terra com a confirmação de que ele é beneficiário de ao menos quatro contas bloqueadas na Suíça. Os dados já estão no Brasil, e a Procuradoria-Geral da República vai denunciá-lo de novo por corrupção e lavagem de dinheiro.
Desta vez, a tropa de Cunha não poderá repetir o discurso de que é preciso esperar o julgamento do STF. Ao negar a existência das contas, o presidente da Câmara mentiu à CPI e omitiu informações relevantes sobre seu patrimônio, o que caracteriza quebra de decoro parlamentar.
Cunha continua a confiar na covardia do governo e na cumplicidade da oposição, a quem se aliou na causa do impeachment. No entanto, aliados já admitem que a sua permanência na presidência da Câmara está se tornando insustentável.
Se a previsão se confirmar, restará ao peemedebista deixar a cadeira e lutar para não perder o mandato de deputado. O foro privilegiado é o que ainda o mantém a salvo da caneta do juiz Sergio Moro e de uma visita matutina da Polícia Federal.
Só o Duke pra explicar melhor!
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