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O primeiro mundo apanha na organização da Copa América

Com a sua realização em um país de “primeiro mundo” era de se esperar uma Copa América perfeita ou quase, em termos de organização. Mas é isso que estamos vendo e sentindo na pele; muito pelo contrário. Faltam informações básicas para a imprensa e consequentemente para o público. Nem os informes e facilitações que os jornalistas têm em toda competição desse tipo estão à disposição. As retiradas da credencial oficial e do passe para estacionamento são feitas em um inacreditável e minúsculo container, que até tem ar condicionado, mas não cabe ninguém e as enormes filas formadas em seu redor pingam suor com o calor causticante da Califórnia. Dentro do container, duas gentilíssimas jovens e senhor, que fazem o que podem, mas não dão conta de atender rápido a centenas de jornalistas que chegam a cada minuto.

Este ano organização resolveu inovar na distribuição dos ingressos para a tribuna de imprensa e criou um novo canal do “Media Channel”. Ótima intenção, mas muitos companheiros não souberam acessar o sistema e dá-lhe problema. Onde resolver? Acredite: no tal container. Coitadas das moças, com mais serviço; coitados dos jornalistas, voluntários e funcionários que também têm de recorrer ao mesmo local para resolver as suas pendências. Para complicar os computadores com as suas câmeras e impressoras trabalham no ritmo de “lenha verde e molhada”. Volta e meia travam! Ufa! E estamos nos Estados Unidos da América! Mas, por incrível que pareça não está rolando stress. Os jornalistas andam pacientes. Até mesmo os mais esquentadinhos, que se acham estrelas estão diferentes aqui. Talvez por medo de perder o emprego, em função dessa crise que afeta também a mídia, talvez por saber que nos Estados Unidos, apelar é pior ou talvez até mesmo porque os funcionários e voluntários do comitê organizador são tão gentis que o sujeito fica constrangido de ser grosso.

DENTRODOCONTAINER

Dentro do container

Tudo verdade
Na realidade o mais certo é que todos esses “talvez” são verdadeiros. Não me lembro de uma disputa dessas envolvendo a seleção brasileira que tenha tão poucos jornalistas e veículos de comunicação cobrindo. De Minas, apenas eu, dos jornais O Tempo e Super Notícia, e mais um colega de outro veículo. Também faço boletins diários para a Rádio Alvorada FM. A Rádio Gaúcha enviou o repórter Sérgio Boaz e faz as transmissões dos estúdios mesmo, no famoso “off-tube”. A Rede Globo que manda em torno de, no mínimo, 100 profissionais para toda Copa América, nessa mandou 12. Os veículos do Nordeste, sempre bem representados, ninguém dessa vez.

POUCAGENTE

Poucos jornalistas cobrindo o jogo da seleção

Latinos e as meninas
Conforme o previsto a maioria absoluta do público pagante nos estádios é latina. Poucos norte-americanos, que continuam arraigados maciçamente nas modalidades que mais gostam: o futebol deles, beisebol e basquete. Por incrível que pareça o futebol feminino aqui tem mais força que o masculino já que envolve as escolas, as universidades e é tratado como fator de saúde pública. No Brasil nossas autoridades políticas e esportivas nem sonham o que é isso. Tratam o assunto como se fosse apenas uma atividade de lazer. É triste, mas não existe política de incentivo ao esporte em nosso país.


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Comentários:
2
  • Antonio disse:

    E sobre o jogo de domingo no Horto? Não tem comentários nem opiniões?

  • Alisson Sol disse:

    Chico: é fácil entender porque o futebol feminino tem mais força que o masculino nos EUA. Isto vem de uma lei da era do Nixon, chamada “Title IX”. Basicamente, proíbe a discriminação baseada em sexo em qualquer programa de educação com dinheiro federal americano. Para se dar uma bolsa na Universidade para um atleta, a Universidade vai ter de dar uma também para uma atleta. Há uma excelente matéria do NY Times há alguns anos explicando o impacto disto, com meninas de 15 anos já tendo recebido bolsa integral de Universidades desde que se comprometam a jogar futebol (link). Fala-se muito sobre a pressão nestas “crianças”, mas não é nada perto do que deve sofrer um jogador infantil promissor no Brasil.

    Já os meninos americanos gostam mesmo é de beisebol. Lembre-se: até Michael Jordan parou de jogar basquete, e tentou jogar beisebol. O quarterback to Seattle Seahawks, depois de vencer um Super Bowl, ainda fez os testes de um time de beisebol. Seria o mesmo que o Pelé, depois de 1,000 gols, tentar fazer um teste em um time de vôlei. Beisebol deve ser muito emocionante para o jogador, para compensar a dificuldade que é assistir…