Quando o Brasil ganhou a indicação para sede da Copa pensei: agora Belo Horizonte, finalmente terá metrô e anel rodoviário decentes, já que transporte público de qualidade é legado garantido em toda cidade que recebe competições como essa. Estádio não seria problema, já que o Mineirão precisaria apenas de uma boa reforma e adaptações específicas para receber jogos de um Mundial, nada demais.
Pois gastaram uma fortuna e construíram um novo estádio, aproveitando apenas a carcaça do antigo. Mais duas pessoas morreram esta semana em outro acidente no mesmo anel rodoviário de sempre. Metrô, nem pensar.
E o Mineirão continua dando o que falar:
Veja esta reportagem de hoje do jornal O Tempo:
* Governo estadual já pagou quase meio bilhão para a Minas Arena
Gestora pode perder milhões de repasse do governo e terá que se desdobrar para manter estádio
Thiago Nogueira
Acabou o período de experiência da Minas Arena na administração do Mineirão. Se nos três primeiros anos de operação do estádio a concessionária não apresentou resultados positivos suficientes para compartilhar receitas com o Estado, agora, ela só tem três meses para atingir um desempenho satisfatório, caso contrário, poderá sofrer descontos significativos no valor da parcela variável depositada mensalmente pelo governo mineiro.
Desde 1º de janeiro deste ano está destravado o índice financeiro de avaliação da Parceria Público-Privado (PPP). Isso quer dizer que, a partir de abril, quando fecha-se o primeiro trimestre do ano, a Minas Arena corre sério risco de perder 60% do valor da contraprestação complementar que, em agosto de 2010, estava fixado em R$ 3,7 milhões (não é possível projetar os valores neste momento por causa da incidência de juros e taxas no período).
De acordo com o contrato, o governo estadual segue depositando as contraprestações mensais, tanto da parcela fixa, que se refere à remuneração pelos investimentos da empresa na reforma do estádio, quanto da parcela variável, que é calculada em função do desempenho na operação do estádio (veja abaixo como funcionam os cálculos da PPP).
Se somados os repasses feitos pelo governo do Estado à Minas Arena desde o início da PPP (2013, 2014 e 2015), o montante chega a exatos R$ 454,7 milhões, o que representa quase 70% do valor inicial da obra.
Para que o Estado não desconte os 60% no repasse mensal da parcela variável, é preciso que a concessionária apresente uma margem operacional de R$ 6,1 milhões mensais. Essa margem é calculada após a contabilização das receitas e despesas aferidas em cada mês de operação do estádio.
“É necessário esclarecer a origem do valor informado, que representaria o cenário em que haveria compartilhamento de lucros com o Estado. Isso é algo distante da realidade atual, visto que a margem operacional mensal da concessionária tem sido negativa desde o início da concessão”, explica a Secretaria de Estado de Esportes (Seesp) por nota.
Independentemente do quadro, a concessionária reitera que não pretende devolver a gestão do Mineirão ao governo. No Rio, o consórcio do Maracanã, com déficits operacionais, estuda encerrar o contrato com o Estado.
Questionada sobre como pretende melhorar seus resultados, a Minas Arena diz ter diversos acordos comerciais em andamento para 2016. “Será um ano de novidades, planejadas para o aumento de receita. Como, por exemplo, o lançamento em breve de novos produtos para as áreas de hospitalidade”, destacou a empresa, em nota.
Penalidade
Avaliação. Ao contrário de 2014, quando teve R$ 639 mil deduzidos por penalidades em índices referentes a acessos das cadeiras, estacionamento e área técnica, em 2015, a Minas Arena não sofreu qualquer punição.
Rivais seguem com opiniões diferentes
Principal parceiro da Minas Arena, o Cruzeiro se diz satisfeito com a concessionária, diferentemente do Atlético, que prefere fazer contratos jogo a jogo, já que tem o Independência como principal casa.
No lado celeste, nem mesmo uma dívida do clube com a empresa – cerca de R$ 5,5 milhões, segundo o balancete de 2014 –, tem atrapalhado a relação. “Nosso relacionamento nunca esteve desgastado. Acertamos com a Minas Arena para vendermos as cadeiras que ficavam vazias. E aquele valor, no entendimento do jurídico, não é devido”, contesta o presidente Gilvan de Pinho Tavares.
No Galo, mesmo com a diretoria planejando fazer dez jogos no Gigante neste ano, ainda não há uma perspectiva de mudança definitiva para o Mineirão, o que seria o melhor dos cenários para a Minas Arena, que chegou a pedir um aporte financeiro ao Estado pelo fato do alvinegro não ter firmado acordo com a arena.
“A relação com o Mineirão continua a mesma. Estamos discutindo contratos pontuais. Não concordamos com muitas coisas impostas. Eu esperava que a administração fosse conjunta de Atlético e Cruzeiro”, defende o presidente atleticano, Daniel Nepomuceno.
http://www.otempo.com.br/superfc/tr%C3%AAs-meses-para-operar-no-azul-1.1222417
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