Durante a Copa América escrevi que chegada a hora de voltar ao Brasil, havia uma lamentável sensação de “volta ao inferno”. Claro é péssimo escrever isso, mas é a realidade. Alguns leitores, sempre bem vindos, me chamaram de exagerado.
Agora a pouco o nosso editor Denner, do jornal O Tempo, me comunicou que a minha credencial da Olimpíada do Rio chegou. Justamente no momento em que eu via, pela TV, essa frase numa faixa de protestos dos policiais e bombeiros, no Aeroporto Internacional do Galeão:
“Welcome to hell” (Bem-vindo ao inferno).
É claro que essa imagem está passando no mundo inteiro, seguida da notícia:
* “Policiais e bombeiros fazem manifestação dentro do Galeão”
Um grupo de bombeiros e policiais civis e militares fazem um protesto na manhã desta segunda-feira dentro do terminal 2, na área de desembarque do Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim (Galeão), na Ilha do Governador. Com salários atrasados, os servidores reclamam das péssimas condições de trabalho. Os cerca de 30 manifestantes saíram por volta de 8h da Praia de São Bento, na Ilha do Governador, e caminharam até o aeroporto, carregando duas faixas. Uma delas, em inglês, trazia a mensagem: “Welcome to hell” (Bem-vindo ao inferno).
Um dos organizadores, que preferiu não se identificar, disse que o objetivo do movimento é dar visibilidade internacional ao que está acontecendo no Rio, às vésperas da Olimpíada.
— É um movimento independente, sem ligação com nenhum sindicato. Estamos indignados com as péssimas condições de trabalho: escala de serviço massacrante, armamentos obsoletos, coletes (à prova de balas) vencidos, pistola que não funciona, viaturas sem gasolina, salário atrasado, falta de limpeza — criticou.
CRISE NA SEGURANÇA PÚBLICA
Devido à crise na segurança pública, os próprios agentes trabalham para garantir o policiamento no estado. Mesmo com os salários atrasados, policiais civis afirmam que arcam com as despesas de manutenção de veículos, material de escritório e até reparos de infiltrações nas delegacias.
Além do combustível escasso para abastecer os carros, um terço dos automóveis de todas as delegacias está parado. A ordem foi mais uma medida de economia.
Na semana decisiva para o Rio receber a ajuda federal de R$ 2,9 bilhões, o governador em exercício Francisco Dornelles faz o alerta: a segurança do estado está sob ameaça. Ele afirma que a frota da polícia pode parar porque não há dinheiro para a gasolina. “Só aguentaremos até o fim desta semana”, diz ele.
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